Sorridente. Humilde. Nostálgica. Assim se apresentou este domingo em Ganfei, Valença, a popular jornalista televisiva Fátima Campos Ferreira, que foi agraciada com a Medalha de Mérito do Município de Valença.
Falou aos jornalistas. Vários deles ainda no ensino primário quando este conhecido rosto era já pivot do Jornal da Tarde, da RTP.
Viveu a infância e parte da adolescência em Valença. Regressou este domingo para receber aquilo a que chamou de “medalha de memórias”.
“Receber esta medalha é uma viagem dentro de mim própria. Uma viagem à minha infância e à minha existência com os meus pais. A uma atmosfera que já não é propriamente a mesma”, disse a jornalista num mergulho temporal.
“Valença nesse tempo era uma terra pequena. Mas foi sempre uma terra comercial. Havia já muita ligação à Galiza. Já existia muito essa cumplicidade entre os dois lados do rio Minho e eu sentia-a porque o meu pai trabalhou na Alfândega. As amizades dele dividiam-se com os colegas do outro lado”.
“Foi aqui que me fiz gente”
Ainda na adolescência, Fátima Campos Ferreira foi para o Porto estudar. Mas levou sempre as memórias de Valença.
“Foi aqui que me fiz gente. Mas foi no Porto que começei Valença a desenvolver-se e a crescer muito. Nem sempre bem. Por vezes cresceu um pouco caoticamente”, considerou. “Mas sempre preservando a muralha, que é a essência e que a caracteriza”.
Chegou à televisão. Da memória nunca desapareceram as trapicheiras. Nem todo aquele ambiente que se vivia nas ruas de Valença.
“A atmosfera de Valença é a rua. É essa Valença que tenho na memória. Não tanto a Eurocidade que hoje existe de forma insitucional”, frisou a jornalista.
Valença celebrou São Teotónio este domingo
[Fotografia: Rádio Vale do Minho]
No entanto, Fátima Campos Ferreira realçou que a sociedade fervilhante da sua infância era já “um vislumbre” daquilo que Valença é hoje.
“Havia já nessa altura uma cumplicidade cultural muito forte. Espanha atravessava uma ditadura e Portugal também. Mas prenunciava-se já o que viria a ser”, prosseguiu.
Dos espigueiros aos chafarizes, onde viu “tanta gente a encher cântaros de água”, nada desapareceu da memória da jornalista.
“Hoje vejo Valença e Tui como a mesma região. O meu pai viu sempre assim e eu também vejo assim. Há uma continuidade geográfica que é também uma continuidade cultural. Assim é na minha memória… assim quero morrer com Valença no coração”, concluiu.
Fátima Campos Ferreira nasceu em 1958. Depois da infância e adolescência passadas em Valença, licenciou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e, anos mais tarde, em Jornalismo, na Escola Superior de Jornalismo do Porto.
Estreou-se na RTP ainda em meados da década de 80 e, entre 1988 e 1994, foi um dos principais rostos do Jornal da Tarde da RTP. Soma já mais de 30 anos de carreira é hoje uma das jornalistas mais conhecidas e reconhecidas de Portugal.
É UMA SENHORA VALE MUITO MAIS.