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Desporto

Euro 2016: Lágrimas do Alto Minho ‘benzeram’ noite histórica da seleção

10 Julho, 2016 - 23:54

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Andamos a ‘fabricar’ noites destas desde 1128.

Primeiro as lágrimas de Ronaldo. No Rio Park, em Monção, a consternação foi geral. Ninguém as vertia pelo rosto, mas cada coração e cada uma da milhares de almas portuguesas que ali se encontravam mostrava claramente lágrimas solidárias com o melhor jogador do mundo que se via obrigado a sair de campo. “E agora? E agora?”. A interrogação transparecia no rosto de cada adepto, fosse qual fosse a idade.
Portugal, já sem o camisola 7, começou a segurar-se. A França ameaçava. Os mais pessimistas anteviam um golo gaulês a todo o momento, mas nunca aconteceu. E isso nunca ocorreu porque Rui Patrício escreveu nesta final uma autêntica ode à arte de bem-defender. Segurou tantos remates… tantos! E fez a defesa da noite. Impossível não levar o troféu de melhor guarda-redes do Campeonato Europeu de Futebol. Só pode ser ele. Esteve magistral. Sem Ronaldo, a frente da batalha tremeu. Precisou de uns bons minutos para voltar a ganhar confiança. Mas Rui Patrício foi uma enorme parede para os franceses. A derradeira torre de um castelo lusitano que nenhum deles conseguiu ultrapassar.
O Alto Minho sofria. A segunda parte começava com nulo no marcador. Quaresma estava em marcação cerrada e o adversário não tiravas os olhos do camisola 20 lusitano. Roíam-se unhas no Rio Park. Suspirava-se. O tempo passava e antevia-se já o prolongamento. Houve até quem apontasse já um cair do pano com grandes penalidades. “Sem o Ronaldo, perdemos nos penaltis. Não há hipótese”, ouvia-se em surdina nas alas do espaço comercial.
“Ainda vamos ganhar isto”, disse alguém no meio da multidão. Proféticas palavras surgidas poucos minutos antes da entrada de Éder. “O quê? O Fernando Santos tira o Renato e mete o Éder?”, disse alguém por ali. O árbitro apitou para o final do tempo regulamentar. Mais nervoso miudinho.
Mas num ‘de repente’, todos os descontentamentos desapareceram como que por magia aos 109 minutos. O mesmo Éder, contestado aqui e ali, atirava para o fundo das redes. Um país inteiro explodiu de alegria. Era golo! Era mesmo golo de Portugal!
Daí ao apito final foi o novo sofrimento que já se sabe. Mas mal o árbitro apitou, aí sim. O Alto Minho verteu lágrimas… mas lágrimas de alegria. Portugal sagrou-se pela primeira vez Campeão Europeu de Futebol em toda a sua história. O “rei dos empates” (como nos chamaram), a equipa “nojenta” (como nos rotularam e vieram depois pedir desculpas), o Portugal que nunca convenceu o treinador da Alemanha acabava simplesmente de sagrar-se Rei da Europa. E isso valeu todas as lágrimas de alegria. Lágrimas que, caindo de cima para baixo, começaram certamente em todo o Alto Minho. Em Monção… Melgaço… Valença… Paredes de Coura… e nos restantes concelhos que ainda por esta hora vivem um sonho.
É no Alto Minho que as lágrimas começam. Sejam elas de alegria ou de tristeza.
E é no Alto Minho que se grita mais alto Portugal. Que gozo deu à nossa equipa de reportagem andar pelas ruas fora e ouvir adeptos a gritar-nos de emoção: «Portugal, c*ralh*!». Esta é uma noite onde o palavrão deixa de o ser. Transforma-se num grito furioso de vitória. Num orgulho em ser português.
Assim acontece, desde 24 de junho de 1128.

[Fotografia: Direitos Reservados]

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