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Viana do Castelo

ENVC: Peça de teatro protagonizada por 16 trabalhadores pode percorrer o país

28 Julho, 2012 - 09:13

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Os promotores da peça de teatro que envolve, como atores amadores, 16 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), anunciaram a possibilidade de levar esta representação ao resto do país.

Os promotores da peça de teatro que envolve, como atores amadores, 16 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), anunciaram a possibilidade de levar esta representação ao resto do país.

A intenção, anunciada hoje à agência Lusa por Melchior Moreira, presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, promotora do Festival do Norte, que integra esta peça, visa dar continuidade ao “sucesso e impacto” que “Estaleiros” já alcançou.

“Temos que dar a possibilidade ao país de assistir a uma peça com um conjunto de pessoas que nunca estiveram no teatro e que encarnaram desta forma a sua atividade profissional em cena”, explicou Melchior Moreira.

O objetivo passa por garantir representações da peça “Estaleiros”, além das três inicialmente previstas, entre 27 e 29 de julho, em Viana do Castelo, em vários pontos do país, nomeadamente em Lisboa.

“Estamos já a tratar disso com a direção artística. Não há palavras para descrever aquilo a que assistimos hoje, como a paixão, a referência que são os estaleiros. Isto é também uma forma diferente de promover um destino turístico”, sublinhou Melchior Moreira.

Na estreia, esta sexta-feira à noite, chegaram a comparecer perto de um milhar de pessoas, mais de três vezes a lotação do espaço, que era de 300 lugares sentados.

“É uma verdadeira festa. A dada altura começamos a perceber que podia acontecer uma coisa destas, ainda pedimos mais bancadas mas já era tarde”, admitiu à agência Lusa o encenador da peça, Marco Martins.

Centenas de pessoas assistiram de pé à peça, apresentado ao ar livre, junto à doca e com os estaleiros de fundo, mas muitas outras subiram às muralhas do Castelo de Santiago da Barra em busca de um espaço para assistir.

“Foi uma moldura humana fantástica, com as pessoas curiosas até ao final do espetáculo, atentas ao que era transmitido, de uma forma apaixonada, por estes atores, sobre um ícone de Viana do Castelo, mas também do Norte e de Portugal”, apontou, no final, Melchior Moreira.

Segundo o encenador e autor Marco Martins, ao longo de uma hora e meia, “cada pequena história” destes 16 trabalhadores forma “a grande história coletiva” dos estaleiros, revelando mesmo aspetos “menos conhecidos” da empresa que dá nome à peça.

Além dos 16 trabalhadores, este trabalho envolve ainda as Cantadeiras do Vale do Neiva e o Rancho Folclórico de Vila Franca do Lima, como elementos representativos da cultura regional, num total superior a 100 pessoas à volta da produção, a maioria amadores.

O espetáculo chegou a emocionar atores e público, nomeadamente na evocação dos “camaradas” que morreram em acidentes de trabalho ao longo da história da empresa.

Mortes às quais estes 16 trabalhadores desde sempre assistiram de perto.

Além disso, todos os trabalhadores, como soldadores, eletricistas, torneiros mecânicos e mesmo administrativas e cozinheiras, recordaram, em vários momentos, o primeiro dia na empresa.

A grande maioria teria, na altura, entre 14 e 16 anos, ou seja há mais de trinta anos.

Ao longo da peça, alguns trabalhadores chegam até a cantar, como o fazem, por exemplo, a cada partida de um novo navio.

Momentos alternados com a emoção de exprimirem o sentimento de “revolta” com a indefinição e falta de trabalho que a empresa enfrenta há mais de um ano.

“Quando comecei a trabalhar, tinha 14 anos, um senhor veio ter comigo e disse-me que estava a entrar numa grande empresa e que a minha carreira seria feita ali. Essa pessoa era o meu pai”, recordou um trabalhador.

Enquanto isso, ainda durante a representação, outros murmuravam: “Vamos ver no que isto vai dar. Mas não vai dar nada de bom”.

Os ENVC estão em processo de reprivatização e empregam atualmente 630 trabalhadores.

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