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Alto Minho

ENVC: Indemnização sobre ferryboat “Atlântida” não devia ter acontecido – ex-presidente

17 Maio, 2012 - 08:18

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O ex-presidente do Conselho de Administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) Carlos Veiga Anjos defende que a empresa não devia ter acordado o pagamento de uma indemnização aos Açores, sobre o ferryboat “Atlântida”.

O ex-presidente do Conselho de Administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) Carlos Veiga Anjos defende que a empresa não devia ter acordado o pagamento de uma indemnização aos Açores, sobre o ferryboat “Atlântida”.

A posição do ex-administrador, que renunciou ao cargo a 24 de junho de 2011 após a tentativa falhada de implementar a reestruturação da empresa, foi admitida em entrevista ao Porto Canal, a emitir hoje à noite, a partir das 22:00.

“Comigo no estaleiro não havia devolução de dinheiro nenhum ao governo dos Açores. Íamos para o tribunal e daqui a quatro, cinco, seis anos decidiriam. Agora eu nunca devolveria dinheiro nenhum sem ser por ordem de um tribunal”, garante Veiga Anjos, nesta entrevista.

O antigo administrador da Hidroelétrica de Cahora Bassa, Moçambique, foi eleito em 2010 presidente do Conselho de Administração dos ENVC, mas saiu em rutura um ano depois, após ver gorada a aplicação do plano de reestruturação, que garante ter discutido com o autarca de Viana do Castelo “ao longo de dez meses”.

“Os trabalhadores viraram-me as costas e o senhor presidente fez mais que me virar as costas. O senhor presidente apunhalou-me pelas costas”, afirma Veiga Anjos, na mesma entrevista, na qual volta a culpar o autarca José Maria Costa pelo falhanço na aplicação de um plano que previa a saída de 340 dos 720 trabalhadores dos estaleiros.

“O senhor presidente da Câmara, ao tomar esta atitude [reunir com os trabalhadores e não receber a administração], não permitiu o diálogo que teria que haver na empresa”, reforçou Veiga Anjos.

Quanto ao “Atlântida”, que foi encomendado pela empresa pública dos Açores aos ENVC e rejeitado em 2009 por uma diferença mínima na velocidade do navio, o processo culminou já no final desse mesmo ano com um acordo judicial entre as duas empresas públicas.

Na altura, o executivo açoriano já tinha pago 37,3 milhões de euros e o acordo previa o pagamento de 40 milhões de euros, divididos por várias prestações.

A última prestação que deveria ter sido paga em 2011, no valor de três milhões de euros, não foi liquidada, pelo que, nos termos do acordo entre as duas partes, vencem imediatamente todas as restantes. Neste caso mais uma, de quatro milhões de euros.
No relatório e contas de 2011 dos ENVC, a que a Lusa teve acesso, a administração, liderada por Jorge Camões desde agosto, assume que “por manifesta incapacidade financeira da empresa, não foi possível dar continuidade ao seu cumprimento [do acordo]”.

Em contrapartida, segundo o acordo, os ENVC passaram a ser proprietários do “Atlântida” e dos blocos de aço que já estavam construídos para o “Anticiclone”, o segundo ferryboat da mesma encomenda.

Só no “Atlântida” e desde 2009, os ENVC já gastaram nove milhões de euros em manutenção, seguros e encargos financeiros.
O navio, com capacidade para transportar 750 passageiros e 150 viaturas, foi encomendado por cerca de 50 milhões de euros.

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