PUBLICIDADE
3
AVANÇAR

Menu

+

0

0

Alto Minho

ENVC: Empresa chega aos 68 anos a olhar China, Rússia e Brasil como possível salvação

4 Junho, 2012 - 08:27

193

0

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) assinalam esta segunda-feira 68 anos de existência, mês em que será conhecido o caderno de encargos de uma reprivatização que interessa a chineses, russos e, agora, a brasileiros.

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) assinalam esta segunda-feira 68 anos de existência, mês em que será conhecido o caderno de encargos de uma reprivatização que interessa a chineses, russos e, agora, a brasileiros.

Segundo explicou hoje à Agência Lusa fonte ligada ao processo, o caderno de encargos da reprivatização dos estaleiros deverá estar concluído, e lançado publicamente, “até final do mês de junho”, estando a ser ultimado por uma assessoria financeira, que definirá as bases do negócio.

“Depois, haverá um prazo para os eventuais interessados se pronunciarem, confirmando ou não o interesse que foram já manifestando ao longo do processo”, explicou a fonte.

Nos últimos dias, além do interesse manifestado por investidores da Rússia e da China, surgiram também brasileiros interessados no negócio, na sequência da recente visita do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, àquele país.

Fundada a 04 de junho 1944, no âmbito do programa do Governo para a modernização da frota de pesca do largo, a empresa começou na forma de uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada, com o capital social de 750 contos.

Esta data vai, no entanto, passar à margem da rotina dos trabalhadores da empresa, hoje mais preocupados com o novo atraso no início da construção dos asfalteiros para a Venezuela, negócio de 128 milhões de euros, e que deverá provocar mais três sem trabalho nos estaleiros.

“É um aniversário em grande tristeza, sem sabermos o que pode ser o futuro, mas ainda com confiança no que aí vem”, comentou à Lusa o porta-voz da Comissão de Trabalhadores da empresa, António Barbosa.

Para trás ficam 68 anos de história e mais de 200 navios construídos numa empresa liderada inicialmente por um grupo de técnicos e operários especializados oriundos dos Estaleiros Navais do Porto de Lisboa, encabeçados por Américo Rodrigues, mestre geral, além dos sócios capitalistas Vasco D’Orey e o vianense João Alves Cerqueira, da Empresa de Pesca de Viana.

“Com contratos firmados para a construção de três navios de arrasto lateral para a pesca do bacalhau, os Estaleiros de Viana começaram a afirmar-se no terreno”, recordou à Lusa Gonçalo Fagundes, antigo trabalhador e autor de vários trabalhos sobre a história da empresa.

Aquando da constituição dos estaleiros, eram já mais de 800 trabalhadores, número que ainda há menos de 20 anos se cifrava nos 1.800.

Hoje empregam cerca de 630 trabalhadores e 300 saíram nos últimos cinco anos.

Em 1955, já sob a gestão do empresário Jacques Lacerda, face às “dificuldades de exploração” e quando “corria o risco de encerrar”, os ENVC, grande coração económico da região, aceitaram o desafio de gerir a Pousada de Santa Luzia, a principal unidade hoteleira da altura.

“Os ENVC viviam uma certa euforia de sucesso, com toda a sua pujança. Sentiram que tinham obrigações para com a cidade e que o deviam demonstrar na prática e assim o fizeram até 1974”, recorda Gonçalo Fagundes.

Em 1971, o Grupo CUF, então proprietário também dos Estaleiros da Lisnave, assumiu uma posição maioritária no capital da empresa de Viana e avançou com um processo de desenvolvimento da empresa que não chegou a ser concluído, fruto da revolução de 1974.

A 01 de setembro de 1975 é decretada a nacionalização dos ENVC, “no sentido de evitar a sua falência”, mas seis anos depois os seus prejuízos acumulados totalizavam, aproximadamente, 1,3 milhões de contos, apesar de sucessivos aumentos de capital.

Já como empresa pública, durante a década de oitenta, a empresa consegue apresentar os melhores resultados de sempre, fruto da encomenda de 31 navios de carga construídos para a então URSS.

Este negócio acabou em 1993 e a partir dessa altura agudizaram-se os resultados da empresa, em que o passivo acumulado ultrapassa já os 260 milhões de euros, sendo este um dos aspetos mais delicados do processo de reprivatização da empresa.

Últimas