O vereador do CDS-PP na Câmara de Viana do Castelo propôs hoje um referendo municipal sobre a realização de touradas no concelho, face à “cisão” que afirma ter sido “provocada” pela autarquia socialista na sociedade local.
“Perante a cisão a que temos assistido, provocada pela decisão tomada pela maioria socialista, em 2009, decretando o município antitouradas, entendemos que a população deve ser chamada, finalmente, a pronunciar-se”, explicou à agência Lusa Aristides Sousa.
O vereador da oposição admite que o momento que o país atravessa “não é o ideal” para “andar a desperdiçar dinheiro”, mas neste caso “fala mais alto” o “negar de uma tradição com atitudes unilaterais”.
“Além disso, se o presidente da Câmara está tão certo de cumprir a vontade da maioria dos vianenses, não tem nada a recear com esse referendo”, apontou ainda Aristides Sousa.
Tal como em 2009, reitera ainda que “assiste aos aficionados de Viana do Castelo o direito a ter na sua terra expressão da cultura e das tradições” e “investir contra esta realidade é tão violento quanto absurdo”.
Recorde-se que a federação “Prótoiro” prevê iniciar hoje a instalação, em Viana do Castelo, da arena amovível com capacidade para 3.300 pessoas para a realização de uma corrida de touros, apesar do recurso apresentado pelo município em tribunal.
Entretanto, a Câmara de Viana do Castelo já deduziu oposição à decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) que autoriza a instalação da arena, alegando violação do Plano Diretor Municipal (PDM).
O presidente da autarquia, José Maria Costa, afirma estar “seguro que não haverá tourada” em Viana do Castelo, apesar da suspensão do indeferimento da autarquia à instalação da arena, pelo TAFB.
Segundo a oposição deduzida pelo município com regime de urgência, a instalação do recinto no local previsto, uma zona de emparcelamento agrícola junto à costa, configura um “desrespeito pelo ambiente e pelo ordenamento do território” e por isso foi indeferido a 02 de agosto.
Os terrenos em causa, na freguesia de Areosa, cidade de Viana do Castelo, estão classificados como Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN) e como tal não podem receber qualquer instalação do género, à luz do PDM, aprovado em 2008.
“É extraordinário que o único argumento invocado pelo presidente da Câmara que defende a cidade antitouradas sejam as questões ambientais. É a prova de que está ciente da ilegalidade que comete desde 2009”, apontou, por seu turno, Diogo Costa Monteiro, presidente da comissão executiva da “Prótoiro”, que organiza o evento.
Adiantou que a decisão do tribunal, de permitir a instalação da arena – o evento em si já está licenciado pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais e Sociedade Portuguesa de Autores -, foi tomada “já com conhecimento” dos motivos invocados pelo município para o primeiro indeferimento.
Além das questões legais, José Maria Costa mantém a declaração, aprovada em fevereiro de 2009 pelo executivo municipal, apenas com os votos favoráveis do PS, assumindo a cidade “antitouradas”, em defesa dos direitos dos animais.
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