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O PSD fez soar esta sexta-feira o alerta vermelho na Câmara Municipal de Caminha. Nas redes sociais, a oposição social-democrata anunciou a necessidade que a autarquia de maioria socialista tem de recorrer a um empréstimo para saneamento financeiro.
Um cenário que para a direita é de tal forma grave que só encontra paralelo nos tempos da austeridade imposta pela troika aos portugueses. “Ao longo dos anos [Miguel Alves] errou em orçamentos, fez investimentos ruinosos, deu dinheiro dos caminhenses para instituições de fora como a Fundação de Serralves, sem qualquer benefício plausível, e até perdoou 45 mil euros à empresa que está a fazer a eletrificação da linha do Minho, quando a mesma irá receber esse valor do Estado, conforme o caderno de encargos da obra”, denunciam.
PSD: “Em seis anos de gestão socialista, Miguel Alves faliu completamente o Município.”
Para o PSD, Caminha está atualmente num estado “caótico”. Em seis anos de gestão socialista, “Miguel Alves faliu completamente o Município”, lamenta a direita. “Em março de 2019, na prestação de contas aos vereadores e deputados Municipais não prestou a informação de que tinha ultrapassado o limite da dívida total do Município em 650 mil euros”.
Escreve ainda o PSD, que “em 29 de julho de 2019 prepara-se para levar a Reunião de Câmara um pedido de saneamento financeiro por via da obrigatoriedade da lei em aderir a um procedimento de recuperação financeira municipal. Nunca antes aconteceu no Município de Caminha, em nenhum dos executivos desde 1974!”, exclama a vereação.
“Chega de culpar o passado e o dr. Miguel Alves tem que assumir de vez a sua incapacidade e falta de preparação para gerir um Município que tinha em setembro de 2013 cerca de dois milhões de euros em contas a prazo e passados 6 anos, em 2019, tem mais de 13 milhões de dívidas a fornecedores, algo inédito no Município de Caminha”, atiram os vereadores.
PS quer “exorcizar o diabo que tomou conta da Câmara até 2013”
Na resposta ao PSD, Miguel Alves mostrou-se implacável. Puxou do histórico e mostrou à Rádio Vale do Minho os tempos em que Júlia Paula (PSD) estava à frente da Câmara Municipal de Caminha. “A troika em Caminha tem três letras: PSD!”, disparou de imediato. “Enquanto esteve à frente da Câmara, entre 2001 e 2013, tivemos dificuldades financeiras criadas e total insensibilidade social. Impostos no máximo e dívida acumulada”, referiu o autarca socialista.
“Só para terem uma ideia, nos anos em que o PSD esteve à frente da Câmara de Caminha, juntaram-se processos judiciais – que estamos a pagar – e que ao longo dos últimos anos têm custado mais de um milhão de euros ao Município”. Mas o presidente da Câmara mostrou mais números. “Deixaram-nos faturas de água de anos que tiveram de ser compensadas com o PAEL [Programa de Apoio à Economia Local]. Estamos a falar de 2,3 milhões de euros e que começamos nós a pagar a partir de 2013 com o dinheiro que é das pessoas e que seria para investir na nossa economia”, exclamou.
Mais números. “Só em empréstimos de curto prazo para resolver problemas de tesouraria, os últimos cinco anos de mandato do PSD registaram 11 milhões de euros de empréstimos contraídos que foram metidos sabe-se lá onde e que agora estamos a pagar”. Virou para as Piscinas de Vila Praia de Âncora que, para Miguel Alves, foram “construídas por uma birra absoluta do anterior Executivo PSD”. “Se não resolvermos esse assunto, vão custar 19 milhões de euros até 2033!”, apontou Miguel Alves à Rádio Vale do Minho.
Empréstimo de 5,2 milhões
Contas feitas, o presidente da Câmara passou às explicações. “O que estamos nós a fazer? Ao longo de todo este tempo temos vindo a baixar a despesa da Câmara. Só para dar uma ideia, em cinco anos de gestão PS, gastamos menos 8 milhões e 800 mil euros do que nos cinco anos anteriores de gestão PSD”, comparou Miguel Alves.
“Desde que chegamos à Câmara, em média, o Município de Caminha está a gastar menos 1,7 milhões de euros do que em média se gastava por ano no tempo do PSD. Mas isto não nos basta!”, sublinhou. “Temos de exorcizar o diabo que tomou conta da Câmara até 2013! E para exorcizar esse diabo vamos pedir um plano de saneamento financeiro, que não é mais do que um plano para redução da dívida que está já a acontecer e a ser aplicado”.
Este é também um plano, prosseguiu Miguel Alves, “para incremento de receita. Isto para contrairmos um empréstimo”. Para que serve? “Para pagarmos dívidas a fornecedores e, essencialmente, para pagar também as Piscinas de Vila Praia de Âncora. Será um empréstimo de 5,2 milhões de euros no máximo para podermos resgatar aquele imóvel e conseguirmos torná-lo propriedade do Município de Caminha”.
Tudo isto, em síntese, “para que as contas da Câmara possam continuar equilibradas e para que possamos continuar a fazer o nosso trabalho”. “As dificuldades vão continuar, mas existe uma estratégia para que possa haver uma vida normal, colocar as contas em dia, apoiar as associações, as freguesias, as famílias e fazer investimentos”, assegurou. “Estamos apenas a encerrar o ciclo da troika que esteve na Câmara até 2013 que, com total insensibilidade, deu cabo das contas e hipotecou parte do futuro do Município de Caminha”.
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