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Monção

Barbosa/Incêndios: “Volvido um ano, pouco mudou relativamente há um ano atrás”

15 Outubro, 2018 - 06:07

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“Volvido um ano, pouco mudou relativamente há um ano atrás”. O lamento foi deixado aos microfones da Rádio Vale do Minho pelo presidente da Câmara de Monção, António Barbosa, quando […]

“Volvido um ano, pouco mudou relativamente há um ano atrás”. O lamento foi deixado aos microfones da Rádio Vale do Minho pelo presidente da Câmara de Monção, António Barbosa, quando passa precisamente um ano sobre o fatídico dia 15 de outubro de 2017. Uma data negra na história do país em que vários concelhos arderam de norte a sul. Só em Monção  registou-se uma área ardida de 4.300 hectares, tendo sido atingidas 20 das 33 freguesias (antiga denominação administrativa). “Só há pouco mais de um mês tivemos notícias relativamente a apoios às primeiras habitações. Tivemos conhecimento de um caso em Merufe em que a vítima avançou com a reabilitação da casa, mesmo sem ter os apoios, e recebeu recentemente esse dinheiro – perto de 40 mil euros – na sua conta bancária”, contou António Barbosa.

Este é, para já, o único caso visível em que a ajuda chegou. Quanto ao resto, pouco ou nada se avançou. Além de animais mortos e alfaias agrícolas destruídas, contabilizaram-se no total 5 casas de primeira habitação ardidas mais um anexo com recheio de habitação28 edifícios devolutos, 51 anexos de apoio à agricultura e algumas empresas dedicadas à transformação de madeira e de pedra. Foram afetados 15 postos de trabalho. “Todos os dias, histórias destas multiplicam-se um pouco por todo o país. Ainda há pessoas a viver noutras habitações porque ainda não resolveram os problemas das suas primeiras habitações”, continuou. “Felizmente, em Monção não houve ninguém que tivesse ficado desalojado. No nosso concelho ardeu muita área agrícola. Uma grande fatia das pessoas ficou sem conseguir reaver prejuízos que teve”.

 

António Barbosa: “Ardeu muita área agrícola. Uma grande fatia das pessoas ficou sem conseguir reaver prejuízos que teve.”

 

O processo move-se, assim, a duas velocidades: devagar e devagarinho. Ainda que preocupado, o autarca social-democrata admite que não é fácil encontrar um culpado. “É evidente que seria fácil atirar culpas a quem não financia e a quem não encontra soluções”. No entanto, para António Barbosa, a maior culpa vai para “largas dezenas de anos de desordenamento do território”. “Passado um ano, e a nível nacional, já deveríamos estar com outro tipo de estruturas. Com outro tipo de ordenamento e planeamento feito. Apareceram aquelas medidas de obrigação de limpezas, mas continuamos sem ter um planeamento efetivo do território no sentido de garantir que daqui a 10 ou 15 anos não volte a acontecer uma tragédia semelhante”, sublinhou o edil monçanense.

À data dos acontecimentos, recorde-se, António Barbosa ainda não tinha tomado posse como presidente de Câmara. “Foi um dia mesmo muito complicado! Percorri todas as freguesias incluindo a minha, que é Barbeita”. Uma entra as mais afetadas pelo fogo. “Senti o desespero das pessoas… e só não foi um dia mais trágico porque o trabalho dos Bombeiros e da GNR foi extraordinário!”, enalteceu o presidente da Câmara. E no meio de tanta dor, lembra António Barbosa, “foi uma sorte tudo isto ter acontecido a um domingo. Uma grande maioria da população estava em casa e pôde ajudar no combate às chamas”.

 

António Barbosa:  “Apareceram aquelas medidas de obrigação de limpezas, mas continuamos sem ter um planeamento efetivo do território.”

 

Passou um ano. Os fogos estão apagados há muito, mas a dor e as recordações estão longe de ficar extintas. “É bom que a cicatriz exista. Lembra-nos que quando não limpamos e quando não garantimos que o que é nosso esteja em condições, estamos a colocar em risco a vida de outros”, sublinha António Barbosa. “É bom que as pessoas continuem a lembrar-se. Não pela parte má, mas no sentido de perceberem aquilo que não deve voltar a repetir-se”, frisa o presidente da Câmara. “Se todos cumprirmos a nossa parte, os riscos serão muito menores”.

 

[Fotografia: Márcio Ferreira]

 

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