PUBLICIDADE
3
AVANÇAR

Menu

+

0

0

Caminha

Ator amador desde os nove anos ‘reforma-se’ aos 83

10 Abril, 2013 - 11:21

184

0

Foi carpinteiro, eletricista e pedreiro, andou a projetar cinema pelas aldeias e até vendou chouriços, mas é o teatro que há 75 anos dá alegria a Alberto mesmo que “por vezes” até se esqueça do texto em palco.

Foi carpinteiro, eletricista e pedreiro, andou a projetar cinema pelas aldeias e até vendou chouriços, mas é o teatro que há 75 anos dá alegria a Alberto mesmo que “por vezes” até se esqueça do texto em palco.

“Se me esqueço, invento um bocado. Tenho o dom do improviso, mas dou sempre a deixa do texto aos colegas. Eles já sabem como é”, conta Alberto Rocha, em entrevista à agência Lusa.

Hoje com 83 anos, este ator amador de Seixas, em Caminha, estreou-se nos palcos ainda não tinha nove anos, em plena escola primária.

“Depois de sair da escola acabei por fazer um pouco de tudo, só não gostava nada era de pintar. Mas o teatro foi sempre a minha alegria”, recorda.

Tal como nas várias profissões que teve ao longo da vida, também em cena já fez de tudo. Da comédia aos dramas e ao teatro de revista, desempenhando papéis de juízes ou meninos de escola.

“Sempre gostei de estar no palco e de falar para as pessoas. Dá-me satisfação saber que as pessoas se divertem com o que estamos a fazer aqui no palco”, assume.

Em décadas de ator amador garante que nunca ganhou um cêntimo com o teatro, mas deu sempre o “melhor”. Como o fez na última peça que representou, ao serviço do grupo “O Cais”, que reúne outros seis colegas amadores da freguesia de Seixas.

“Já me despedi do grupo por três vezes e pensava que era de vez, só que depois vão-me buscar. Mas acho que desta é de vez”, garante ainda.

Tudo porque, sendo amadores, a preparação obriga a várias horas de ensaios à noite, algo que a idade de Alberto já não permite.

Ainda assim, vê a filha Joana, de 31 anos, seguir-lhe as pisadas no palco e até já contracenaram juntos em quatro representações daquele grupo, por todo o concelho de Caminha, como aconteceu com a última peça, “As Duas Gatas”.

“Se calhar, para uma coisinha pequenina, ainda somos capazes de o convencer a participar na próxima”, diz Joana Rocha, “orgulhosa” com o que diz ter apreendido, em palco, com o pai.

O desejo de continuação é partilhado pelo encenador do grupo, que entretanto já prepara o próximo trabalho a levar à cena e para o qual reserva sempre um lugar para o “patriarca”.

“Qualquer conselho ou ideia que ele tem é sempre aceite por nós, porque ele está muito mais habituado a este meio. A sua saída vai ser dolorosa para o grupo, mas ainda o vou tentar convencer a participar na próxima peça”, remata Rogério Costa, sem esconder a emoção de o ver ‘reformar-se’.

“O meu lugar agora acho que será daquele lado, a vê-los no palco”, contrapõe Alberto Rocha.

Últimas