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Paredes de Coura

António Costa: ‘Aquilo a que assistimos faz-nos perceber a nossa fragilidade’

15 Julho, 2016 - 21:18

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À conversa com a Rádio Vale do Minho, o Primeiro-Ministro falou olhos nos olhos sobre o medo. E falou também sobre o Festival de Paredes de Coura.

“Penso que todos vivemos o que se passou em Nice com enorme dramatismo. Aquilo a que assistimos ontem [quinta-feira] foi não só de uma brutalidade mas tal simplicidade de execução que faz-nos perceber a nossa fragilidade e a exposição a que estamos todos”. As palavras foram ditas por António Costa à Rádio Vale do Minho, enquanto caminhávamos lado a lado com o Primeiro-Ministro no Parque Industrial de Formariz, em Paredes de Coura. De rosto preocupado, confrontado com a nossa questão, o Chefe de Governo pareceu ter aceite o desafio fugaz lançado pela Vale do Minho. Mostrou um pouco do homem que se esconde por detrás de um líder neste tipo de eventos que ecoam à escala mundial. “Estas ameaças são transnacionais. Existem em todo o sítio. Porque é que foi em Nice? Podia ter sido noutro sítio qualquer”, prosseguia António Costa em tom consternado, numa intensidade mais pura e informal do que propriamente política. “Hoje não há fronteiras para a ameaça”, considerou.

“Veio a Coura ver o Coura”

De passo calmo e descontraído, António Costa seguia acompanhado pela respetiva comitiva e uma meia dúzia de seguranças. Alguns deles visivelmente irritados, provavelmente devido ao nosso perfil mais atrevido (António Costa tinha dito anteriormente ao batalhão de jornalistas que não iria prestar declarações). Mas ali estávamos nós. E uma vez mais a história repetia-se: António Costa e a Rádio Vale do Minho. A sós. “Uma vez mais veio a Coura ver o Coura”, dissemos nós ao Primeiro-Ministro mostrando que nos lembrávamos bem da expressão dita no ano passado pelo então candidato pelo PS nas eleições legislativas. Costa sorriu.
O tema do Festival de Paredes de Coura era incontornável. “Vamos ver se é possível. Gosto muito do festival e tenho vindo nos últimos anos. Mas este ano ainda não sei”, desabafou o Primeiro-Ministro olhos nos olhos. “Ainda não tenho a vida organizada”, acrescentou. O festival, recorde-se, decorre de 17 a 20 de Agosto, na Praia Fluvial do Taboão. Entre as confirmações destacam-se Motorama, The Last Internationale, Psychic Ills e First Breath After Coma. O campismo abre já no dia 12 de agosto e são esperadas uma vez mais, milhares de pessoas, em Paredes de Coura.

Kyaia é “uma situação verdadeiramente exemplar”

O Primeiro-Ministro, que esteve esta sexta-feira em Paredes de Coura, visitou as instalações do grupo Kyaia. “Hoje falamos muito das novas tecnologias, dos novos setores, dos novos desafios, das novas oportunidades mas a verdade é que no passado tínhamos alguns setores que hoje designamos por setores tradicionais. Houve até uma altura em que se considerou que esses setores tradicionais tinham acabado. As várias ‘chinas’ dariam cabo do calçado e do têxtil”, recordou António Costa no seu discurso inicial perante as várias dezenas de pessoas presentes nas novas instalações da cantina da Kyaia. “Mas aquilo que temos visto ao longo das últimas décadas é que não foi assim. Houve, de facto, muitas empresas que acabaram. Mas foi a partir dos setores tradicionais que nós tivemos uma evolução muito significativa”, apontou o líder socialista.
António Costa saudou, desta forma, a Kyaia pelas provas de inovação que tem dado ao longo da sua existência. “A capacidade de fazer de forma diferente os produtos que todos continuamos a necessitar”, sintetizou. “Temos aqui [na Kyaia e na marca Fly London] uma situação que é verdadeiramente exemplar. Tanto na inovação como no seu sucesso internacional”, concluiu o Primeiro-Ministro.
Na sua intervenção, o presidente da Câmara de Paredes de Coura optou uma vez mais por apelar à esperança. Vítor Paulo Pereira lamentou “a facção da lamuria nacional inscrita em alguns partidos e naturalmente espalhada pela sociedade”. Ao seu estilo, o autarca courense desafiou os presentes ao optimismo. “Estamos sempre a dizer que estamos em melancolia económica, mas hoje [sexta-feira] já fomos a Viana visitar indústrias, lançar primeiras pedras, vamos aqui lançar um novo software, vamos inaugurar em Paredes de Coura duas novas unidades industriais… Eu não sou tonto!”, exclamou o edil socialista. “O distrito de Viana do Castelo não é o mais industrializado do país. Mas se existe esta vitalidade em Viana do Castelo, então as coisas estão a acontecer. Imaginem agora o que estará a acontecer noutros lados. O nosso país está a dar passos positivos e isto não é discurso político”, frisou. “A ‘geringonça’ está a andar bem mas o país está a andar muito melhor ou pelo menos ao mesmo nível”, rematou o presidente da Câmara.
Recorde-se que o grupo Kyaia foi fundado em 1984, em Guimarães. Em 1989, deslocaliza-se para o Paquistão e também para Paredes de Coura. O grupo dá hoje emprego a cerca de 500 trabalhadores. O volume de negócios supera os 32 milhões de euros.

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