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Melgaço

Alto Minho: Há uma ponte entre nós e a Galiza com mais de 250 anos – Sabe onde fica?

19 Maio, 2022 - 01:11

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Registo mais antigo data de 1758.

Se lhe perguntassem qual é a ponte/travessia mais antiga que existe entre o Alto Minho e a Galiza o que responderia? Talvez muitas das respostas se inclinassem para a Ponte Centenária de Valença, inaugurada em 1885.

 

Só que não. No concelho de Melgaço existe a pequena, mas já antiga ponte de S. Gregório que une aquele concelho ao galego de Padrenda, sobre o rio Trancoso, que nasce em Castro Laboreiro e vai desaguar no rio Minho. Grande parte dos seus 13,6 quilómetros de percurso são fronteira entre Portugal e Espanha.

 

Ora, conforme conta Valter Alves, professor e investigador do concelho de Melgaço no Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra, esta ponte foi inaugurada em 1935. Mais precisamente a 26 de abril desse ano. A estrutura completou há pouco tempo, portanto, 87 anos de existência.

 

Uma jovem, quando comparada à centenária férrea que une Valença e Tui.

 

 

Mas a ponte tem muito mais que 87 anos…

Num artigo publicado no jornal Minho Digital, o mesmo investigador revela que a travessia (pedonal) entre S. Gregório e Padrenda já conta com mais de 250 anos. 

 

“É bom salientar que a existência desta ponte é muito antiga dando inclusivamente nome ao próprio lugar que tinha uma designação comum de ambos os lados o rio: Ponte das Várzeas/Ponte Barxas. Todavia, do lado português, o nome entrou em desuso algures no início do século XX, enquanto que do lado galego, a localidade conserva o nome arcaico (Ponte Barxas)”, escreve o docente.

 

Um dos primeiros registos da existência desta ponte, aponta Valter Alves data de 1758, na memória paroquial da freguesia de Cristóval.

 

Nesse texto, o sacerdote refere que a paróquia tem mais o lugar de  Sam Gregório com uma capela antiga do mesmo santo e com vinte vizinhos (fogos), por onde é a estrada deste Reino de Portugal para a Galiza passando-se o regato por uma ponte de táboa que chamam a Ponte das Varges.”

 

 

Antiga ponte de S. Gregório feita apenas em madeira

[Fotografia: DR/Via jornal Minho Digital]

 

 

Esta travessia, teve grande “importância estratégica da perspetiva militar durante a Guerra da Restauração (século XVII)” sendo “comprovada pela frequência com que é utilizada por portugueses e espanhóis nas suas incursões em território inimigo, além do cuidado por parte dos nossos em guardar esse ponto fronteiriço”, escreve Valter Alves.

 

Nos finais do século XIX, quando Valença e Tui passavam a estar unidas pela grandiosa ponte de dois tabuleiros, a ponte de S. Gregório continuava de pé “como uma estrutura rudimentar em madeira”.

 

 

Em 1885 foi inaugurada a ponte entre Valença e Tui

[Fonte: DR]

 

 

Passou a ser “a ponte de um lagosinho”

A partir de 1886, a pequena ponte de madeira em S. Gregório passou a ficar reduzida às suas reais medidas perante a gigante de Valença.

 

Mas, enfim, a ponte da Várzea tem já os seus 4 metros de altura, 6 de comprimento e 2 de largo! É quase a ponte de um lagosinho! Não se riam dela, contudo, que ali onde a vêem, com os seus dois troncos de castanheiro, lançados de margem a margem, e os seus torrões como pavimento macio, é um símbolo de fraternidade entre dois países que vivem em plena paz“, lê-se no livro O Minho Pitoresco, datado de 1886, um ano após a inauguração da então soberba ponte entre Valença e Tui.

 

Os tempos avançavam. A velhinha ponte de madeira acabou mesmo por ser destruída. Seria a hora de dar lugar a uma nova versão mais adaptada à modernidade de então.

 

Foi no dia 26 de abril de 1935 que a nova ponte de S. Gregório abriu ao público com pompa e circunstância. O momento teve até honras de reportagem, conta Valter Alves, na revista do Automóvel Club de Portugal. Essa… ainda lá está.

 

 

Inauguração da nova ponte internacional de S. Gregório, a 26 de abril de 1935
[Fotografias: Automóvel Club de Portugal / Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

 

Ponte internacional de S. Gregório, na atualidade

[Fotografia: Screen / Googlemaps]

 

 

 

[Fotografia capa: Arquivo/Rádio Vale do Minho]

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