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Alto Minho/Galiza: Galegos querem ver televisão… portuguesa!

6 Janeiro, 2020 - 18:05

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Os galegos querem ver televisão portuguesa. Mas porquê? Durante as negociações para a formação do novo governo espanhol, o BNG (partido galego) exigiu, em troca do seu voto a favor de Pedro Sánchez, que as televisões portuguesas começassem a ser transmitidas na Galiza.

Para Marco Neves, professor na Universidade Nova de Lisboa, estes pedidos “são naturais”. Em crónica publicada esta segunda-feira pelo Sapo24, o docente recorda que “galego e o português estão tão próximos que, na Galiza, há uma antiga discussão sobre se são ou não a mesma língua”. Considera ainda Marco Neves que “incentivar o ensino do português e a transmissão das nossas televisões na Galiza permite aos galegos aproveitar a sua própria língua para comunicar com todos os falantes de português, que ainda são uns quantos”.

O professor universitário admite que para muitos portugueses isto poderá ser uma surpresa. No entanto, lembra também que “a nossa língua tem origem no que já se falava no noroeste da Península no momento em que Afonso Henriques se tornou rei de Portugal. Era uma língua que não se chamava português (os falantes chamar-lhe-iam «linguagem») e que se falava no que é hoje a Galiza e o Norte de Portugal”.

 

Com ñ ou com nh?

 

Quando a Galiza ganhou autonomia, nos anos 80, o galego tornou-se oficial em conjunto com o castelhano. Nasceram assim duas tendências. “Uma delas assume o galego como uma língua separada do português, defendendo uma ortografia com ñ e ll. Outra tendência defende que o galego deve procurar integrar-se no mundo de língua portuguesa, defendendo uma ortografia com nh e lh. A questão, claro, é mais complexa: há também questões vocabulares e sintáticas”, prossegue Marco Neves.

Evidentemente, nos anos 80, a tendência do ñ e do ll ganhou força. É a usada pelo governo da região, presente nas placas das ruas, ensinada nas escolas. Mas a outra tendência não desapareceu completamente. “Nos últimos tempos, parece haver uma aproximação entre os dois campos”, sublinha o professor universitário.

“Para nós, em Portugal, as discussões entre galegos são difíceis de acompanhar. Para muitos portugueses, a dificuldade começa em ouvir o galego. Não só ouvimos muito castelhano quando vamos à Galiza, como sentimos a estranheza da fonética bastante diferente da nossa”.

 

Saudade não é só portuguesa… também é galega!

 

No entanto, é a língua mais próxima à nossa. “Tão próxima que há muitos galegos que querem ouvir as nossas televisões!”, exclama Marco Neves.

E termina com um reparo. “Um espanto que se torna maior se pensarmos que até a saudade é (também) galega! Sim, também os galegos se afadigaram a discutir a saudade como sentimento muito seu, propalando a sua mítica intraduzibilidade. “Seja ou não intraduzível, o certo é que a palavra existe: em português — e em galego!”.

 

 

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