O blogue galego Galicia Máxica avançou esta segunda-feira com uma denúncia de práticas de vandalismo no Mosteiro de Sanfins, em Valença. A peça é ilustrada com fotografias onde podem ver-se várias pinturas nas paredes do edifício, que data do século XII, e a igreja está classificada como monumento nacional desde 1910. Num texto altamente crítico, o Galicia Máxica aponta o cenário como “exemplo de ignorância”. Não tardou até que a denúncia deste blogue fosse notícia na imprensa local.
Confrontado pela Rádio Vale do Minho com as notícias vindas a público, o presidente da Câmara de Valença mostrou-se surpreendido. Lamentou a informação falsa veiculada pelo blogue galego e passou de imediato ao esclarecimento. “Aqueles trabalhos foram realizados no passado mês de junho durante a iniciativa Desencaminharte, um Festival de Arte Pública promovido na altura pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho”, disse Jorge Mendes. “Aquilo foi feito com cal. Em nada danifica o que quer que seja”, sublinhou o edil valenciano à Rádio Vale do Minho. “Aquilo sai tudo com muita facilidade. A própria chuva já removeu algumas das pinturas. Não há qualquer perigo de dano nas pedras”, acrescentou o autarca.
Jorge Mendes fez ainda questão de realçar que a própria autarquia está empenhada na recuperação da Quinta de Sanfins. “Acabámos de recuperar a Casa da Eira. É mais um edifício que deverá ficar pronto ainda este mês”, adiantou o presidente da Câmara.
O que foi o Desencaminharte?
Promovido pela CIM – Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, o Festival de Arte Pública do Alto Minho Desencaminharte decorreu em espaços rurais e naturais da região entre 1 e 4 de junho do ano passado.
Nesta primeira edição, as intervenções tiveram lugar em dez locais, um em cada município do distrito de Viana do Castelo, com coordenação de dez artistas distintos. O objetivo foi promover a natureza e a beleza patrimonial específica de cada um dos dez municípios da região, aproximando as comunidades locais e os visitantes de um roteiro de descoberta alternativo, fora dos lugares comuns. No caso de Valença, o palco escolhido para estas expressões de arte foi precisamente o Mosteiro de Sanfins.
Mosteiro em concurso para fins turísticos
O Mosteiro de Sanfins foi, aliás, um dos imóveis do Estado que foi colocado há um ano em concurso para ser convertido num projeto turístico, no âmbito do programa Revive. Recorde-se que o Estado integrou neste programa um total de 30 edifícios, entre mosteiros, fortes, antigos quartéis ou conventos que, sem utilização, têm sido condenados ao abandono, encontrando-se alguns mesmo em estado de ruína.
O edifício, recorde-se, está anexado à Igreja de Sanfins de Friestas, na freguesia de Friestas, naquele concelho. A igreja românica, de uma só nave, data do século XII e fazia parte um mosteiro da Ordem Beneditina. Apresenta uma cabeceira redonda com os cachorros esculpidos com motivos fitomórficos e zoomórficos em gárgulas. Está classificada como monumento nacional desde 1910.
Este programa de requalificação e recuperação que prevê um investimento total de 150 milhões de euros. Para além do Mosteiro de Sanfins de Friestas, a lista integra o Convento de São Paulo, em Elvas, o Mosteiro de São Salvador de Travanca, em Amarante, o Mosteiro de Arouca, o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, o Mosteiro de Santo André de Rendufe, em Amares, e o Convento de Santa Clara, em Vila do Conde. Fazem parte também do programa o Mosteiro de Lorvão, em Penacova, o Santuário do Cabo Espichel, em Sesimbra, o Convento de Santo António dos Capuchos, em Leiria, e o Convento de São Francisco em Portalegre.
Pinturas feitas por alturas do Desencaminharte foram interpretadas como vandalismo [Fotografias: Galicia Máxica]
não é para admirar a “confusão”. A verdade é que várias das intervenções do Desencaminharte são um bocado infelizes. Não só esta no Mosteiro de Sanfins como em Lamas de Mouro aquelas pedras brancas pela encosta e em Abedim todos aqueles vidros que agora andam pelo chão. Mas é apenas uma opinião de quem não percebe de arte!!!!