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Caminha

Vilar de Mouros: U2 tocaram há 30 anos na aldeia que já não tem música

31 Julho, 2012 - 10:55

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Há precisamente 30 anos, a aldeia de Vilar de Mouros, em Caminha, viu começar um festival de música que, durante nove dias, lançaria um novo conceito na organização deste tipo de eventos em Portugal.

Há precisamente 30 anos, a aldeia de Vilar de Mouros, em Caminha, viu começar um festival de música que, durante nove dias, lançaria um novo conceito na organização deste tipo de eventos em Portugal.

“Infelizmente, mudou as coisas para pior”, afirmou à agência Lusa o maestro António Victorino de Almeida, que colaborou na organização do festival de 1982, tendo mesmo subido ao palco para um concerto de piano.

“Foi um festival emocionante. O público reagia muito, porque não estava habituado a este tipo de concertos. E como metia todo o tipo de música, era como que ecuménico, misturava tudo”, recordou.

A 31 de julho de 1982, a música começou ao som dos Heróis do Mar, Echo & The Bunnymen e The Stranglers, enquanto que no dia seguinte o concerto ao piano juntou, entre outros, a Orquestra Sinfónica e Vitorino de Almeida.

“Naquela altura, o festival de Vilar de Mouros era um acontecimento internacional, pela qualidade e diversidade, mas acabou por se transformar num festival igual aos outros e por isso morreu”, lamentou.

Há 30 anos, por entre convidados tão diferentes como Jafumega, grupos folclóricos ou os Pauliteiros de Miranda, atuou, a 03 de agosto, uma banda irlandesa.

“Foi uma aposta minha. Aconselhei-me com várias pessoas, porque procurava uma banda internacional boa e barata. Dei a indicação para serem contratados pela Câmara de Caminha e foi um sucesso total”, conta Victorino de Almeida.

A banda chamava-se U2 e ainda hoje é a grande referência dos festivais de Vilar de Mouros. Para assistir aos concertos daquele dia, o público pagou 400 escudos, enquanto que a “assinatura” para todos os espetáculos ficava por 1.300 escudos.

António Barge, o médico que idealizou e organizou o festival de Vilar de Mouros de 1971, participou na organização da edição de 1982 e celebrizou, no seu lançamento, a frase: “Loucura. Loucura controlada. Sem medicamentos, nem coisas do género”.

Para Victorino de Almeida, essa “loucura” que se desejava acabou por dar lugar, nessa mesma edição, a uma “guerra” entre duas “fações”.

“De um lado, estava quem queria manter esta linha de festival, mítico. Do outro lado, os que queriam o negócio. Os resultados estão aí”, afirmou ainda.

O festival voltaria a repetir-se assiduamente depois de 1996, mas já “tomado de assalto pelos empresários”, garante.

“Chegámos a um ponto em que o que é que distinguia Vilar de Mouros de um Sudoeste ou Rock in Rio? Nada, era igual. A partir daí, andou em decadência até acabar”, diz o maestro.

Para recordar a mítica edição de 1982, um grupo de entusiastas do festival de Vilar de Mouros agendou para hoje, às 12:30, uma concentração no Largo do Casal, palco principal dos concertos da altura.

Uma iniciativa que acontece num ano em que a música volta a estar afastada daquela aldeia, depois de a organização do Energie Music ter decidido cancelar a repetição daquele festival dedicado à música eletrónica, agendado para este verão.

Após um interregno de cinco anos, a música, ainda que totalmente diferente do conceito inicial, regressou em 2011 ao recinto de Vilar de Mouros, mas este ano não se realiza devido a cortes no orçamento do principal patrocinador.

Em agosto de 2011, durante 16 horas e com um cartaz que custou cerca de 400 mil euros, o festival eletrónico levou a Vilar de Mouros cerca de 10.000 pessoas, o que ainda assim gorou as expectativas da organização, em grande medida pelas condições meteorológicas adversas que se registaram.

A Câmara de Caminha sublinhou que este festival não pretendia substituir o evento “oficial”, que não se realiza desde 2006.

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