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Cerca de três dezenas de comerciantes manifestaram-se durante a tarde desta sexta-feira contra as novas imposições do Governo ao comércio, sobretudo às lojas dos concelhos em Risco Elevado de contágio da COVID-19.
Na rotunda próxima ao Jardim Municipal, os manifestantes penduraram cartazes e faixas, com palavras de ordem. As máscaras tapavam parcialmente os rostos, mas o medo e a incerteza eram perceptíveis à distância.
“Não estamos a pedir subsídios nem apoios. Queremos apenas e só que nos deixem trabalhar! Com esta pandemia, a restauração reinventou-se. Desinfetamos cozinhas, salas e trabalhamos todo o dia de máscara. Aquilo que nos estão a fazer agora é proibir-nos de trabalhar”, atirou João Cunha, proprietário de um restaurante em Vila Nova de Cerveira – um concelho também em Risco Elevado.
“Além das nossas famílias, temos as famílias dos nossos funcionários, colaboradores, produtores, distribuidores e toda uma sequência que nunca mais acaba. Neste momento temos apenas uma calendarização semanal. Não podemos nem prever, nem calcular nem organizar a nossa vida!”, lamentou à Rádio Vale do Minho.
Incerteza. A palavra que naquele momento definia a generalidade dos rostos de todos os manifestantes que se mantinham no passeio e a mostrar-se aos condutores que ali passavam. Ouviam-se buzinas solidárias.
“Estas medidas do Governo estão a prejudicar todo o nosso setor e também todo o setor do comércio. Chegamos a um ponto em que já não conseguimos aguentar! Estamos com a corda no pescoço”, alertou , proprietário de uma creperia na freguesia de S. Pedro da Torre, em Valença.
A revolta estende-se a todo o comércio tradicional. Diniz Correia, proprietário de uma loja de roupa no centro de Valença, também se mostrou desagradado com as novas medidas restritivas anunciadas.
“Estamos numa zona onde a fronteira estar fechada ou aberta é a mesma coisa. Nós já não fazemos nada! Sejam os restaurantes, seja o comércio, seja o que for”, disse. “Temos o Natal à porta e eu já deixei de fazer compras. Assim não dá! É muito imprevisível”, finalizou.
“A regra é tudo fechado às 13h00”
O Governo ordenou o encerramento do comércio e restauração às 13h00 nos dois próximos fins de semana e a abertura dos estabelecimentos só pode ocorrer a partir das 8h00, anunciou o primeiro-ministro, António Costa.
“A regra é tudo fechado às 13:00”, disse o chefe do Governo em conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, referindo-se aos concelhos com risco elevado de contágio de COVID-19, que vão aumentar de 121 para 191 a partir de segunda-feira.
Os restaurantes só podem funcionar a partir das 13h00 para entrega ao domicílio, disse o primeiro-ministro.
António Costa anunciou ainda que haverá um apoio de 20% da perda de receitas dos restaurantes nos dois fins de semana face à média dos 44 fins de semana anteriores (de janeiro a outubro 2020).
Fora da obrigatoriedade de fechar a partir das 13h00 e de abrir a apenas a partir das 8h00 estão as farmácias, clínicas e consultórios, veterenários, estabelecimentos de venda de bens alimentares com porta para a rua até 200 metros quadrados, bombas de gasolina, padarias e funerárias.
Valença, Caminha, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Vila Nova de Cerveira e Viana do Castelo vão continuar na lista dos concelhos com risco elevado de transmissão da Covid-19, por mais duas semanas.
Arcos de Valdevez é novidade nesta lista. A partir de segunda-feira também este concelho está abrangido pela novas medidas do estado de emergência.
[Fotografia: Rádio Vale do Minho]
O covid é para ficar. Devem ensinar a população a conviver de forma a se proteger contra o vírus. Chegamos a esta situação por causa dos governos europeus, eles sabiam que o vírus estava presente na vida das pessoas durante as férias. Deveriam ter prevenido através da continuação das medidas de segurança. Se as escolas estão abertas, os comércios deveriam também estar. Não sou comerciante, mas chega de permitir ao continente e feira nova encher os bolsos com a desgraça dos portugueses e esquecerem o pequeno comércio. Deveriam promover uma reunião frente as câmaras com as pessoas distanciadas e em silêncio, com as palavras de ordem “Estou em luto por Portugal, estou em luto pela Europa”. Eles vivem dos impostos dos portugueses, quando estes não tiverem dinheiro para pagá-lo, vão buscá-lo à União europeia. Dizem que os fundos europeus já têm destinatários, ou seja, os grandes grupos. O que vai acontecer ao pequeno empresário? Vai para a falência! Basta!