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Valença

Valença: Começaram a fazer uma ponte no rio Minho (e vai lá passar o comboio!) – Foi há 140 anos

15 Novembro, 2022 - 00:05

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Efeméride.

Corria o dia 15 de novembro de 1882. Em Valença e em Tui, nas respetivas margens do rio Minho, arrancava a construção de uma obra arrojada para o seu tempo. Era uma ponte… Finalmente uma ponte!

 

E não era apenas uma travessia só para peões ou veículos. O projeto era tão extraordinário que previa dois tabuleiros, sendo que o superior se destinava à ferrovia. 

 

Foi idealizado pelo arquiteto espanhol Pelayo Mancebo. Os custos da construção foram divididos entre os governos Português e Espanhol.

 

 

Carris em baixo para os testes

No dia 10 de outubro de 1884, a obra foi dada como concluída. Faltavam apenas os testes de segurança.

 

Em janeiro do ano seguinte foi colocado um segmento de carris ferroviários no tabuleiro inferior da ponte. Recorde-se que as provas passavam sobretudo pelo teste de ambos os tabuleiros com grandes pesos. 

 

Na parte superior, foi simples: a ferrovia já lá estava e bastou fazer circular os vagões. Mas as normas exigiam também que o tabuleiro inferior fosse sujeito às mesmas provas. Foi assim construído um curto segmento de carris.

 

De acordo com a obra Historias del Tren, de Rosendo Bugarín, “nos dias 8 e 9 de janeiro de 1885 foram feitas as provas da estrutura. Exigiram a montagem de uma ferrovia improvisada na plataforma inferior com o objetivo de serem atravessadas por pesadas locomotivas a vapor sobre a futura estrada pedonal”.

 

Os testes terão sido bem sucedidos.

 

 

Testes de segurança realizados na novíssima e moderna ponte entre Valença e Tui, em janeiro de 1885

[Fotografia: FB Fotografias Antiguas de Tui]

 

 

Tudo parecia pronto para uma inauguração com pompa e circunstância nesse mesmo ano. Mas soaram os alarmes em Espanha. O país vizinho estava a ser seriamente afetado pela cólera.

 

O Ministério do Reino não perde tempo. Nos primeiros meses de 1885, envia de imediato aos Governadores Civis “desinfetantes e repete-lhes os procedimentos a seguir, desde o isolamento militar do local, se confirmada a suspeita de cólera, ao uso de água fervida, à limitação de toda a atividade económica que implicasse comunicação de bens e pessoas entre Portugal e Espanha”, conforme refere a historiadora Laurinda Abreu, em A luta contra as invasões epidémicas em Portugal: políticas e agentes, séculos XVI-XIX.

 

Entra em atividade um enorme cordão sanitário de fronteira. Valença dispara o alerta vermelho. A ponte, que estava prestes a ser inaugurada, teve de esperar.

 

 

 

Finalmente a inauguração

Os primeiros meses de 1886 trouxeram a normalidade ao Vale do Minho e, consequentemente, ao resto do país.

 

As populações regressaram às suas lides no rio Minho. Os lazaretos foram sendo encerrados.  A 25 de março desse ano foi finalmente inaugurada a primeira ponte internacional sobre o rio Minho. Estava pronta desde 10 de outubro de 1884.

 

 

 

Ponte mantém praticamente o traçado original

Na atualidade, a ponte mantém praticamente o traçado original. É composta por uma superstrutura em viga metálica, de treliça de rótula múltipla, com cinco tramos contínuos. Com 318 metros de comprimento, cruza o rio Minho, tendo dois tabuleiros, um superior para a via férrea, e um inferior para uso rodoviário. É propriedade conjunta das empresas Rede Ferroviária Nacional, Infraestruturas de Portugal e Dirección General de Carreteras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De referir que uma das maiores intervenções feitas nesta ponte foi realizada em finais de 2011. A Rede Ferroviária Nacional adjudicou à empresa Teixeira Duarte uma empreitada para a reabilitação e reforço das fundações, num prazo de 365 dias, e pelo valor de 3,5 milhões de euros.

 

Os objectivos desta intervenção eram garantir que a infraestrutura iria ficar com uma resistência longitudinal necessária para as obras, prevenir que futuros trabalhos de infraescavação colocassem em risco a estabilidade das fundações.

 

Consistiu, assim, na reabilitação de quatro pilares e de alvenarias, substituição de todos os aparelhos de apoio, reabilitação e reforço dos encontros, e instalação de equipamentos de controlo dos movimentos longitudinais. Esta intervenção foi considerada de rotina, sendo uma das obras que são efectuadas periodicamente, com um intervalo de cerca de 50 anos.

 

 

O dia do centenário

Em Valença ainda há muitos que não se esquecem daquele dia 25 de março de 1986. O ambiente era de festa. Aquela ponte a que todos estavam já tão habituados fazia 100 anos… um século e tantas histórias para contar.

 

Passar para o lado de lá ainda exigia muitos rigores. A liberdade avançava. Mas devagar.

 

Uma enorme festa entre os dois municípios vizinhos. Entre abraços e cerimónias formais, ninguém quis perder o descerrar das placas de ambos os lados.

 

Um dos momentos altos foi o beijo entre dois comboios também centenários dado no tabuleiro superior da ponte como que simbolizando o sonho de um dia existir ali algo diferente… talvez uma Eurocidade, porque não? Volvidas mais de três décadas, essa união foi conseguida.

 

 

Veja ou reveja como foi aquele dia 25 de março de 1986

 

 

 

Ponte continua a fazer história

Com 136 anos de existência, a velhinha Ponte Centenária que faz parte da vida de todos os valencianos e de todo o Alto Minho segue como nova e continua a fazer história.

 

Foi nesta mesma ponte que, no passado mês de setembro, foi realizada a primeira viagem em Portugal, de condução autónoma e conectada com 5G, em ambiente real. Esta ação marcou a conclusão do projeto europeu 5G-MOBIX, que veio demonstrar o papel do 5G na mobilidade autónoma conectada.

 

anúncio foi feito pela NOS que refere que “durante esta demonstração pública, o shuttle autónomo encontrou vários obstáculos, todos ultrapassados graças à conectividade 5G. Num primeiro caso, perante a obstrução do percurso, o veículo passou o controlo para o centro de controlo de tráfego, onde um técnico assumiu a condução, remotamente, usando uns óculos de realidade virtual”.

 

 

Na ponte centenária realizou-se a primeira viagem em Portugal, de condução autónoma e conectada com 5G, em ambiente real

[Fotografia: NOS]

 

 

 

“Esta é a conclusão de um longo percurso que reuniu vários parceiros e que não nos deixa dúvidas que o 5G será essencial na Mobilidade Autónoma Conectada. Da parte da NOS queremos continuar a liderar momentos pioneiros como este, abrindo caminho para um futuro com uma mobilidade mais inteligente e mais acessível a todos, mas também com maior segurança rodoviária e sustentabilidade”, concluiu o Administrador.

 

 

Anuncio da NOS gravado na Ponte Centenária Valença/Tui, lançado no passado mês de setembro

 

A iniciativa 5G-MOBIX, financiada pela União Europeia (2018-2022) no âmbito do Horizonte 2020, tem como objetivo principal estabelecer a base para o desenvolvimento de corredores 5G e impulsionar o desenvolvimento de oportunidades aplicadas à Mobilidade Autónoma Conectada. O consórcio reúne 58 parceiros de 13 países da União Europeia, bem como Turquia e Coreia do Sul, entre outros.

 

O projeto do corredor transfronteiriço Portugal-Espanha liga o Porto a Vigo e a equipa de investigação cobre toda a cadeia de valor, desde empresas do setor automóvel e da área da mobilidade, operadores de telecomunicações, até autoridades públicas e centros de investigação. Esta equipa tem trabalhado os vários cenários de Condução Autónoma Conectada com vários desafios de interoperabilidade, sem falhas, entre múltiplos operadores de diferentes países.

 

Ao longo dos quatro anos do projeto, a NOS trabalhou em parceria com a Nokia, tendo disponibilizado espetro para os vários testes piloto e sido responsável pelo desenho, configuração e implementação da rede 5G, bem como com a interligação com a rede da operadora espanhola.

 

Os insights resultantes do projeto 5G-MOBIX servirão de informação de base para a definição de novas regulações e standardizações, a nível europeu, relacionadas com a Mobilidade Autónoma Conectada, bem como para impulsionar o desenvolvimento de novos modelos de negócios em torno desta área.

 

 

 

[Fotografia capa: DR]

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