Uma autêntica romaria parou à porta da menina Felismina Mota ao final da tarde desta sexta-feira, na freguesia de S. Pedro da Torre, em Valença.
Na frente, o presidente da Câmara, José Manuel Carpinteira. Nos flancos, jornalistas que quiseram registar o momento para a posteridade.
A sala de jantar era pequena para tamanha multidão. Lá dentro, acomodada no sofá, estava a menina Felismina que a todos recebeu com um sorriso. Chegou à vetusta idade de 100 anos.
José Manuel Carpinteira foi o primeiro a felicitar a nova centenária de Valença.
“Muito obrigada! Muito obrigada!”, respondeu a jovem Felismina de sorriso aberto e invejável lucidez.
Mais uns cumprimentos e era hora de cantar os Parabéns. Precisou apenas de ajuda para levantar-se do sofá. Seguiu para a mesa pelo seu próprio pé… e a imprensa olhava embevecida com aquela montanha de juventude.
“O segredo para chegar aos 100 anos? Isso também eu gostava de saber para chegar lá”, disse-nos Liliana Martins, sobrinha por afinidade de Felismina Mota. “Foi sempre uma mulher muito lutadora. Passou a maior parte da vida a trabalhar no campo”, contou.
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Felismina perdeu o marido muito cedo. Já passou quase meio século desde esse dia fatídico. Tem apenas um filho… mas já conta com dois netos e quatro bisnetos.
“Com 90 anos, ela ainda ia ao monte com um carrinho de mão. Tenho uma fotografia dela, aos 92 anos, ainda a limpar o jardim. Incrível, mesmo!”, prosseguiu Liliana.
A menina Felismina é conhecida em toda a freguesia por Tia Pinotas. Herdou a alcunha pela qual o marido era conhecido. No entanto, a maior imagem de marca desta jovem foi e ainda é a alegria que transborda.
“Ela adorava excursões. Nos autocarros era ela sempre que animava as pessoas. Cantava… dançava… alegrava toda a gente”, recordou a sobrinha.
Cantaram-se os Parabéns. Curiosamente, e a comprovar o que foi dito pela sobrinha, Felismina reagiu imediatamente com palmas no final. Lá estava a alegria contagiante que a caracteriza.
Visivelmente orgulhoso, o presidente da Câmara sublinhou à Rádio Vale do Minho a importância de homenagear o património humano do concelho.
“Este é um dia de felicidade para a Dna. Felismina, para a família da Dna. Felismina e também para o Município. Que a Dna. Felismina continue connosco por muitos anos”, concluiu Carpinteira sempre sorridente.
Felismina Mota nasceu a 15 de abril de 1922. Tempos em que Portugal saia de uma outra pandemia – a gripe pneumónica.
Enquanto as bombas alemãs rebentavam lá ao longe, na II Guerra Mundial, Felismina ia trabalhando no campo. Aprendendo mais sobre a vida. “Cuidou do seu filho e também de filhos dos outros. É um coração aberto”, contaram-nos.
Viveu o Estado Novo. Fez 52 anos e, 10 dias depois, a Liberdade chegou a Portugal com a revolução dos cravos.
Felismina não perdia o sorriso. A alegria de viver. Teve netos… e bisnetos. Até que chegou o dia de hoje onde deixou de soprar duas velas.
Agora são três. Orgulhosamente três.
Veja o vídeo dos Parabéns à menina Felismina:
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