Os párocos de Cristelo Côvo, Valença, e de Sobrado, Tominho, atravessam, hoje, o Rio Minho, de barco, para dar a beijar a cruz pascal na outra margem daquele troço internacional, uma tradição secular demonstrativa do bom relacionamento transfronteiriço.
O “Lanço da Cruz” é o ponto alto dos tradicionais festejos em honra de Nossa Senhora da Cabeça, em Cristelo Côvo, que decorrem na segunda-feira imediata ao fim-de-semana da Páscoa.
O pároco da freguesia acredita na continuidade desta tradição, mas diz “que tudo é possível, e depende da vontade das novas gerações”. Há 56 anos que o padre José Marques lidera este “lanço da cruz” e lembra que, auqando a existência de fronteiras, este intercâmbio religioso e cultural esteve mais apagado, ganhando na década de 80 uma nova vivacidade.
Pelas 17h00, o pároco de Cristelo Covo embarca até à outra margem, levando a cruz a beijar à população de Sobrado, sendo depois a viagem retribuída pelo pároco da localidade galega, que cumpre idêntico ritual em solo português.
O rio enche-se de pequenas embarcações e na margem portuguesa os bombos misturam-se com as gaitas de foles e os viras com as “muinheiras”, numa genuína romaria luso-galaica.
Esta cerimónia é conhecida por “Lanço da Cruz”, pois, enquanto dura o “intercâmbio” de cruzes, os pescadores de Cristelo Côvo lançam as redes ao rio, previamente benzidas, e todo o peixe recolhido irá para o pároco da localidade portuguesa.
A tradição entre estas duas localidades vizinhas, separadas apenas pelo rio Minho, já se arrasta há décadas, fruto de uma “amizade” entre portugueses e galegos, que a cturo prazo, deve culminar num acto de geminação entre Cristelo Côvo, em Valença, e Torron, em Tominho, na Galiza.
Na terça-feira merece especial referência a missa para os peregrinos da Galiza, celebrada em galego, por um padre galego. Neste dia também, por tradição, os peregrinos desfrutam dos seus merendeiros nas sombras do parque comendo, sobretudo, o que sobrou do carneiro ou cabrito da Páscoa.
O “Lanço da Cruz” é uma manifestação religiosa e popular muito acarinhada pelas populações da raia minhota que ano após ano atrai um maior número de populares e turistas.
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