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“Estou muito entusiasmado! Estou a adorar esta experiência!”. As palavras são de Luís Filipe Silva, ator das Comédias do Minho que no princípio do mês de maio arrancaram com um projeto no sentido de reformular a atividade teatral – também uma entre as prejudicadas com a chegada da pandemia provocada pelo novo coronavírus (COVID-19).
Assim, aos domingos pelas 18h30, tem vindo a ser transmitido na Rádio Vale do Minho o programa Rádio Comédias – Hoje é Dia de Clássico. Tratam-se de curtos episódios que vão desde os textos clássicos do teatro até aos clássicos das comédias e outras surpresas.
“Nesta altura de pandemia, houve várias instituições teatrais, artísticas, que se multiplicaram em novos formatos tentando suprimir assim a ausência do encontro”, apontou o ator.
“Para nós foi desde logo muito claro que grande parte das pessoas vai ficar muito tempo em casa… muito tempo em frente a um computador. Mas pedir às pessoas que voltem a ficar em frente a um computador no final de um dia de trabalho para experimentar conteúdos artísticos seria quase uma violência”, considera.
Surgiu então o recurso à magia da rádio. “Não é uma reinvenção do teatro mas antes regressar a uma forma que já existia. E sei que ainda há muitas famílias em muitas casas que ainda têm o hábito de ter o rádio ligado”, continuou Luís Filipe Silva. “Gosto de pensar que, semanalmente, os nossos clássicos estão a entrar semanalmente nessas casas e nessas famílias acompanhando-as neste período tão estranho que estamos a viver”.
“Sempre houve um desejo de estabelecer relação com as rádios locais”
A própria Diretora Artística das Comédias do Minho, Magda Henriques, admite que “sempre houve um desejo muito grande na companhia de estabelecer uma relação com as rádios locais”. Mas este sonho vinha sendo adiado. Até que rebentou no mundo a pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19).
“Sentimos que seria uma possibilidade de desenvolver estas ligações com as rádios locais. E os clássicos surgem neste contexto”, explicou Magda Henriques. Mas porquê textos clássicos? “Porque acreditamos, convictamente que, pela sua intemporalidade, os clássicos vão àquilo que é mais essencial na condição humana e são eles que nos podem ajudar a compreender tudo o que ainda é incompreensível”.
ATLAS entre 6 e 11 de julho
Já entre os os próximos dias 6 e 11 de julho, as Comédias do Minho vão realizar a 3ª edição do ATLAS. Tratam-se de oficinas artísticas que contam com a orientação de cinco artistas convidados pelas Comédias do Minho, os participantes são convidados a descobrir os seus mundos exteriores e interiores através de uma linguagem performativa – desde a música ao teatro, passando pela dança.
Este ano, devido às restrições provocadas pela pandemia da COVID-19, a ATLAS irá desenrolar-se online através da plataforma Zoom (videoconferência).
“Isto com muita pena, porque a presença física faz sempre muita falta. Mas não quisemos desistir desta ligação. Apesar de estarmos todos cansados dos computadores, pareceu-nos que era o caminho mais possível neste momento tendo em conta o que estamos a viver”, disse Magda Henriques.
Esta é uma iniciativa dirigida a jovens entre os 12 e os 18 anos. As inscrições podem ser feitas através do website das Comédias do Minho até ao dia 30 de Junho.
Projeto Devir promete um palco do tamanho… do território
Em meados de julho, em colaboração com uma companhia de teatro do Porto, as Comédias do Minho esperam também estrar o Devir, onde os participantes vão partir de determinado ponto no Vale do Minho.
“Em cada Município vão poder fazer percursos variados que convidarão à paragem em diferentes locais onde serão ativados dramas sonoros. O palco vai deixar de ser convencional, passando assim a ser todo o território e a ficção vai ser-nos contada ao ouvido através de audioguias ou telemóvel”, revelou.
As Comédias do Minho são um projeto cultural que começou em 2003, com a colaboração dos municípios de Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova da Cerveira, destinado a criar uma companhia de teatro profissional. A sua missão é dotar o vale do Minho de um projeto cultural próprio, adaptado à sua realidade socioeconómica e, portanto, com um enfoque especial no envolvimento das populações, a partir da construção de propostas de efetivo valor participativo e simbólico, para as comunidades a que se dirigem.
[Fotografia: Ilustrativa / DR]
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