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Paredes de Coura

Sandra Fernandes: ‘Vale sempre a pena desfilar. Nem que seja só para uma pessoa’

22 Novembro, 2015 - 19:42

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Modelo courense esteve na capital francesa um mês antes dos atentados. Em entrevista à Vale do Minho sublinhou que ‘nem todos os muçulmanos são terroristas’.

Sandra Fernandes acredita que o mundo da moda sobreviverá sempre aos impactos do terrorismo. Em entrevista à rádio Vale do Minho, a jovem modelo de Paredes de Coura mostrou-se muito preocupada com a tragédia ocorrida em Paris. Uma consternação agravada pelo facto de ter lá estado há pouco mais de um mês. “É sempre triste. Foram essas pessoas mas podia ter sido qualquer um de nós. Estive lá há pouco tempo e podia ter sido complicado para mim e para a minha família que me acompanhou”, disse.
No passado mês de Outubro, Sandra Fernandes desfilou no “Paris Fashion Week”, em plena capital francesa. O evento serviu para apresentar a coleção Primavera/Verão da estilista Fátima Lopes. “Não quero desvalorizar Portugal, mas Paris não tem nada a ver. São sítios diferentes. Por cá acontecem desfiles à meia-noite. Em França isso nunca poderia acontecer, porque não ia aparecer ninguém. Tudo acontece durante a tarde”, descreveu a modelo. No entanto, um mês depois, aquela cidade tornou-se palco de um dos piores atentados terroristas dos últimos anos. Provocaram 129 mortos, 352 feridos, destes 99 estão em estado grave. Questionada sobre se participaria hoje no mesmo evento, Sandra Fernandes teve resposta pronta. “Acho que cancelava a viagem. Penso que todos cancelariam. O medo seria mais forte do que a vontade de lá estar”.
Apesar do medo generalizado, Sandra Fernandes defende que a vida não pode parar. Lamenta o impacto económico que um atentado possa ter. No entanto, acredita que haverá sempre gente para assistir a um evento de moda. “Se calhar poderíamos pensar que não iria aparecer ninguém aos desfiles, mas haveria sempre uma pequena percentagem de pessoas que iria lá ou porque gosta mesmo muito ou porque simplesmente não quereria perder a oportunidade”, justifica. E, em jeito de solidariedade com os profissionais franceses, Sandra Fernandes defende que “vale sempre a pena desfilar. Nem que seja só para uma pessoa”.

“Nem todos os muçulmanos são terroristas”

De palavras reprovadoras, a manequim courense condena a tendência de associar o islamismo ao terrorismo. Defende a urgência de ajudar os refugiados. “Nem todos os muçulmanos são terroristas”, apontou com voz firme. “Não é a religião que define o terrorismo. E tenho a certeza que no Corão não diz para matar inocentes em função do deus deles. Quem faz isso são os fundamentalistas”, frisou. “Um inocente muçulmano tem sempre o mesmo valor que um inocente de outra religião qualquer. Somos todos iguais”.
Para além de Paris, o currículo de Sandra Fernandes conta já três edições consecutivas do “Portugal Fashion”, considerado o maior evento de moda nacional. A modelo voltou também a marcar presença recentemente no Moda Lisboa, em representação da “Sangue Novo”, vestida por Cristina Real e Carolina Machado. Mas não se sente especial por isso. Como que lembrando o lema da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), Sandra Fernandes acredita que “somos todos especiais. Uns de uma forma e outros de outra maneira diferente. Não podemos desvalorizar modelos que, por exemplo, foram ao Portugal Fashion mais tarde e que só têm uma edição. Podemos estar a falar de talentos que tardam em ser reconhecidos e que um dia podem ter o êxito conquistado, por exemplo, pela Sara Sampaio”.
Nascida em 2001, Sandra Fernandes não viveu em direto os atentados terroristas ao World Trade Center, em Nova Iorque. As imagens do horror fizeram com que a modelo tenha hoje consciência da gravidade do que aconteceu do outro lado do Atlântico. E depois em Madrid, Espanha. E agora em França. “E amanhã pode acontecer em Portugal. Isto faz com que tenhamos medo de emigrar ou até mesmo apenas viajar. Quase todos preferem ficar neste nosso ‘cantinho’ muito mais protegido”, desabafou.
Mas a vida, reitera a modelo, tem de continuar. O sonho de seguir Medicina permanece vivo e a paixão pelas passerelles arde cada vez mais. Sobre o futuro? “Vou até onde a moda quiser”, finalizou com um sorriso.

[Fotografia: Direitos Reservados]

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