Mais de metade das espécies de peixes de água doce existentes em Portugal estão ameaçadas de extinção, seis delas criticamente em perigo, alerta o Livro Vermelho esta quarta-feira apresentado em Lisboa.
Chamado de “Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos” (de água doce e que migram da água doce para a salgada e vice-versa), o trabalho estudou 43 espécies de peixes, sendo 32 residentes e 10 migradores, confirmando-se também a extinção de uma espécie em Portugal, o esturjão.
Alerta no rio Minho
Segundo o Correio da Manhã, a lampreia do rio está entre as seis espécies que merecem a maior preocupação por estarem “criticamente em perigo”.
Recorde-se que este ciclóstomo, que é um peixe pertencente ao grupo dos Agnatas, é muito apreciado na zona raiana.
Anualmente, entre janeiro e abril, os seis concelhos do Vale do Minho [Monção, Melgaço, Valença, Vila Nova de Cerveira, Paredes de Coura e Caminha] promovem várias iniciativas por forma a promover este prato.
Mas não é tudo.
Muito apreciado em Vila Nova de Cerveira, o sável está colocado entre as 15 espécies consideradas em perigo.
Anualmente, em finais de abril, vários restaurantes daquele concelho disponibilizam nos seus cardápios o prato Debulho de Sável à Cerveirense.
Contam os antigos que, em Vila Nova de Cerveira, os homens pescavam o sável e as mulheres encarregavam-se de o vender de porta em porta.
A cabeça, o rabo, as ovas e as postas pequenas eram as menos apetecíveis, mas com arte e engenho, criou-se o debulho de sável, como forma de aproveitar essas partes menos nobres do peixe.
Ao sável, juntam-se outras espécies em perigo: o saramugo ou a boga-portuguesa, e na categoria de vulnerável o projeto coloca mais cinco espécies. Como resultado, 26 das espécies nativas, 60%, estão classificadas numa das três categorias de ameaça da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
O Livro Vermelho apresentado segue-se a outro que foi divulgado há 18 anos.
Para reverter a situação, Filomena Magalhães, professora da Faculdade de Ciências, defendeu como essenciais medidas como a restauração de habitats, melhorar as condições dos sistemas aquáticos e áreas ribeirinhas, e tentar contrariar intervenções como a captação de água. E monitorizar constantemente a situação.
Estruturas como barragens, poluição de origem doméstica e agroflorestal ou as alterações climáticas são outros perigos para os peixes dos rios portugueses.
De todas as 43 espécies analisadas só oito não merecem qualquer tipo de preocupação.
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