A maioria socialista na Assembleia Municipal de Paredes de Coura aprovou esta sexta-feira a adesão à empresa pública Águas do Alto Minho para integração dos sistemas municipais de abastecimento público de água e saneamento de águas residuais urbanas com a participação do Município de Caminha. Com esta decisão, Paredes de Coura junta-se aos municípios de Arcos de Valdevez, Caminha, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira que, após um longo processo de discussão e análise no seio da CIM Alto Minho, decidiram constituir uma parceria pública com o Estado Português. “Obviamente que é uma adesão difícil, porque isso vai custar ao bolso dos consumidores. Mas é, ao mesmo tempo, uma adesão necessária”, sublinhou o presidente da Câmara, Vítor Paulo Pereira, aos microfones da Rádio Vale do Minho. “Nesta altura, os sistemas de água são irracionais. Por outro lado, as Câmaras Municipais têm sistemas de distribuição muito antigos e a necessitar de obras urgentes”, apontou. “Claro que inicialmente vai custar a muitas famílias, mas também temos a ação social para diminuir esse impacto. Mas o objetivo é preservar a qualidade, a viabilidade financeira do próprio sistema e assegurar um bom serviço às gerações futuras”, explicou Vítor Paulo Pereira acrescentando a “possibilidade de recorrer a fundos comunitários para terminar a expansão da rede a às habitações e freguesias que ainda não estavam servidas”.
Vítor Paulo Pereira: “O objetivo é preservar a qualidade, a viabilidade financeira do próprio sistema e assegurar um bom serviço às gerações futuras.”
Durante o debate político, as três forças partidárias representadas [PS, PSD e PEV] acabaram mesmo por mostrar sintonia em alguns pontos em apreciação. Exemplo disso é que, independentemente de haver adesão à parceria ou do abastecimento de água continuar a ser feito pelos Municípios, a gestão da água em baixa pelo Município de Paredes de Coura apenas seria sustentável com um aumento do preço da água na ordem dos 40%. Um alerta emitido pelo deputado social-democrata Ricardo Marinho e que veio causar surpresa na bancada socialista. Ato contínuo, o presidente da Câmara emitiu palavras de louvor à direita pela “honestidade intelectual” que permitiu a “elevação do debate”. No entanto, tal não foi suficiente para fazer a direita mudar de ideias. “Não há nenhum motivo que leve Paredes de Coura a ganhar com esta posição. Paredes de Coura é autónomo em água e isso faz com que haja a possibilidade de premiar os courenses com um serviço de qualidade e muito competitivo”, defendeu José Augusto Caldas, deputado pelo PSD, à Rádio Vale do Minho. “Esta adesão será bastante prejudicial para os courenses. Passarão a pagar algo que não é necessário pagar”, sublinhou.
Do lado do PEV, Celina Sousa votou também contra esta proposta. “A tarifa será regulada em função do Município onde a água é mais cara, que é Viana do Castelo e Paredes de Coura tem um valor bastante inferior. Os munícipes vão começar já a perder por aí”, atirou desde logo a deputada. “Não há garantia que, a longo prazo, não esteja em causa uma privatização uma vez que os municípios vão ficar com uma cota inferior à das Águas de Portugal“.
Na votação, a proposta foi aprovada com os votos favoráveis dos socialistas. PSD e PEV votaram contra. A registar ainda uma abstenção por parte de um presidente de Junta.
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