Os encarregados de educação dos alunos que frequentam a Escola Primária de Gandra, no concelho de Valença, acusam os dois professores de comportamento “indecente” e pedem a sua demissão ou transferência. Um protesto público em frente ao estabelecimento de ensino já está agendado para 10 de Abril. Algumas crianças, com idades compreendidas entre os 8 e 10 anos, já estão a ser acompanhadas por psicólogos com indícios de depressão.
Em causa estão cerca de 20 crianças dos 3º e 4º anos que, desde o início do ano letivo, quase não tiveram aulas, uma vez que à medida que os pais as deixavam na escola, eram reencaminhadas para uma sala de vídeo onde ficavam durante toda a manhã, “a ver desenhos animados e filmes”, acompanhados por uma auxiliar. A professora apenas comparecia ao local de trabalho “por volta do meio-dia”.
Cristina Pereira, mãe de um menino de 9 anos, relatou à RVM que os encarregados de educação começaram a aperceber-se da situação após comentários dos filhos e também de algumas “vigílias matinais”, e apresentaram uma queixa coletiva à direção do Agrupamento de Escolas Muralhas do Minho.
O caso motivou a abertura de um inquérito interno para averiguar as acusações, ao qual a docente em causa respondeu com a apresentação de um atestado para baixa médica.
As crianças chegaram mesmo a ser ouvidas uma a uma. No entanto, e mediante o arrastar do processo com constantes reuniões, os encarregados de educação insistiram e apresentaram queixas individuais, e exigem que o assunto fique imediatamente resolvido. A demissão ou transferência dos dois docentes.
Contatada pela RVM, a direção do agrupamento escolar confirmou a existência de um processo, mas não quis prestar mais declarações, uma vez que o caso ainda não está encerrado.
A indignação dos pais já se alargou ao diretor da escola, acusado de “compactuar com esta situação”, e de ter comportamentos mais “agressivos”, como “gritos histéricos”.
Há cerca de um mês e meio, e após a baixa médica da professora, foi destacada uma outra docente para a substituir. Contudo, e para proceder à avaliação das notas antes das férias de Páscoa, a professora acusada regressou ao trabalho. Cristina Pereira sublinha uma situação “revoltante”, questionando-se como é que os alunos podem ser avaliados se não tiveram aulas.
Há relatos ainda de caos de crianças alvo de castigos de “mau gosto”, como a colocação de pimenta na língua para ficarem calados, ou de “alunos que roem as unhas até ficarem em sangue derivado dos nervos e da pressão para não contarem nada”.
Esta situação já está a criar problemas psicológicos a algumas crianças. Félix do Paço garante que a sua filha, de 10 anos, vai começar a ser acompanhada por uma psicóloga, “tal é o seu estado de ansiedade”.
Félix do Paço foi mais longe e já pediu a colaboração de um contabilista para saber quanto custa aos pais e ao Estado estas crianças sem aulas, e uma professora paga a tempo inteiro, mas que só comparece meio tempo.
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