A renegociação da construção de dois navios asfalteiros, em curso entre a administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) e representantes da Venezuela, foi interrompida, mas deve ser retomada na próxima semana.
Uma fonte da administração dos estaleiros disse à agência Lusa que as reuniões decorriam desde quinta-feira e foram interrompidas na terça-feira à noite, para “preparação de documentação”.
“As negociações prosseguem satisfatoriamente. Retomam para a semana”, acrescentou a mesma fonte.
Também a comissão de trabalhadores da empresa acredita num desfecho positivo desta renegociação para, “de uma vez por todas”, começarem a construção dos dois navios, num negócio de 128 milhões de euros.
“É um projeto aliciante para todos nós e uma viragem de página para os estaleiros. Este negócio, além do encaixe financeiro, representa a entrada da empresa num novo nicho de mercado, de navios mais avançados e também mais lucrativos”, afirmou o seu coordenador, António Costa, admitindo acreditar num “desfecho positivo” das negociações.
Desde quinta-feira que uma delegação da secção naval da PVDSA (empresa de petróleos da Venezuela) estava em Portugal para a negociação final das adendas ao contrato propostas pela empresa.
Em cima da mesa está a necessidade de o Estado garantir que o processo em curso de reprivatização dos ENVC não interferirá com o negócio e nos compromissos assumidos.
Em termos de prazos, admite-se que a entrega dos dois navios aconteça em 2014, ou seja, com um ano de atraso face ao primeiro contrato, celebrado em 2010, mas a empresa ainda não confirma este cenário, por estar a negociar os últimos pormenores do contrato.
Outra das questões a analisar pelos responsáveis da PDVSA é a aquisição da matéria-prima para estas construções, face às dificuldades sentidas pelos ENVC para negociarem com os fornecedores desejados pelo armador, por estarem obrigados às condições da contratação pública.
Nesse sentido, admite-se uma solução em que poderá ser a própria PDVSA a assumir a aquisição desse material, desde o aço aos motores e outros equipamentos.
Esta negociação arrasta-se desde junho e já implicou visitas de delegações dos ENVC à Venezuela, para acerto das várias adendas que deverão ser feitas ao acordo inicial.
“Estamos desejosos por começar este projeto. Só esperamos que a negociação que está a decorrer chegue a bom porto e que permita de uma vez por todas começar a construção”, enfatizou António Costa.
O coordenador da comissão de trabalhadores sublinhou ainda tratar-se de uma construção “muito avançada”, que vai “melhorar ainda mais os conhecimentos tecnológicos” da empresa.
“Além disso, face à necessidade que a PDVSA tem, se ficar bem servida com estes dois navios, naturalmente que acreditamos, no futuro, ter mais navios para construir para a Venezuela”, admitiu ainda.
Esta será já a segunda revisão ao contrato, depois das alterações dos prazos de entrega, negociada já no início deste ano.
O início da construção já leva cerca de um ano de atraso e o contrato representa cerca de 1,3 milhões de horas de trabalho.
Estes dois navios, com 188 metros de comprimento, destinam-se ao transporte de asfalto.
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