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O ambiente geral no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Monção (SCMM) “é de muita tristeza”. A descrição foi divulgada ao final da tarde desta quarta-feira pela Mesa Administrativa da Instituição que, recorde-se, conta com 48 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (COVID-19). São 38 utentes e 10 profissionais afetados pela nova doença.
Os 58 utentes que tiveram resultado negativo no teste foram alojados numa unidade hoteleira do concelho, mas nem por isso vivem dias melhores.
“Habituados ao seu ambiente, aos cantos conhecidos, palmo a palmo, e mesmo de olhos vendados, (…) as quase seis dezenas de utentes encontram-se totalmente isolados, cada qual no seu quarto, sem convívio algum, sem sair à rua, (…) ou para tomar qualquer refeição, sentem a solidão por companhia”, contra a Mesa Administrativa.
“Nem a presença de apoiantes (auxiliares e enfermagem), porque são sempre as mesmas duas pessoas, para cada qual, lhes podem servir de alento”, acrescenta.
“É duro… Mete dó”
Os últimos dias têm sido de grande sobressalto neste Lar devido à chegada dos resultados dos testes à COVID-19. Numa primeira vaga, chegou a notícia de oito infetados naquele espaço. Dias depois, esse número disparou para 38. E esta terça-feira alcançou os 48 infetados.
Os números, evidentemente, arrasaram o coração da equipa responsável. Idosos infetados de um lado e idosos não infetados do outro… num hotel… mas também mergulhados na tristeza.
“Quem se poderá admirar que não custe estar nestas condições, dias a fio, ainda que em quartos dum Hotel? É duro. É isolamento, mas é obrigação imposta e contra isso nada poderemos fazer. Mete dó”, prossegue a Mesa da SCMM.
Aflição continua
Esta quarta-feira, uma utente infetada teve mesmo de ser transferida para o Hospital de Viana do Castelo “por complicação do seu estado de saúde, mormente em matéria de respiração”.
“Trata-se duma idosa que não é natural nem tem residência habitual no nosso Concelho, apenas se encontrava cá institucionalizada. Acompanhamos, com cautela o evoluir da situação”, garante a Santa Casa.
Entretanto, outros inimigos do corpo e da alma se levantam nos corredores da SCMM.
“A angústia cresce a cada hora que se vai deixando para trás, as energias vão provocando algumas mazelas, a fadiga torna-se inimiga, mas a valentia das guerreiras vai aguentando horas e dias a fio, enquanto já recrutamos mais três funcionárias, via Centro de Emprego, aguardando mais meia dúzia, tal como já se encetaram mecanismos para agilização de voluntárias”, conclui a Mesa Administrativa.
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