“É um documento que peca por tardio”. Estava dado o mote para a tertúlia sobre o Plano Estratégico de Reabilitação Urbana de Monção (PERU). Previsivelmente, António Barbosa abriu o evento de baterias apontadas à gestão socialista. “Foi apresentado numa altura inoportuna. Encontra-se num período de discussão pública mas as pessoas estão nesta altura a pensar noutras coisas e o ambiente que se vive é já de campanha eleitoral”, lamentou o vereador e candidato pelo PSD à Câmara de Monção. “Falamos muito em reabilitar mas esquecemos o regenerar ou seja, trazer pessoas. No futuro, esta Câmara terá de ter uma preocupação séria com o casco urbano”, considerou António Barbosa acrescentando que aquela zona “tem de ser um agente indutor do nosso turismo”.
Ainda durante a introdução ao debate, o líder social-democrata fez questão de recordar o projeto de reabilitação da Estrada Nacional 101 entre a rotunda de Cortes e a rotunda de acesso ao centro urbano/ponte internacional, numa extensão aproximada de 700 metros. António Barbosa voltou a sublinhar que o PSD não é contra a obra, no entanto tem como prioridade o centro histórico da vila.
Esta intervenção, cujo prazo de execução é de 365 dias, foi adjudicada por 477 242,44 euros, imposto incluído, após realização do respetivo concurso público, tendo sido aprovada por deliberação camarária na reunião ordinária de 24 de abril deste ano. O projeto, que corresponde à 1ª fase de um investimento global que terá continuidade até à futura rotunda de S. Pedro, prevê a criação de separador central, beneficiação do pavimento, zonas verdes e arborização, passeios em ambos os lados e reforço da iluminação pública.
Especialistas preocupados: “Monção chegou a um ponto tal em que tudo é urgente!”
Esta tertúlia, promovida pelo PSD Monção, contou com a presença de três especialistas na área da reabilitação urbana. Entre eles João Miguel Felgueiras, jovem arquitecto que apresentou no ano passado uma nova proposta de Requalificação Urbanística da Avenida D. Afonso III, envolvente da antiga estação da CP. O trabalho, que foi tese de Mestrado, aborda os principais espaços públicos do concelho: Largo do Souto, Largo da Estação, Praça da República, Praça Deu-la-Deu e Parque das Caldas.
No largo da Estação, para além da manutenção de todo o património edificado pela CP, o arquiteto sugere a construção de um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para 300 viaturas. Para o arquiteto, um dos casos mais preocupantes é a “desordem” verificada na Praça da República.
Também na área da arquitetura, mas com um currículo mais vasto, o arquitecto Mário Fatanga mostrou à Rádio Vale do Minho uma visão semelhante. “O centro histórico de Monção está muito abandonado. Deve ser feita uma reabilitação das casas mais degradadas e apostar no arranjo de pavimentos”, apontou Mário Fatanga para quem o PERU apresentado falha pelo “vazio de ideias”. Nesta vertente, o arquitecto defende “um incentivo à habitação entre os jovens e também ao pequeno comércio”. “Monção chegou a um ponto tal em que tudo é urgente!”, desabafou à Rádio Vale do Minho. “A Praça Deu-la-Deu e a Praça da República, por exemplo, deveriam ser mais virados para as pessoas e não tanto para os carros”, concluiu o arquitecto.
“Espaço totalmente decadente”
Joaquim Vieira foi também outro dos especialistas presentes nesta tertúlia. À Rádio Vale do Minho, o engenheiro civil fala de “um centro histórico que há muito que precisa de ser reabilitado”. “Ideias há muitas. Dinheiro há pouco. O PERU já deveria ter arrancado há mais tempo. O espaço histórico de Monção está totalmente decadente”, avaliou o engenheiro que lamenta o “excesso de rotundas” no concelho. “Quando vou a concelhos limítrofes comparo e vejo que Monção continua atrás. Temos como exemplo os Arcos de Valdevez e a Avenida que liga o concelho à Ponte da Barca. Há muito a fazer ainda por cá”, concluiu.
Na plateia, a sessão contou com algumas dezenas de participantes. Este tema não deverá escapar ao discurso de António Barbosa durante a sua apresentação oficial como candidato pelo PSD à Câmara de Monção. A cerimónia está agendada para sexta-feira. Vai ter lugar na Praça Deu-la-Deu, precisamente em pleno centro histórico da vila. O início está marcado para as 21h05.
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