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Já se perdeu a conta aos eventos que o novo coronavírus (COVID-19) levou em todo o Vale do Minho. Entre cancelamentos e adiamentos, o povo vai-se conformando com a dura realidade do vazio. Do silêncio. Uma lista de eventos que vai aumentando, à medida que a doença permanece entre nós.
Dessa lista, já faz parte um dos momentos religiosos mais queridos entre os monçanenses e que atrai milhares de pessoas vindas de todo o Norte do país e da Galiza: as Festas em Honra de Nª Srª da Rosa. Realizam-se sempre no segundo fim-de-semana de maio. Este ano teriam lugar nos próximos dias 9 e 10 desse mês.
No sábado à noite, a partir das 21h30, celebra-se a habitual procissão de velas pelas principais artérias da vila com a imagem de Nossa Senhora da Rosa a ser transportada por jovens. Um momento muito participado pela população local.
A partir das 24h00, inicia-se a ornamentação das ruas do centro histórico pelos respetivos moradores. O trabalho dura grande parte da noite, aliando-se o trabalho dos residentes ao convívio e comentários de quem passa.
De manhã, as ruas acordam enfeitadas com pétalas, funcho, borras de café e serrim de várias cores com criativos desenhos geométricos e diversos motivos religiosos. Até início da tarde, são milhares as pessoas que visionam os tapetes floridos e que, a partir das 16h30, participam na missa solene na Igreja Matriz seguida da bênção, distribuição de rosas e procissão pelo centro histórico.
Tudo cancelado. A razão é evidente. Impõem-se as medidas contra a propagação da nova doença que assola o concelho, o país e o mundo.
“Devido às circunstâncias atuais, estamos impedidos de o fazer. Mas havemos de viver a Fé de uma maneira mais individual sem deixar de celebrar Nª Srª da Rosa”, disse à Rádio Vale do Minho o padre Salvador Fernandes, pároco monçanense. “Claro que os tapetes não vão existir! Tudo aquilo que implique multidão e pessoas juntas está fora de questão”, confirmou o sacerdote.
Padre Salvador Fernandes: “É uma tristeza muito grande. Até parece que estamos a viver num mundo diferente!”
Em tom visivelmente triste, o sacerdote dificilmente encontra palavras para definir a amargura causada pelo novo vírus na terra que o viu nascer. “É uma tristeza muito grande. Até parece que estamos a viver num mundo diferente!”, desabafou. “Mas temos de habituar-nos e ser criativos. Mas mesmo a partir de agora nunca mais nada será como dantes”, considera.
O Largo de Camões é outro dos espaços emblemáticos nestas festividades. Todos os anos é ornamentado por vários trabalhadores da autarquia. Nesta tarefa, contam com a colaboração de elementos de uma associação de Ponteareas, localidade galega que dista sensivelmente 15 quilómetros de Monção.
Esta amabilidade é retribuída na Festa do Corpus Christi com uma comitiva de trabalhadores locais a fazer trabalho semelhante numa rua do casco urbano de Ponteareas. Uma festividade galega que, previsivelmente, será também cancelada devido às medidas de prevenção.
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