De olhar sereno, profundo, e do alto de uns longos cabelos brancos, a menina Generosa, natural da freguesia de Parada, em Monção, contemplava toda a gente que a rodeava. No Lar da Santa Casa da Misericórdia daquele concelho o dia foi de festa. E a festa… foi para ela!
À sua frente surgiu um enorme bolo na forma de três míticos algarismos: 100.
A jovem, visivelmente cansada após um dia que vinha sendo festejado desde manhã com os familiares mais próximos, deixava transparecer uma gratidão profunda em cada olhar que lançava aos presentes na festa do centenário.
E estavam lá todos… incluindo o Vice-Presidente da Câmara Municipal, João Oliveira, e ainda a própria imprensa local. Todos para festejar a generosidade dos 100 anos da tão estimada menina Generosa.
Vice-Presidente da Câmara, João Oliveira, marcou presença no centenário
[Fotografia: Rádio Vale do Minho]
Cantaram-se os Parabéns. Ofereceram-se prendas. Longo aplauso para a jovem que hoje, mais que nunca, a todos encanta com os longos, cuidados e irrepreensíveis cabelos brancos, demonstradores de conhecimento e de uma invejável experiência de vida.
Três velas acesas num bolo a condizer com a fantástica idade alcançada pela jovem
[Fotografia: Rádio Vale do Minho]
“A minha avó foi e é das pessoas mais maravilhosas que podemos conhecer à face da Terra”, atestou Cândida Correia, uma das netas da centenária, à Rádio Vale do Minho.
“Criou sete filhos sozinha. Estão todos vivos. Durante muitos anos levantava-se às cinco da manhã para levar o gado para o campo e muitas vezes deixou de comer para dar aos filhos”, contou.
Mas a generosidade da menina Generosa parece não conhecer limites. “Criou os netos, incluindo eu. Até aos 17 anos dormiu comigo”, prosseguiu a descendente sublinhando que a avó “gosta muito de rezar o terço”.
Generosa Rodrigues levou toda uma vida de sacrifício dedicada à agricultura
[Fotografia: Rádio Vale do Minho]
Hoje, a jovem Generosa Rodrigues é definida como a “matriarca” da família. “Ainda interage muito e tenho a certeza que, mesmo estando agora bastante cansada, vai guardar na memória dela os momentos que hoje se passaram”.
O Provedor da Santa Casa da Misercórdia de Monção marcou também presença nesta festa e apontou a causa principal para tão vetusta idade.
“Esta longevidade deve-se a Deus! E por isso é que começamos o dia de hoje com uma Missa de Ação de Graças por esta tão preciosa e belíssima idade”, disse Armindo Ponte.
Nascida a 24 de janeiro de 1922, a aniversariante começou logo por viver ainda bebé a reta final da pandemia da gripe pneumónica em Portugal. Com pouco mais de 10 anos, viu Portugal mergulhar no Estado Novo.
Enquanto a II Guerra Mundial acontecia lá ao longe, Generosa trabalhava afincadamente. E chegou a tão esperada madrugada do 25 de abril de 1974.
Generosa viu tudo. E continua a ver. Sempre com um impressionante olhar profundo de gratidão a quem lhe quer bem.
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