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Viana do Castelo

Mesmo em ano de dificuldades conta do café foi “oferta” em Viana

2 Janeiro, 2013 - 08:53

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Entrar no ano de todas as dificuldades sem pagar a ‘conta’ é uma oferta aos clientes que o proprietário do café do Repouso, em Viana do Castelo, decidiu manter em 2013, tal como o faz há três décadas.

Entrar no ano de todas as dificuldades sem pagar a ‘conta’ é uma oferta aos clientes que o proprietário do café do Repouso, em Viana do Castelo, decidiu manter em 2013, tal como o faz há três décadas.

“Não olho à despesa, mas a maior parte das coisas até vem da minha casa. No fim, mais cinquenta ou menos cinquenta, não me afeta. Não é por aí que vem a crise”, explicou à agência Lusa o proprietário do café do Repouso, em Chafé.

Uma tradição que Miguel Sampaio Lima literalmente alimenta desde 1981, quando tomou conta do café e, “por mera brincadeira”, decidiu não cobrar nada aos clientes que foram ao seu estabelecimento no primeiro dia do ano.

“Começou com um café e depois um porto. Agora é toda a tarde”, conta.

É que foi também neste dia que se casou, em 1976, e por isso a “brincadeira” pegou e “virou tradição” junto dos clientes.

Admite que alguns vão ali apenas no primeiro dia de cada ano: “Há pessoas que vêm de fora, muitas vezes para verem se é verdade [a oferta]”.

Outros conhecem bem os ‘cantos’ à casa mas ficam sempre agradados com a oferta do “patrão”. “É uma boa forma de começar o ano. É uma lembrança que tem nesta altura e que dá esta camaradagem toda”, conta João Loureiro, já de volta da mesa dos “comes e bebes”.

Antigo construtor civil, Miguel Lima, atualmente com 54 anos, decidiu “arrumar a pá e a pica” depois de os calotes terem começado a surgir, uns atrás dos outros, e “pegou” naquele café.

Ontem, além da despesa ao balcão, ofereceu aos clientes, sejam de todo o ano ou só de circunstância, moelas, camarão, rojões, caprichos, bolinhos de bacalhau, peru, caldo verde e até santola. O vinho e outras bebidas também não faltaram.

Uma espécie de “prenda” aos clientes, sobretudo os do ano inteiro, mas que representa um rombo na caixa que “ronda” os 500 euros.

“Mas, no fim do dia, fico satisfeito”, confessa Manuel Lima, já com o som de fundo das concertinas e cantares ao desafio que, ao longo da tarde, animam a festa do primeiro dia do ano naquele café.

Para já, e perante um ano que todos afirmam ser de dificuldades, ainda espera poder repetir a oferta em 2014.

“Já há uns anos que vou dizendo que está fraco, que está fraco, mas vamos aguentando. Vamos ver”, desabafa.

A todo este ritual assiste sempre Carlos Silva, de 58 anos.

“É uma festa espetacular, já cá venho há 26 anos”, conta este cliente “ferrinho” do café do Repouso.

E se 2013 será de redobrada austeridade, nada melhor que começar o ano sem pagar a conta no café.

“Todos tesos, mas alegres”, remata.

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