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Melgaço: Festanças nas Termas até de madrugada regressam quase 100 anos depois

6 Outubro, 2019 - 14:35

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PUB As Termas de Melgaço preparam-se para duas noites de festa rija. O Festival Nature Melgaço está a captar as atenções do Alto Minho e da Galiza. Mas a ideia […]

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As Termas de Melgaço preparam-se para duas noites de festa rija. O Festival Nature Melgaço está a captar as atenções do Alto Minho e da Galiza. Mas a ideia até nem é de todo original. Mostra uma evidente inspiração nos anos de ouro que o espaço viveu há quase um século.

 

“Hotéis estão à cunha. Os hoteleiros não têm mãos a medir”

 

Foi há precisamente 100 anos que o balneário termal de Melgaço começou a nascer. Segundo conta o investigador Valter Alves no seu blog Melgaço, entre o Minho e a Serra, foi em 1919 que começou a ser construída uma das alas do edifício por forma a dar-se imediatamente início à actividade, que se manteve quase até ao final da construção. Eram 10 banheiras em ferro esmaltado e uma sala de duches, tendo duas caldeiras de vapor para aquecer as águas dos banhos, conforme relatório da visita efectuada em 1923 pela Inspecção das Águas Minerais à estância.

A obra só viria a ficar concluída em 1924 mas, dois anos antes, já Melgaço era destino turístico de excelência. Em julho de 1922, ainda de acordo com Valter Alves, a imprensa da altura apontava os preços elevados praticados nos hotéis da estância. Recomendava-se prudência, “pois desta forma muito concorrerão para o desenvolvimento desta localidade”, lia-se no jornal Notícias de Melgaço, a 10 de Julho de 1922.

O país vivia uma situação económica favorável e isso refletia-se no comércio e restauração. “Não há exemplo, desde que frequento esta estância, de maior movimento, como agora. Os hotéis estão à cunha. Os hoteleiros não têm mãos a medir”, escreveu na altura um leitor ao jornal Melgacense.

 

Hotel Ranhada era o ‘rei’ da festa

 

Não tardou até que os hotéis começassem a organizar festas e bailes para os aquistas. O Hotel Ranhada estava na linha da frente. “Os hóspedes mais entusiasmados são os da Quinta do Peso e Ranhada. Os do Rocha são mais sossegados, mais maduros, a cuja cura de repouso se entregam sob o mais rigoroso preceito, tendo apenas por distração algum canto, música e o indispensável quino”, escreveu o jornal Melgacense em setembro de 1926.

O mesmo periódico registou ainda uma grande festa realizada no Ranhada a 1 de setembro desse ano. “Uma festa elegante. Música no parque, danças populares, jogos de rapazes e à noite no Salão de baile, dança, música, canto e versos recitados a primor”, descreve.

 

Eletricidade ajudou ainda mais ao êxito

 

Com a chegada da eletricidade a Melgaço, o êxito das Termas começou a alcançar recordes inimagináveis. Em 1935 começou a direção clínica “a empregar sistematicamente as curvas glicémicas como meio de investigação dos efeitos das águas na diabetes”. E havia festas de caridade até altas horas da noite. Com maior frequência o Parque, o Pavilhão das Águas, os salões dos hoteis se animaram com as galas de iluminações nocturnas, as harmonias de bandas de música e orquestras, a elegância dos bailes e a alegria das quermesses”.

Os candeeiros a gás começaram a desaparecer em 1931. A luz elétrica estendeu-se a toda a vila. Para esta instalação, a Câmara Municipal pediu autorização à Secretaria Geral das Finanças, para contrair um empréstimo de 150 contos para financiar a operação.

 

Começa o declínio…

 

Os anos dourados das Termas de Melgaço chegariam ao fim durante a década de 50. Começavam a aparecer novos processos terapêuticos – como a quimioterapia. Surgiam também novos destinos turísticos, sobretudo as praias. A água termal passou a ser substituída pelo sol e pela água do mar.

Nos últimos anos, não só Melgaço como vários Municípios em todo o país têm vindo a realizar sucessivas tentativas por forma a revitalizar as respetivas estâncias termais. O processo tem-se mostrado moroso e, em alguns casos, pleno de avanços e recuos. Ainda ninguém conseguiu descobrir a fórmula ideal para voltar a dar a vida de outrora a estes espaços.

Em Melgaço, é agora a vez da OCRAM, empresa de gestão de ativos hoteleiros fundada em 2016. Numa primeira radiografia ao espaço, feita no passado mês de julho, a OCRAM admitiu que está perante um desafio devido à falta de oferta hoteleira. Promessas? Apenas a de trabalhar em colaboração com o parceiro público – a Câmara Municipal de Melgaço, que detém 51% da Empresa Municipal Cura Aquae.

 

Festival Nature Melgaço pode ser a receita que faltava

 

Sem perder tempo, a OCRAM deitou mãos à obra. Mesmo sem data para a reabertura das Termas, a empresa começou a apostar na dinamização da estância termal. Surge assim o Festival Nature Melgaço, a ter lugar na próxima sexta-feira e sábado.

“Vamos ter DJ’s, vamos ter bailarinas, vamos ter food trucks e várias barracas de vinho Alvarinho”, revelou à Rádio Vale do Minho o diretor de operações da OCRAM, Paulo Freitas.

O pavilhão da fonte será o palco principal. Dois dias de festa – literalmente – a arrancar às 16h00 e a terminar madrugada dentro.

Os bilhetes para este festival já estão à venda. Podem ser adquiridos em vários pontos de Melgaço e de Monção. Estão também à venda online na Blueticket e Ticketline. Poderão também ser comprados no próprio dia do evento. Para homens, o bilhete para os dois dias terá um preço de 15 euros. Para senhoras, o preço é de 5 euros por noite.

O recinto do festival, para além do pavilhão da fonte principal, inclui grande parte da área envolvente.

 

[Fotografia: Hóspedes em convívio no Hotel Quinta do Peso, próximo das Termas de Melgaço, em 1904 / Blog Melgaço, entre o Minho e a Serra]

 

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