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Paredes de Coura

João Carvalho: “O Paredes de Coura já rivaliza com muitos festivais do mundo”

9 Julho, 2019 - 18:18

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PUB João Carvalho é dos nomes que por esta altura mais se repete em Paredes de Coura. Todos conhecem este filho da terra. Nasceu com a rádio no coração… e […]

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João Carvalho é dos nomes que por esta altura mais se repete em Paredes de Coura. Todos conhecem este filho da terra. Nasceu com a rádio no coração… e hoje tem uma – a nossa. Mas não se contentou. Numa história que já foi contada e recontada enésimas vezes, já faltará pouco para figurar nos compêndios da História courense aquele dia quente de 1992, em que o grupo de amigos decidiu dar um passeio pela praia fluvial do Taboão. “E se fizéssemos aqui um festival?”, atirou um.

Dito e feito. No ano seguinte começava ali uma história que já vai longa. Com tantas histórias e estórias como os enormes camiões que por ali já passaram para montar e desmontar palcos. Num sítio mais do que improvável, rebentou o Big Bang do festival que hoje orgulha os courenses, o Alto Minho e o país. “Já rivaliza com muitos festivais pelo mundo fora, como em Londres ou Nova Iorque”, começou João Carvalho à Rádio Vale do Minho.

Do grupo de amigos que fundaram o Festival de Paredes de Coura, João Carvalho é o rosto. Já são anos e anos a dar entrevistas a órgãos locais, nacionais e internacionais. Só que desta vez saiu de casa pela manhã para o trabalho, como sempre faz, e deu boleia à rádio que ‘inventou’ vai para 10 anos e que lidera audiências na região.

 

“Esta edição tem nomes tão bons que é preciso recuar até 2005 para encontrar uma edição idêntica.”

 

“Nesta edição vamos ter um cartaz completo. Junta grandes nomes da atualidade aos nomes que fizeram e fazem a história da música no mundo”, descreveu. “Quase todos os artistas que este ano vão estar em Paredes de Coura estão nas bocas do mundo”. Alguns deles nem só na música, como é o caso de Patti Smith que recentemente foi premiada em Nova Iorque pelo seu mais recente livro intitulado Devoção.

Pleno de confiança, o diretor da Ritmos, empresa que promove o festival, está totalmente convencido de que esta será “a melhor edição de sempre”. Como já foram tantas e tantas. Mas, afinal, este é um festival que se tem superado a si próprio. “Esta edição tem nomes tão interessantes e tão bons que é preciso recuar à edição de 2005 para encontrar uma edição idêntica”, traçou.

 

 

Car Seat Headrest “é sagrado”

 

Do menu para este ano fazem parte nomes como The National, New Order, Car Seat Headrest, Boy Pablo, Patti Smith entre outros. “Quero ver os Car Seat Headrest. Isso já toda a gente sabe. É sagrado”, sublinhou com um sorriso que de imediato passou a um sorriso… mais triste. “Dificilmente consigo ver muitos concertos nos festivais. É frustrante contribuíres para a felicidade de tantos e não conseguires a tua própria felicidade”, desabafou. Gargalhadas.

 

“Dificilmente consigo ver muitos concertos nos festivais. É frustrante contribuíres para a felicidade de tantos e não conseguires a tua própria felicidade.”

 

Os Khruangbin, os Parcels, Boy Pablo e The National estão também na lista ‘obrigatório ver’ de João Carvalho. Resta apenas saber se a azáfama dos bastidores vai dar permissão ao rosto que gere toda uma colmeia gigante que dá corpo a quatro noites em que passam pelo recinto mais de 100 mil pessoas.

O fecho da edição deste ano estará a cargo da veterana Patti Smith. Do alto dos seus 72 anos promete deslumbrar a plateia com os melhores êxitos. Em jeito de palpite, dizemos nós que o último tema a ser tocado – o grande final – será Because the Night. Mas logo se verá. “O Paredes de Coura sempre primou por figuras que fizeram e fazem a história da música. A primeira vez que os Sex Pistols, os Motorhead – entre outros – estiveram em Portugal foi em Paredes de Coura”, recordou.

 

 

Patti Smith em digressão europeia “por nossa causa”

 

O cartaz da edição deste ano já foi mesmo considerado por alguns jornalistas lá por fora como “o melhor cartaz da Europa”, revelou João Carvalho. “Mas foi um ano complicado para conseguir-se bandas. O mundo da música não é assim tão grande como se possa pensar. Faltaram cabeças de cartaz aos nossos festivais e a muitos que se realizam pela Europa fora”, apontou. “Por isso, ter esta super edição num ano com estas condições é muito bom”.

Mas o poucochinho é palavra que nunca fez parte do dicionário do Paredes de Coura. Não vem? Insiste-se. Continua a não vir? Arranja-se ainda melhor. “A Patti Smith só está em digressão europeia por nossa causa. Fomos nós que insistimos. Fomos nós que lhe dissemos que tinha de ser este ano. Pressionamos. Negociamos e o mesmo aconteceu com os New Order“, revelou. “Houve festivais que lhes pagavam muito mais dinheiro. Isso deixa-me muito satisfeito! Ainda há pessoas que percebem que há festivais melhor que outros e que melhor se adequam ao seu estilo musical”.

 

 

Lotação esgotada está ali ao virar da esquina

 

A lotação esgotada está prestes a ser atingida. João Carvalho sorri. “Esta foi a melhor edição de sempre” é a expressão que tem dito em todas as conferências de imprensa das edições mais recentes deste festival. Risos inevitáveis. “E sabes o que vou dizer na conferência de imprensa deste ano? Foi a melhor edição de sempre, garantidamente”. Nova gargalhada. “Este ano as vendas estão históricas! Temos mais vendas do que alguma vez tivemos nesta altura do ano!”, exclamou.

 

“Teremos zonas de circulação, todas elas em calçada à portuguesa por forma a que as pessoas nunca andem pela terra”.

 

Mas nem só o cartaz promete trazer mais glória ao Paredes de Coura. Há mais novidades. “Melhoramos o que já está bem feito”, afirmou João Carvalho em tom pragmático. “Teremos um pórtico de entrada incrivelmente bonito. O palco será também o melhor de sempre. Terá ecrãs maiores. Haverá um notório reforço de imagem e de som”, adiantou.

Mas há mais inovações que prometem encantar os festivaleiros. “Próximo do pórtico principal haverá uma nova zona de restauração e zonas de circulação, todas elas em calçada à portuguesa por forma a que as pessoas nunca andem pela terra”.

 

António Costa no festival? É possível

 

Quando a próxima edição do Festival de Paredes de Coura arrancar, faltarão menos de dois meses para as eleições legislativas. Embora tenha sido deputado municipal na Assembleia Municipal daquele concelho durante a sua juventude, João Carvalho está hoje mais distante desse mundo. “Acompanho a política como quem acompanha uma série da Netflix. Sempre com sentido crítico”, disse. “Nunca defendendo em demasia os valores da esquerda porque a direita tem também bons valores. Mas jamais em tempo algum serei um político!”.

Visitas de individualidades políticas é algo que também não tem faltado ao Paredes de Coura. Da esquerda à direita, todos por lá passam. Sobretudo os presidentes de Câmara da região que fazem questão de marcar presença pelo menos numa das noites.

 

“Nunca permitirei que o festival seja um circo político! Nem pensar!”

 

Foi em 2014 que o Paredes de Coura recebeu uma das visitas mais históricas: António Costa. Ficou impressionado com a organização do festival. Um ano depois, não resistiu e voltou a Coura. Andava então num braço de ferro com António José Seguro pela liderança do PS. “Estive recentemente com ele e disse-me que estava a pensar vir cá este ano. Mas a vida de um político é complicada. Tanto pode vir como não”.

Mas João Carvalho deixa desde já um aviso a todos os políticos. Fazer campanha dentro do festival? “Nem pensar!”, garante. “Se há pessoas na política que gostam de boa música, então podem vir ao Paredes de Coura. Mas nunca permitirei que o festival seja um circo político!”.

A 27ª edição do Festival de Paredes de Coura vai realizar-se entre 14 e 17 de agosto. Mas antes, há também o Festival Sobre à Vila, entre 10 e 13 de agosto. Uma festa no coração daquele concelho, de entrada gratuita, a anteceder os dias do Taboão. Do cartaz fazem parte nomes como Dream People, Cuckoo Let Us, e Wicked Youth.

 

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