É-lhe mais fácil marcar uma reunião com um ministro em Madrid do que com um secretário de Estado em Lisboa. A confissão – feita naquela voz baixa e pausada com que exprime um discurso fluente, coerente e bem estruturado – é reveladora da descontração com que José Maria Costa nos falou ao longo das três horas e meia, ao jantar no Laranjeira, restaurante que fica à distância de um tiro dos Paços de Concelho de Viana do Castelo.
O entusiasmo dele e a nossa curiosidade obrigaram-no a deixar ficar no prato um dos dois filetes de pescada e a beber apenas dois copos do verde branco Solar de Laredo – fez questão de encomendar um vinho do seu concelho.
Aqui o resumo do que pensa José Maria Costa, 53 anos, um engenheiro químico nascido em Lourenço Marques, que trabalhou nos Estaleiros de Viana e desaguou no PS em 1995, após ter sido militante centrista e católico.
Estaleiros: “Têm de sair já da tutela da Defesa”
A questão dos estaleiros já não se resolve em Viana. Com a nacionalização, a decisão passou a estar centrada em Lisboa, foram-se acumulando erros e deixou de haver um visão clara e estratégica.
Para além da construção naval, os estaleiros deviam ter diversificado a atividade, aproveitando as competências no âmbito da metalomecânica pesada para entrar na produção de plataformas petrolíferas off shore.
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