O Ministro da Cultura destacou esta terça-feira a “responsabilidade social” de Melgaço na recuperação do Património.
Pedro Adão e Silva presidiu à cerimónia de inauguração da 1ª fase das obras de reabilitação, conservação e valorização da igreja do Convento de São Salvador de Paderne.
A primeira fase representou um investimento total superior a um milhão de euros.
“O património é a materialização da nossa resistência à passagem do tempo. Durante a pandemia percebemos bem a falta que fazem estes espaços de partilha, de cultura”, recordou o governante na sua intervenção.
“Muitas vezes pensamos na cultura no seu sentido mais clássico como escultura, literatura ou música. Mas, na verdade, a cultura é também o património da vida coletiva. É a consciência de que fazemos parte de uma comunidade”, sublinhou Adão e Silva.
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Lembrou ainda o Ministro, destacando o exemplo dado por Melgaço, que “a salvaguarda do património tem um papel fundamental para o desenvolvimento do território”. Sobretudo na área do Turismo.
“É também isso que leva os que vêm de fora a querer conhecer. Um país que se conhece mal é um país empobrecido”, concluiu.
[Fotografia: Rádio Vale do Minho]
Batista: “Quando celebramos aqui missa outra vez?”
Visivelmente satisfeito com o andamento do projeto, o Presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista, virou os olhos para o futuro.
“Alguns perguntarão Quando celebramos aqui missa outra vez?… e outros perguntarão E agora? Fica assim? A resposta é não”, assegurou Batista.
“É não porque temos projeto e temos hoje a oportunidade de mostrar ao Senhor Ministro aquilo que são as linhas mestras do projeto para o interior”, da igreja.
A segunda fase irá implicar o investimento de mais um milhão de euros. “Mas temos compromissos da tutela que nos dão a esperança de rapidamente termos uma solução para esta segunda fase”, referiu o autarca.
[Fotografia: Rádio Vale do Minho]
Bispo apela para “não deixar a obra a meio”
Presente na cerimónia, o Bispo de Viana do Castelo começou desde logo por destacar um templo que “é único na sua arquitetura”.
D. João Lavrador apelou por isso a que “não esmoreçamos” e “não deixar a obra a meio”.
De sorriso para o Ministro da Cultura, lembrou que aquele templo é “património” que “expande-se para muitas outras dimensões”. “Atinge muitas pessoas na busca pela beleza, pelo silêncio, pelo passado… na busca aqui de algo que dará sentido à sua existência”.
Sobre a Igreja de Paderne
O edifício apresentava graves condições de conservação, com risco de perda de património, pelo que a autarquia de Melgaço procedeu a uma candidatura ao Aviso Património Cultural-Infraestrutural, do Programa Operacional Norte 2020, cabendo à Direção Regional de Cultura do Norte o apoio técnico à elaboração deste projeto.
É um Monumento de valor inestimável em termos arquitetónicos, históricos e artísticos, mas também socias e de memória coletiva da comunidade, pelo que a continuidade da intervenção no interior tem como principais desafios o respeito e a harmonização entre os princípios litúrgicos e patrimoniais, ambos de enorme importância, e que se pretendem implementar através da conclusão da valorização deste espaço.
Pretende-se, assim, numa segunda fase de obras, levar a cabo trabalhos de conservação e restauro que restituam todo o valor artístico que existe em cada parede, escultura, azulejo, teto policromo e em cada retábulo.
A segunda fase de obras inclui ainda novos equipamentos de iluminação, renovação do presbitério e do mobiliário litúrgico.
Será também implementado um novo sistema de luminária e sinalética de emergência, telecomunicações, sistema de som, novo circuito de tomadas, colocação de meios de primeira intervenção de combate a incêndio, sinalização de emergência, sistema de intrusão e de vigilância (CCTV).
Este monumento nacional pertenceu, originalmente, a uma Ordem feminina que, em 1225, foi substituída pela Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
Foi esta Ordem, aliás, que quarenta anos depois, construiu a igreja românica, também conhecida como Igreja do Divino Salvador.
A Igreja possui um portal românico e no seu interior destacam-se os azulejos seiscentistas numa das paredes, o retábulo de talha dourada da capela-mor e diversas imagens em madeira policroma. Desconhece-se a data exata de fundação da primitiva Igreja. Os vestígios mais antigos conhecidos são datados do século XIII, conforme inscrição na fachada principal.
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