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Melgaço

Fátima Pereira Esteves: De jovem deputada a presidente da Assembleia Municipal

8 Março, 2018 - 08:16

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Entrou no mundo da política há 12 anos atrás. Precisamente pela mão de Artur Rodrigues, antigo presidente da Assembleia Municipal de Melgaço, falecido há poucos dias. “Ele era professor de […]

Entrou no mundo da política há 12 anos atrás. Precisamente pela mão de Artur Rodrigues, antigo presidente da Assembleia Municipal de Melgaço, falecido há poucos dias. “Ele era professor de Matemática aqui na escola. Foi ele que me convidou a entrar como deputada na Assembleia Municipal”. Num concelho que tem como figura emblemática uma mulher, Fátima Pereira Esteves estava talhada para dar passos de gigante em direção à igualdade de género no Município mais a Norte de Portugal. Tornou-se na primeira deputada socialista naquele órgão autárquico. E o talento era tal que passou imediatamente para secretária de Artur Rodrigues, então presidente da Assembleia. “Acho que na altura a política ainda não me fascinava muito. Penso que fui escolhida pelas características de liderança que mostrava na altura. Mostrava-me muito preocupada com as pessoas e com o bem-estar delas”, continuou Fátima Pereira Esteves aos microfones da Rádio Vale do Minho. “Era mais uma mulher de causas. Com o tempo é que fui desenvolvendo o gosto pela política”.

 

 

Fátima Pereira Esteves: “Penso que fui escolhida pelas características de liderança que mostrava na altura. Mostrava-me muito preocupada com as pessoas.”

 

Hoje, Fátima Pereira Esteves é a única mulher no distrito de Viana do Castelo que ocupa o cargo de presidente de Assembleia Municipal. Fez história no passado mês de outubro. Tornou-se na primeira mulher a exercer este cargo em toda a história democrática de Melgaço. “Naquela fase inicial não me via muito em cargos políticos. Outros viram em mim aquilo que eu não via ainda”, disse-nos com uma gargalhada. “Acharam provavelmente que eu tinha jeito para sensibilizar e mobilizar as pessoas”.

Com o passar dos anos, quase que previsivelmente, tornou-se um dos nomes mais proeminentes no PS concelhio e distrital. Estimada e muito respeitada pela comunidade, a professora de matemática nunca mais largou a mão do Município. Com uma prontidão notável, mostrava-se sempre na linha da frente sempre que o concelho e o partido precisavam de ajuda. Foi em meados do ano passado que o convite chegou: o desafio de presidir à Assembleia Municipal de Melgaço. Aceitou. E já conduziu duas sessões. “É um cargo de responsabilidade mas fui muito bem aceite. A nossa Assembleia Municipal é constituída por gente muito jovem e mesmo os que já lá estão há muitos anos acolheram muito bem a ideia de estar uma mulher à frente do órgão. Nunca senti nenhum tipo de constrangimento”, assegurou.

 

 

Fátima Pereira Esteves: “Claro que cheguei a ter medo! Mas o medo era pela responsabilidade e não pela aceitação das outras pessoas.”

 

Questionada se chegou a ter receio antes de iniciar funções, Fátima Pereira Esteves fez a confissão de imediato. “Claro que cheguei a ter medo! Mas o medo era pela responsabilidade e não pela aceitação das outras pessoas”, sublinhou a autarca que, após ter deixado o cargo de jovem deputada na Assembleia Municipal assumiu o cargo de vereadora de Rui Solheiro, antigo presidente da Câmara. Passou depois, em 2013, a vereadora de substituição de Manoel Batista que hoje preside à Câmara Municipal de Melgaço. “Foram vários anos afastada da Assembleia Municipal. Saí um bocadinho dessa orgânica e de repente via-me na iminência de assumir um cargo desses, que é de muita responsabilidade”, sublinhou.

O pulso de ferro e a capacidade de liderança voltaram a fazer a diferença na vida de Fátima Pereira Esteves. A mesma coragem e ousadia da jovem rapariga que há 12 anos tinha feito história na Assembleia Municipal de Melgaço voltaram a brilhar com mais intensidade. Na noite de 1 de outubro de 2017, o nome desta melgacense foi notícia em todo o distrito de Viana do Castelo e até mesmo em todo o país. Melgaço tinha, pela primeira vez na sua história, uma mulher a presidir à Assembleia Municipal. Foi um ano que se tornou também histórico em todo o país neste campo autárquico. De acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério da Administração Interna, são 32 as mulheres que assumiram a presidência de Câmara, mais nove do que em 2013.

 

Fátima Pereira Esteves: “A mulher ainda é um pouco discriminada na política. A mulher vê-se hoje quase que obrigada na política a demonstrar muito mais do que o que deveria.”

 

Percentualmente, contudo, continua a ser um número residual de responsáveis autárquicas face ao global de 308 câmaras. Ou seja, elas representam 10,8% do total de autarquias. No entanto, Viana do Castelo está entre os sete distritos que ainda não tem qualquer mulher à frente dos destinos autárquicos. “A mulher ainda é um pouco discriminada na política. A mulher vê-se hoje quase que obrigada na política a demonstrar muito mais do que o que deveria. Claro que hoje estamos muito melhor do que há décadas atrás, mas é um trabalho que se faz devagar”, considera Fátima Pereira Esteves para quem a mulher faz sempre falta nos órgãos autárquicos. “Nós temos outro tipo de sensibilidade. Outra maneira de ver as coisas”, realçou.

Para além de autarca, Fátima Pereira Esteves é professora de Matemática e também é mãe. Uma vida ocupadíssima que tem de ser gerida ao minuto. “O dia tem de ser muito bem organizado. Se tivermos uma boa capacidade de organização, conseguimos fazer tudo. Pelo menos até agora tenho conseguido gerir bastante bem”, concluiu.

Assinala-se esta quinta-feira o Dia Internacional da Mulher. Uma ideia que surgiu nos primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado no início do século, até a década de 1920. Desde essa data, o dia tem vindo a ser comemorado em vários países, de forma a reconhecer a importância e contributo da mulher na sociedade.

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