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Viana do Castelo

ENVC: Novo atraso nos asfalteiros representa mais três meses sem trabalho

31 Maio, 2012 - 14:57

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Os trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo afirmaram hoje que a empresa vai continuar mais três meses sem utilizar a sua força laboral, agora que foi conhecida nova reprogramação na construção dos asfalteiros para a Venezuela.

Os trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo afirmaram hoje que a empresa vai continuar mais três meses sem utilizar a sua força laboral, agora que foi conhecida nova reprogramação na construção dos asfalteiros para a Venezuela.

“Tendo em conta que a administração aponta o novo acordo para julho, estamos a falar de mais três meses de atraso até chegar o aço e podermos começar a trabalhar. Até lá, a nossa força laboral continuará a não ser usada na sua plenitude”, afirmou hoje à Agência Lusa o porta-voz da comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).

Face a este retrocesso, António Barbosa não esconde que os trabalhadores estão “muito apreensivos e preocupados”, embora reconheçam a atitude da Venezuela, de manutenção do negócio, apesar dos vários meses de dificuldades.

“Sabemos que se fosse outro armador não teria esta postura. É com muito agrado que vemos esta abertura da Venezuela, que continua a dizer que precisa dos navios para aquela data [2014] e quer que seja Viana do Castelo a construir”, sublinhou.

A empresa, totalmente detida pelo Estado, emprega nesta altura 637 trabalhadores.

Em causa está a reprogramação do início da construção dos dois navios, hoje revelada pela Agência Lusa, precisamente quando se esperava a chegada do aço durante o mês de junho.

Contudo, o processo de aquisição do material regressa agora ao início, devido às dificuldades da empresa por estar sujeita às regras da contratação pública, o que levou à anulação dos concursos entretanto lançados.

“Sabemos que é uma situação externa aos ENVC e será até ao Governo, mas não ajuda nada à recuperação da empresa, que anda há meses a querer começar a construir os navios”, acrescentou António Barbosa.

Em causa está um negócio de 128 milhões de euros, o único contrato firme na carteira de encomendas dos ENVC, celebrado em outubro de 2010 com a presença na empresa do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

O contrato prevê o fornecimento de dois navios asfalteiros à empresa de petróleos da Venezuela, a PDVSA. Contudo, no caderno de encargos, o armador definiu determinados fornecedores, o que tem vindo a dificultar o processo de aquisição do material necessário.

“Atendendo às enormes dificuldades provocadas pelas regras previstas no Código dos Contratos Públicos, a que os ENVC estão obrigados, e ao cumprimentos dos prazos contratuais para a construção dos navios asfalteiros, a administração decidiu, conjuntamente com a PDVSA Naval, negociar uma via alternativa para aquisição dos equipamentos e materiais para estas construções”, disse fonte da empresa portuguesa.

No início de abril, os estaleiros retomaram o processo de aquisição das 22.000 toneladas de aço e previam arrancar com o corte em junho, começando assim a ocupar uma grande parte da força laboral da empresa.

Tratava-se de um concurso público lançado a 12 de agosto de 2011 e ao qual concorreram, na altura, quatro grupos, tendo como preço base 15,6 milhões de euros, face aos valores do aço, na altura, no mercado internacional.

Contudo, esclareceu hoje a administração dos ENVC, os dois concorrentes que continuavam nesta fase foram “excluídos” do processo a 26 de abril, por “incumprimentos do previsto nas peças processuais”.

Igualmente no início de abril, a empresa lançou o concurso público para aquisição, por 10,5 milhões de euros, dos motores para estes navios e cuja aquisição seria adjudicada pelo critério do “mais baixo preço”. Também este processo foi “anulado”, neste caso a 17 de maio.

Face a estas dificuldades, segundo fonte da administração, está nesta altura em curso a renegociação dos prazos e da forma como será garantido o fornecimento do material necessário, que tem merecido a “abertura” da empresa venezuelana.

“Uma equipa dos ENVC deslocou-se à Venezuela no passado dia 15 de maio, tendo estabelecido com a PDVSA Naval os princípios operacionais para um acordo que se pretende venha a ser assinado no início do mês de julho”, sublinhou a mesma fonte.

Nesta altura, a administração não arrisca novos prazos para o início da construção, que já leva cerca de dez meses de atraso.

Trata-se da encomenda de dois navios destinados ao transporte de asfalto, com 188 metros de comprimento, e cuja entrega, após renegociação do contrato inicial realizada já este ano, estava prevista para fevereiro de 2014.

A empresa prevê necessitar de cerca de oito milhões de euros para a aquisição do aço e de uma garantia bancária de 16,44 milhões, para assegurar a encomenda do restante material junto dos fornecedores, mas a comissão de trabalhadores garante que esta linha de crédito ainda não foi disponibilizada.

Este contrato deveria representar cerca de 1,3 milhões de horas de trabalho durante três anos.

Os estaleiros estão em processo de reprivatização, cujo concurso público internacional deverá ser conhecido durante o mês de junho.

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