A Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) admitiu ter sido “apanhada de surpresa” com a nomeação do presidente do Conselho de Administração da empresa para acumular com a liderança do Arsenal do Alfeite.
“É preciso colocar ordem nisto. Não se pode estar num lugar com o pensamento noutros voos e por isso é com apreensão que vemos que continua a dança de cadeiras, quando precisávamos de pessoas para trabalhar na empresa”, afirmou à Lusa António Barbosa.
A nomeação de Jorge Camões, presidente do Conselho de Administração dos ENVC para a administração do Arsenal do Alfeite, aconteceu na sexta-feira e o porta-voz da Comissão de Trabalhadores lembra que, “poucos dias antes”, o administrador “dava a cara” pela empresa de Viana.
“Falou em nome dos ENVC [na Comissão Parlamentar de Defesa] na mesma semana em que é nomeado para administrador, também, do Arsenal do Alfeite. É com muita apreensão que vemos tudo isto, logo à partida porque não fomos atempadamente informados apesar de termos estado com elementos da administração nos últimos dias”, apontou ainda António Barbosa.
O presidente do Conselho de Administração dos ENVC foi nomeado pela Empordef para acumular com as mesmas funções no Arsenal do Alfeite, confirmou hoje à Lusa fonte ligada ao processo.
A fonte acrescentou que Jorge Camões, que é também administrador não executivo na Empordef, foi nomeado, na sexta-feira, em assembleia-geral – por aquela ‘holding’ em representação do Estado -, para liderar o Arsenal do Alfeite.
“É uma nomeação que se justifica com as sinergias que se pretendem aproveitar com os ENVC, mas que não representa um acréscimo de custos”, garantiu a fonte.
Além de Jorge Camões, como presidente executivo, foi ainda nomeado, como administrador igualmente executivo, o almirante Francisco Salgado e reconduzido José Miguel Fernandes, que transita da administração anterior.
As duas empresas de construção naval da ‘holding’ Empordef apresentam vários constrangimentos financeiros, nomeadamente pela falta de trabalho, o que já levou o Governo a anunciar a privatização total dos ENVC até junho.
O Arsenal do Alfeite, com cerca de 600 trabalhadores, tem nas reparações para a Marinha praticamente a sua única carteira de encomendas.
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