Comboio Celta (que pára em Valença) pode ter os dias contados

Com 10 anos feitos este domingo, o comboio Celta, que liga diretamente o Porto a Vigo, na Galiza, pode estar em risco de terminar. 

A operadora espanhola Renfe estará a preparar-se para entrar diretamente em Portugal, o que colocará ponto final a este serviço iniciado no dia 2 de julho de 2013.

Foi nesse dia que, conforme conta o jornal ECO, partiu da estação de Campanhã o primeiro comboio Celta através de uma automotora a diesel da série 592, alugada pela CP à congénere espanhola Renfe.

Em 10 anos, a viagem não ficou mais rápida. Ficou até mais demorada. 

Se em 2013 o trajeto era feito em duas horas e 15 minutos, atualmente são duas horas e 22 minutos. Isto, refere aquele jornal, mesmo após um investimento de 100 milhões de euros na eletrificação e na instalação de sinalização eletrónica na Linha do Minho.

Questionados pelo ECO sobre esta matéria, os Presidentes de Câmara de Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Famalicão mostram-se focados na continuação deste comboio, independentemente do operador.

José Manuel Carpinteira, autarca de Valença, destacou entre outros aspetos a importância fundamental deste serviço para os peregrinos de Santiago.

“Este serviço tem sido, igualmente, importante para os peregrinos dos Caminhos de Santiago, que a ele recorrem em grande número, sendo que esta vertente do turismo religioso é muito importante para Valença, por onde passam, anualmente, entre 80 a 100 mil peregrinos”, referiu.

Recorda ainda o ECO que a Linha do Minho está eletrificada dos dois lados da fronteira desde 2021, mas a tensão na catenária é diferente: 25.000 volts do lado de Portugal e 3.000 volts do lado de Espanha.

Portugal não tem material circulante que possa contrariar a situação, ao contrário de Espanha, onde a Renfe tem a locomotiva da série 252 capaz de rebocar carruagens, independentemente da corrente elétrica instalada. Por ter cerca de 30 anos, a mesma locomotiva poderá ainda ter instalado o sistema de apoio à condução Convel – ao contrário do material circulante novo, já com sistema europeu embarcado

[Fotografia: Arquivo/DR]