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Galiza

Cerca de 1.900 galegos aprendem português mas professores queixam-se de desinteresse e hostilidade

21 Março, 2012 - 13:58

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Na região autónoma da Galiza cerca de 85 professores lecionam, atualmente, a língua portuguesa a 1.900 alunos, mas queixam-se de “alguma hostilidade” dos governos locais e da falta de interesse de Portugal.

Na região autónoma da Galiza cerca de 85 professores lecionam, atualmente, a língua portuguesa a 1.900 alunos, mas queixam-se de “alguma hostilidade” dos governos locais e da falta de interesse de Portugal.

“Em geral, o Governo de Portugal não se tem empenhado publicamente com o ensino do português na Galiza. Os docentes de português sentem-se bastante sós a este nível”, explicou em entrevista à Agência Lusa o presidente da associação Docentes de Português da Galiza (APG).

De Portugal, acrescenta, os apoios surgiram através do Instituto Camões e da Associação de Professores de Português.

Xoán Montero explica que “os governos galegos” têm-se mostrado “indiferentes ou hostis ao ensino do português na Galiza”.

“Nesse sentido, não deram resposta a uma procura que, sim, existe na sociedade, em termos de economia e de cultura”, aponta ainda, acrescentando existir uma “falta de interesse institucional” na introdução do português no ensino secundário galego, assim como a ausência de uma “estrutura docente estável”.

Reivindicam nomeadamente o lançamento, na Galiza, de concursos para a colocação de professores especialistas de língua portuguesa no ensino secundário.

“Na atualidade, esta cadeira é ministrada por professores de língua e literatura galega”, assegura, recordando a falta de criação de vagas para professores formados em português no ensino secundário galego e que “poderia ser resolvido com a intervenção do poder político de Portugal”.

“Não se compreende que abram vagas para professores de francês e não de português. Basta dizer que uma em cada duas empresas de Vigo [maior cidade da Galiza] tem relações com o Norte de Portugal”, explicou, lamentando as “promessas” que ficaram “por concretizar”.

“Pensamos que o Governo de Portugal podia forçar mais nesse aspeto. Podia ter uma palavra a dizer”, acrescenta.

Segundo dados de 2012 da APG, cerca de 25 professores lecionam português nos vários polos da Escola Oficial de Idiomas na Galiza, instituição de cariz público, enquanto que no ensino secundário serão 40.

“Nas universidades de Vigo, Santiago de Compostela e Corunha, é difícil dizer. Mas considero que há, no mínimo, 20 professores, se tivermos em conta as matérias de língua, literatura, tradução e interpretação”, diz ainda Xoán Montero.

Deste total, estima que apenas cerca de duas dezenas de professores da Escola de Idiomas sejam naturais de Portugal.

Por outro lado, a procura, nas escolas de línguas, é “maioritariamente” por adultos, cerca de mil alunos, enquanto que no secundário as aulas de português, segundo a APG, serão frequentadas por 800 jovens galegos, enquanto que no ensino superior esse número deverá rondar a centena.

“Em geral, há um incremento do número de alunos a cada ano. O português cresce pela procura social, apesar da falta de uma estrutura política adequada”, assume o presidente da APG.

A “afinidade cultural e linguística” e as “saídas profissionais” do português como língua de trabalho, nomeadamente no Brasil e em África, são motivos que, para Xoán Montero, explicam o crescimento deste interesse.

Em 2012, a DPG aderiu à Rede Europeia de Associações de Professores de Línguas, entidade que, ao nível da política linguística, tenta “pressionar” os vários responsáveis comunitários para a “defesa do ensino de línguas na Europa”, através da defesa da “maior diversidade possível”.

“Sem essa pressão do lado das associações, há o perigo de que uma ou duas línguas sejam totalmente hegemónicas no ensino”, concluiu Xoán Montero.

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