A Câmara de Caminha admitiu “preocupação” com a possibilidade de a recuperação da duna de Moledo avançar durante a época balnear, pelas consequências que isso representaria para atividade.
“Já transmitimos o nosso receio e preocupação com a possibilidade de a obra decorrer durante a época balnear. Deveria arrancar o mais urgentemente possível para tentar salvaguardar alguma coisa”, afirmou hoje à Lusa o vereador do Ambiente, Flamiano Martins.
A intervenção de recuperação da duna de Moledo só deverá arrancar no segundo trimestre devido a “questões burocráticas” no processo de aprovação da operação, considerada como “prioritária”.
Recentemente, o presidente da Administração da Região Hidrográfica do Norte (ARHN), António Guerreiro de Brito, admitiu tratar-se de uma das “principais preocupações” daquela entidade.
A obra deveria ter arrancado até final de março.
“De certeza que, no segundo trimestre, avançamos com a obra”, explicou o responsável, apontando o objetivo de que “não colida com a época balnear”.
A intervenção, que custará 337 mil euros, já tem o aval do Ministério do Ambiente e todas as candidaturas aprovadas, mas ficou dependente da aprovação de outros ministérios.
A obra deverá decorrer durante dois meses e, por isso, o vereador Flamiano Martins admite que se possa desenrolar durante a época balnear.
A zona de Moledo é um das mais procuradas do norte do país na época balnear.
“Lamentamos, se for isso que aconteça. Mas preferimos que a obra se faça, até porque enquanto não se faz condiciona, por exemplo, a instalação de apoios de praia”, admitiu ainda o autarca de Caminha.
A “recuperação duradoura” da duna de Moledo deverá prolongar-se durante mais de dois meses e envolverá métodos inovadores para “mitigar o impacto paisagístico”, segundo indicou à Lusa fonte da ARHN.
A redução do cordão dunar acontece praticamente em frente ao Forte da Ínsua, alguns metros a norte do local aonde em fevereiro de 2011 uma situação semelhante ameaçou um moinho convertido em habitação.
A água esteve perto de outras habitações, além de ter destruído um guarda-corpos do paredão em cerca de trinta metros.
A intervenção a realizar antes da época balnear, cujo projeto é da autoria do especialista Veloso Gomes, prevê “três ações diferentes, mas complementares”, a começar pelo “tamponamento do topo da estrutura da defesa”, com a colocação de betão ciclópico na extremidade norte da estrutura aderente construída nos anos 40 do século 20.
Será realizada, ainda, a reconstituição da duna, “dotando-a de um núcleo artificial resistente”, uma ação descrita como “inovadora” e que consiste na “colocação de tubos de geotêxtil de grande dimensão”, entre os três e os sete metros, de cor amarela ou ocre, preenchidos com areia e capazes de reter o material sedimentar.
“Serão colocados perto da arriba ao longo de cerca de 330 metros e deverão ser cobertos de areia, de forma a mitigar os impactes paisagísticos”, acrescentou a ARHN.
Prevê também a deposição de areia entre a zona entre-marés e o cordão dunar, “reconstituindo um perfil próximo do anteriormente existente”.
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