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Melgaço

Batista: “Os U2 são um grupo que, de forma tranquila, se afirmou como o maior de sempre”

14 Setembro, 2018 - 20:40

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Não esteve em Vilar de Mouros, mas durante a sua juventude diz ter ouvido muitas vezes falar da “incrível atuação” de quatro rapazes vindos de Dublin, na Irlanda, durante aquele […]

Não esteve em Vilar de Mouros, mas durante a sua juventude diz ter ouvido muitas vezes falar da “incrível atuação” de quatro rapazes vindos de Dublin, na Irlanda, durante aquele festival realizado no Alto Minho. Ainda longe de imaginar-se presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista foi crescendo ao som desta banda que já tinha lançado os álbuns Boy, October e War. Os princípios da década de 80 ficaram, indubitavelmente, marcados pelo ritmo de Sunday Bloody Sunday. “É um tema que nos faz perceber muito aquele que ainda é o espírito essencial da banda. São católicos mas também são irreverentes. Uma marca que procura transportar para a música a capacidade de intervir. Dizer que é preciso fazer diferente, mudar e parar com situações difíceis como as que a Irlanda vivia nesta altura”, recordou o autarca melgacense. Este é considerado um dos temas mais abertamente políticos dos U2 com uma letra a descrever o horror sentido durante o chamado Domingo Sangrento, em 1972, quando em Derry, na Irlanda do Norte, tropas britânicas atiraram e mataram manifestantes de direitos civis.

 

Manoel Batista: “[Sunday Bloody Sunday] é um tema que nos faz perceber muito aquele que ainda é o espírito essencial da banda.”

 

Depois de terem lançado o álbum The Unforgetable Fire, em 1984, os jovens U2 participam num dos espetáculos de rock mais famosos de toda a história da música – o Live Aid, em 1985. Foi um evento foi organizado por Bob Gedolf e Midge Ure com o objetivo de arrecadar fundos para combater a fome nos países africanos, sobretudo na Etiópia. Da atuação da banda irlandesa, destacou-se o tema Bad considerado como “simplesmente fabuloso” por Manoel Batista. “Mas toda a atuação dos U2 inseriu-se numa iniciativa que se tornou absolutamente icónica. Lembro-me desse dia… foram quase 24 horas de música”, lembrou com um sorriso. De facto, este mega-concerto realizado em vários locais do planeta traduziu-se numa das maiores transmissões em larga escala por satélite e televisão de todos os tempos. Estima-se que cerca de 1,5 mil milhões de telespectadores tenham visto em direto os espetáculos do Live Aid.

É neste ano que os U2 mostram abertamente grande admiração pelo cantor Lou Reed. Logo no início do tema Bad, Bono canta um verso do tema Satellite of Love. E termina o espetáculo a interpretar novamente Lou Reed com Walk on the Wild Side. Um final curiosamente decalcado pelos Arcade Fire este ano, durante a atuação no Vodafone Paredes de Coura. A banda canadiana ganhou considerável projeção planetária em 2005 quando o tema Wake Up foi escolhido pelos U2 para anunciar o arranque de todos os espetáculos da Vertigo Tour.

Chegou então o ano mágico de 1987. O álbum The Joshua Tree catapulta os U2 em definitivo para a fama planetária. A loucura pela banda irlandesa começou a contagiar o mundo inteiro. Em apenas dois dias, o álbum torna-se o mais vendido a curto prazo na história britânica: mais de 300 mil exemplares. E a partir daí foi sempre a liderar em países como os Estados Unidos da América (EUA), Canadá e em toda a Europa. Tornam-se capa na prestigiada revista TIME que os consagrou na altura como “Rock’s Hottest Ticket”. É nesse álbum que nascem vários daqueles que ainda são êxitos de ouro da banda, entre eles With or Without You. “Torna-se difícil escolher qual dos temas o melhor. Os U2 conseguiram com este álbum êxitos tão fabulosos! Temos não só a With or Without You como também a Where the Streets Have No Name, entre outros… e que ficaram ainda mais celebrizados com a gravação de um álbum ao vivo de uma digressão que passou por vários países”, apontou Manoel Batista. E o trabalho chamou-se Rattle & Hum. Lançado em 1988, contém gravações ao vivo, covers e músicas novas da época, como Desire, Angel of Harlem e All I Want is You.

 

Manoel Batista: “Esta foi uma fase muito delicada para a banda. Não foi tão mediático mas esteve mesmo para acabar.”

 

“Temos que ir embora e sonhar tudo outra vez”. As palavras de Bono proferidas durante um dos últimos concertos da digressão de 1989, em Dublin, deixaram os fãs gelados. “Esta foi uma fase muito delicada para a banda. Não foi tão mediático mas esteve mesmo para acabar”, conta Manoel Batista. “Mas acaba por acontecer uma viragem surpreendente. Os U2 reapareceram com um novo álbum que rompia com tudo o que tinha sido feito até então”, lembra o presidente da Câmara de Melgaço. Achtung Baby foi lançado em finais de 1991 e a banda surge a misturar rock alternativo com dance music. A inspiração na reunificação alemã é notória. Em poucas semanas acaba por tornar-se um dos álbuns mais bem sucedidos dos rapazes de Dublin e chega à 1ª posição da Billboard 200 dos EUA. O tema Mysterious Ways é tocado vezes sem conta nas rádios, mas este é um trabalho que nos traz também a One já considerada uma das 100 melhores músicas do século passado. É também com este álbum que surge um dos alter-egos de Bono: The Fly, eternizado numa música com o mesmo nome.

A digressão é gigantesca. Nasce a Zoo Tv, considerada uma das tours mais memoráveis da história do rock. Tanto impacto teve que, após terem lançado o álbum Zooropa em 1993, a digressão somaria um total de cerca de três anos na estrada. É nesse ano que os U2 regressam a Portugal depois de Vilar de Mouros. “É também neste álbum que esta patente a capacidade de se reinventarem. De fazerem exatamente o oposto e de criarem uma ruptura no que vinham fazendo até então”, avalia Manoel Batista. “Mas tudo isto sem perder a identidade”, sublinha.

Depois do álbum Pop, em 1997, que acabou por ser um dos mais criticados pelo grande público [seria a própria digressão Pop Mart a salvar aquele trabalho do fracasso total!], os U2 lançam em 2000 All That You Can’t Leave Behind. A banda volta a conquistar a crítica com êxitos como Beautiful Day e Elevation. “Hoje, os U2 estão naquele tipo de bandas onde se entra num concerto e é difícil não cantarmos as músicas todas com eles. São tudo êxitos e a Elevation é quase daquelas que obrigatórias”, prossegue o edil melgacense que não deixou de mostrar alguma surpresa ao saber que a With or Without You não faz parte do alinhamento da atual digressão que passa por Portugal este domingo e segunda-feira. “Talvez a banda queira transmitir a ideia de que ‘somos vencedores de qualquer forma’. Mesmo sem uma das nossas grandes músicas”.

 

Manoel Batista: “Sem a With or Without You no alinhamento, talvez a banda queira transmitir a ideia de que ‘somos vencedores de qualquer forma’. Mesmo sem uma das nossas grandes músicas”.

 

Já a primeira década do novo século ia a meio, quando surge How to Dismantle an Atomic Bomb. Os U2 voltam a visitar Portugal em agosto desse mesmo ano e para a história ficam êxitos como City of Blinding Lights e a eletrizante Vertigo. “Rodei imenso este álbum na altura. Já tinha uma filha com dois anos e consegui pô-la a cantar e a pedir-me insistentemente a Vertigo no rádio. Ela adorava a música”, contou Manoel Batista com uma gargalhada.

Volvidos quatro anos, em 2009, a banda apresenta No Line on The Horizon. “O tema Magnificent é sem dúvida um dos temas mais fantásticos e mais brilhantes da carreira dos U2. É claramente uma das músicas da minha vida!”, assumiu o autarca à Rádio Vale do Minho.

 

Manoel Batista: “O tema Magnificent é sem dúvida um dos temas mais fantásticos e mais brilhantes da carreira dos U2. É claramente uma das músicas da minha vida!”

 

E num instante chegámos à atualidade com o lançamento de Songs of Innocence, em 2014, e Songs of Experience em 2017. Dois álbuns distintos mas que se complementam. Deram origem à digressão iNNOCENCE + eXPERIENCE Tour que está a decorrer desde 2015. “O Songs of Innocence é um álbum mais ténue. Não tem aquela força dos álbuns anteriores. Mas tanto um como outro são dois álbuns muito interessantes”, qualifica Manoel Batista. “No entanto, parecem-me já álbuns em jeito de balanço de carreira. A banda não se preocupa em surpreender”. Dos melhores temas, o autarca alto-minhoto destaca Every Breaking Wave, do Songs of Innocence.  Já do álbum de 2017, a escolha de Manoel Batista vai para Get Out of Yout Own Way, apresentada durante a cerimónia dos prémios MTv Europe Music Awards.

Em síntese, Manoel Batista são hoje “uma banda que fez um percurso extraordinário. Coerente na música e na forma de estar. Um grupo que, de forma tranquila, se afirmou como a maior banda de rock de sempre”. Questionado sobre o que diria a Bono se eventualmente o encontrasse por aí, Manoel Batista teve resposta pronta. “Tentaria perceber um pouco mais sobre quais são as preocupações dele e quais as mudanças que ele acharia melhores no mundo contemporâneo”, disse. “Claro que não falaria de música, porque aí ele é que é o profissional”, continuou com uma gargalhada. “Mas Bono é também um político e um homem espiritual. Daí que a conversa assentaria sobretudo nessas áreas”, concluiu o presidente da Câmara de Melgaço.

 

Manoel Batista: “Bono é também um político e um homem espiritual. Daí que a conversa assentaria sobretudo nessas áreas.”

 

Os U2 atuam este domingo e segunda-feira na Altice Arena, em Lisboa. Será a quinta vez que a banda atuará em Portugal. Desta vez, com a digressão intitulada eXPERIENCE + iNNOCENCE Tour 2018, o grupo de Dublin arranca o espetáculo  com a voz de Charlie Chaplin no filme O Grande Ditador, numa introdução que envolve, em registo pré-gravado, Love Is All We Left e Zooropa. O arranque dá-se com The Blackout no inside screen, um gigantesco painel LED. O resto já se adivinha… sempre a abrir.

 

Veja e oiça o vídeo de Magnificent, uma das “músicas da vida” de Manoel Batista:

 

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