O candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara de Caminha lamentou hoje o ‘chumbo’ dos órgãos nacionais do Bloco de Esquerda ao acordo alcançado localmente sobre uma coligação entre os dois partidos para aquela autarquia.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Alves lamentou este desfecho, admitindo que se empenhou nos últimos meses para tentar estabelecer uma coligação pré-eleitoral de esquerda naquele concelho e “sem excluir nenhum contributo positivo”.
“Empenhei-me para que pudesse correr bem. Lisboa não quis – agora no Bloco de Esquerda e logo no início na CDU – mas mantenho o meu projeto de maior convergência possível com pessoas que pensem diferente”, afirmou o candidato socialista.
Esta posição surge depois de os dirigentes dos órgãos regionais de Viana do Castelo e locais de Caminha do Bloco de Esquerda (BE) terem anunciado, na terça-feira, que vão assegurar apenas “serviços mínimos” nos próximos meses devido ao “taticismo eleitoral” da Nacional, que rejeitou a coligação autárquica negociada para aquele concelho com os socialistas.
O acordo eleitoral autárquico – que durante a fase negocial ainda envolveu elementos do PCP, partido que acabou por não aceitar fazer coligação -, foi aprovado pelo núcleo de Caminha e pela estrutura coordenadora distrital de Viana do Castelo do BE.
Este acordo, dizem os bloquistas, surgiu “do consenso e desejo locais” de “toda a oposição” à gestão social-democrata na Câmara, mas a direção nacional não o validou, alegando que, por ser uma coligação entre apenas dois partidos, “contraria a orientação que decorre da Moção aprovada na última Convenção Nacional”.
O chumbo foi confirmado, no sábado, pela Mesa Nacional do partido, após recurso dos dirigentes locais e regionais, que não têm o mesmo entendimento e que acusam os órgãos nacionais do Bloco de não se querem “colar” ao PS.
Face a este desfecho, os responsáveis pelo núcleo de Caminha do BE já garantiram que não vão apresentar ou integrar qualquer lista às próximas eleições naquele concelho, mantendo-se em funções apenas até outubro para assegurar o atual mandato autárquico.
“O meu compromisso de construir um projeto autárquico diferente, aberto, democrático e inclusivo, não só se mantém como ganha mais força”, afirma agora o socialista Miguel Alves.
Ao mesmo tempo diz “testemunhar o empenhamento e o sentido de serviço” pelo concelho que os responsáveis locais do BE “sempre evidenciaram” durante o processo negocial deste acordo.
A Câmara de Caminha é liderada desde 2001 por Júlia Paula Costa, pelo PSD, que este ano não se recandidata por ter atingir o limite de mandatos, pelo que a lista daquele partido será liderada pelo atual vice-presidente, Flamiano Martins.
Comentários: 0
0
0