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Autárquicas 2025

Autárquicas 25/ENTREVISTA: Firmino Gonçalves, candidato pelo Chega à Câmara de VN Cerveira

2 Outubro, 2025 - 07:38

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Autárquicas 2025.

Firmino Gonçalves é o candidato do Chega à presidência da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira nas eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro.

 

Em entrevista à Rádio Vale do Minho, o candidato falou não só dos objetivos a que se propõe como também daquilo que considera não estar bem no concelho atualmente.

 

 

Rádio Vale do Minho (RVM) – Qual ou quais as razões que o levam a candidatar-se à presidência da Câmara Municipal?

 

Firmino Gonçalves (FG) – Candidato-me porque Cerveira merece mais. Merece transparência, justiça e coragem.

 

Não estou amarrado a partidos tradicionais nem a redes de interesses. Entro nesta corrida para devolver a voz ao povo, gerir com rigor cada euro público e colocar as pessoas acima dos favores. Não venho da política nem do associativismo.

 

Venho da vida real, do trabalho duro, da sociedade civil onde todos os dias somos postos à prova. Sei, na pele, o que é ser escravo de um sistema que não ouve, que promete e não cumpre, que nos empurra para a resignação.

 

Mas também me candidato porque acredito profundamente no potencial desta terra e da sua gente. Acredito que cada freguesia esquecida pode voltar a ter vida, que cada jovem pode encontrar aqui futuro, que cada idoso pode envelhecer com dignidade.

 

Não aceito que Cerveira seja apenas lembrada em campanhas eleitorais.

 

Quero que seja respeitada todos os dias. É esse sonho de um concelho justo, dinâmico e orgulhoso das suas raízes que me move. E sei que juntos podemos transformar desilusão em esperança e esperança em realidade.

 

Não estou aqui por ambição pessoal. Estou aqui por todos nós. Porque acredito que só com coragem, transparência e verdade conseguimos devolver dignidade à nossa terra.

 

 

RVM – Que balanço faz do anterior mandato?

 

FG – O balanço é de desilusão e desperdício. Gastaram-se milhões em obras de fachada – como o Palco das Artes, que custou mais de 2,7 milhões de euros e continua sem uso.

 

Anunciaram-se projetos como o Parque Fotovoltaico em Vila Meã, que acabou parado e a levantar dúvidas legítimas. E investiram-se verbas em programas como o Radar Social, financiado com 170 mil euros do PRR, mas sem dar resposta real aos idosos.

 

Mas para além disso, o maior erro foi a falta de visão estratégica. Criou-se um modelo de dependência em polos industriais de emprego barato, onde milhares de trabalhadores recebem salários baixos – muitas vezes abaixo dos 1000 a 1200 euros.

 

Hoje, todos sabemos que a grande massa laboral de Cerveira está concentrada nessas fábricas e no setor público, mas sem condições para construir uma vida estável. Isso não fixa os nossos jovens nem atrai talento qualificado.

 

O mesmo acontece no turismo: temos um território fantástico, no coração do Vale do Minho, com rio, montanha e património único, mas a estratégia atual não consegue ir além do chamado “turismo galego concentrado ao fim de semana”, que deixa pouco valor no concelho. Cerveira ainda não sabe atrair de forma contínua o turista nacional ou internacional.

 

A aposta devia ser clara: turismo sustentável, natureza, cultura e qualidade de vida. É isso que pode trazer investimento de valor, empregos melhor remunerados e orgulho para quem cá vive.

 

Não podemos continuar a ser um concelho-dormitório de salários baixos e visitantes de fim de semana; temos de ser um concelho de futuro, de oportunidades e de dignidade.

 

 

RVM – Que medidas propõe ao nível da habitação?

 

FG – A habitação é hoje um bloqueio central para o desenvolvimento de Vila Nova de Cerveira. Sem casas a preços justos, não fixamos jovens, não atraímos talento e o concelho não tem futuro.

 

Este problema não se resolve de um dia para o outro, mas temos de agir já e acelerar o que está parado. Defendo a simplificação e rapidez nos licenciamentos, aplicando de forma justa a Lei dos Solos e revendo índices de construção para permitir novas soluções habitacionais, sempre com um Gabinete de Interpretação do Património que articule com o PDM e proponha revisões sempre que necessário.

 

Quero um Plano Municipal de Reabilitação para jovens e classe média, com apoio financeiro e técnico para recuperar imóveis devolutos, isenção de taxas urbanísticas e processos simples para casais e famílias residentes.

 

Exijo transparência total nos realojamentos sociais, com fim de critérios opacos e publicação de todos os processos de atribuição de casas.

 

Pretendo mobilizar fundos como PRR e Norte 2030 para reabilitar e construir habitação acessível, envolvendo IPSS e cooperativas, mas sempre com escrutínio público.

 

E valorizo quem regressa: proponho isenção de IMI por cinco anos para emigrantes que reabilitem imóveis e apoios para quem queira fixar-se em freguesias rurais e recuperar património devoluto.

 

A minha visão é clara: a habitação tem de ser um direito e uma prioridade, não uma barreira. Só assim conseguiremos fixar jovens, atrair famílias e dar dignidade a quem vive em Cerveira – Apoios especiais para quem queira fixar-se em freguesias rurais e recuperar património devoluto.

 

 

RVM – Que propostas tem para o comércio tradicional?

 

FG – O comércio tradicional em Cerveira precisa mais do que slogans: precisa de visão. Durante anos assistimos a eventos que, em vez de fortalecer os nossos comerciantes, trouxeram empresários de fora.

 

Veja-se o caso do Festival da Pizza, amplamente criticado por convidar pizzarias de outros concelhos. Agora, é verdade que passaram a ser todos representantes locais, mas a questão de fundo mantém-se: a pizza não é identidade minhota. Se seguirmos essa lógica, amanhã teremos um festival do kebab – e isso não serve Cerveira.

 

O que propomos é diferente: Apostar nos produtos regionais e identitários – vinho verde, lampreia, cabrito, fumeiro, pão caseiro, artesanato, doçaria. É isso que nos distingue e nos pode diferenciar do consumismo global dos hipermercados.

 

Criar festivais temáticos ligados ao território, que valorizem os nossos produtores e comerciantes. Um Festival da Lampreia no Inverno, da Castanha no Outono, ou do Vinho Verde e Fumeiro na Primavera.

 

Requalificação do Mercado Municipal, transformando-o num espaço dinâmico para pequenos negócios locais, produtores e artesãos. Redução de taxas e simplificação de licenças para o pequeno comércio, porque cada loja de proximidade é também um ponto de vida para a freguesia.

 

Promoção transfronteiriça: atrair turistas galegos não para pizza, mas para aquilo que só aqui encontram – gastronomia minhota e autenticidade.

 

O comércio tradicional não precisa de cópias baratas da globalização. Precisa de orgulho, de identidade e de condições para competir. O CHEGA acredita que o futuro de Cerveira está nos produtos da nossa terra, feitos pela nossa gente, para a nossa comunidade e para o mundo.

 

 

RVM – Que projetos tem para a indústria?

 

FG – A indústria é um dos motores de Vila Nova de Cerveira, mas tem sido esquecida. O nosso programa tem três projetos estratégicos.

 

Primeiro, a Revitalização da Zona Industrial de Campos/Cornes. Queremos um diagnóstico independente, que identifique bloqueios e oportunidades. A partir daí, melhorar acessos, modernizar infraestruturas e reduzir a burocracia que hoje trava investimentos.

 

Segundo, a construção de um Parque de Estacionamento de Pesados em Campos/Cornes. Estamos a falar de um parque com capacidade para cerca de 100 camiões, com vigilância 24 horas, mas também com todas as condições de apoio aos motoristas: balneários com duche, cafetaria, lavandaria e até um pequeno hostel para descanso digno.

 

Um investimento de 1,5 milhões de euros, financiado pelo NORTE 2030 e pelo POCTEP, que vai aliviar as estradas locais, dar segurança aos motoristas e apoiar as nossas empresas exportadoras que dependem da logística transfronteiriça. Mais do que estacionamento, queremos criar um verdadeiro pólo logístico de apoio ao transporte internacional.

 

Terceiro, a criação de um Gabinete Municipal de Apoio ao Pequeno Empresário, um verdadeiro balcão de proximidade, que ofereça consultoria gratuita para candidaturas ao PRR e ao NORTE 2030, apoio à digitalização, à internacionalização e ao licenciamento. Em vez de travar quem quer criar riqueza, o município vai estar ao lado de quem arrisca.

 

Com estas três medidas — revitalização, logística e apoio direto às empresas — vamos transformar Cerveira num concelho competitivo, moderno e amigo do investimento.

 

 

RVM – Que ideias tem para a saúde?

 

FG – A saúde em Vila Nova de Cerveira continua a ser tratada como assunto secundário pelo executivo socialista. Fala-se muito, gastam-se verbas em programas e relatórios, mas a verdade é que os problemas continuam: listas de espera no centro de saúde, idosos esquecidos em casa, lares com falta de fiscalização e respostas sociais ineficazes.

 

Um exemplo claro é o Radar Social, financiado com 170 mil euros do PRR, que deveria apoiar a população sénior. Na prática, serviu apenas para contratar duas pessoas até 2026, sem qualquer linha direta de emergência, sem resposta 24 horas e sem impacto real na vida dos nossos idosos. Isto é o retrato da governação socialista: dinheiro gasto, pouca utilidade.

 

O CHEGA propõe medidas concretas: Criação do Provedor Municipal do Idoso – uma figura independente, eleita pela Assembleia Municipal, que seja a voz ativa dos idosos, fiscalize os lares, receba denúncias e acompanhe casos de abandono ou maus-tratos.

 

Linha direta 24h gratuita para idosos ou cuidadores, em articulação com GNR, CPCJ e IPSS locais – para dar respostas imediatas em casos de emergência.

 

Extensão do médico municipal a todas as freguesias – mesmo que fosse uma visita por semana a cada freguesia, esse contacto de proximidade já faria muito mais pela população do que um ano inteiro de orçamento gasto no gabinete Radar Social.

 

Mais médicos e meios no Centro de Saúde, através de pressão política junto da ARS Norte e do Ministério da Saúde.

 

Apoio domiciliário reforçado em parceria com IPSS, mas com regras transparentes e fiscalização para garantir qualidade e não favoritismo.

 

Enquanto o PS se limitou a criar programas de fachada, o CHEGA quer soluções práticas. Porque saúde não pode ser propaganda; saúde tem de ser dignidade, sobretudo para os nossos idosos que deram a vida a esta terra.

 

 

RVM – Que propostas tem para a cultura e desporto?

 

FG – A cultura em Cerveira tem sido usada como palco de elites. O maior exemplo é a Bienal de Arte: uma iniciativa com dimensão internacional, que custou milhões, mas que ficou fechada em “templos” culturais, longe da maioria da população. Os cerveirenses perguntam, com razão: o que é que a Bienal acrescenta à minha vida?

 

Nós dizemos claramente: a Bienal tem de deixar de ser uma vitrine para alguns e passar a ser um património de todos.

 

Democratizar os apoios culturais, acabando com o clientelismo. Todos os artistas locais – músicos, ranchos, artesãos, grupos de teatro – devem ter oportunidades justas.

 

Criar o programa “Bienal à tua Porta” – levar exposições, oficinas e artistas às freguesias, às escolas, às coletividades.

 

Mas queremos ir mais longe: os Cerveirenses exigem ver o trabalho da Bienal nas suas próprias casas. A arte não tem porque estar só nos templos. Tem de estar dentro das casas de todos nós. A nossa visão é de uma Bienal de portas abertas, que chegue ao lar de cada munícipe, seja por visitas guiadas digitais, exposições itinerantes ou programas comunitários.

 

No desporto, a situação é semelhante: promessas em excesso, realidade em falta. Temos polidesportivos degradados, clubes a lutar pela sobrevivência e jovens sem alternativas de prática regular.

 

As nossas propostas são objetivas: Reabilitar os polidesportivos e infraestruturas desportivas de cada freguesia, devolvendo condições dignas.

 

Investir em programas para jovens, para que o desporto esteja presente no dia a dia e não apenas em eventos ocasionais.

 

Apoiar clubes locais com critérios transparentes, para que as verbas sejam distribuídas de forma clara e justa.

 

Criar eventos desportivos transfronteiriços, aproveitando a ligação natural a Tomiño e ao Vale do Minho para dinamizar intercâmbio e turismo desportivo.

 

O CHEGA tem uma mensagem simples: cultura e desporto não podem ser instrumentos de propaganda nem luxos de elites. São identidade, coesão e orgulho. E têm de estar ao alcance de todos os cerveirenses.

 

 

RVM – Que propostas tem para a educação?

 

FG – A educação é a base do futuro de Cerveira, mas precisa de estar ligada à realidade do concelho e às oportunidades que aqui temos. Por isso, propomos três medidas muito claras:

 

Bolsas de mérito escolar – Queremos premiar os alunos que se destacam pelo trabalho e pela dedicação. A mensagem é simples: quem se esforça deve ser reconhecido e apoiado. Estas bolsas ajudarão nas despesas de estudo, mas também serão um sinal de valorização da excelência.

 

Estágios remunerados nas empresas locais – Cerveira tem uma zona industrial forte e diversificada. Defendemos que os jovens do concelho tenham a oportunidade de, ainda durante os estudos, fazer estágios remunerados nestas empresas. Assim, ganham experiência, entram em contacto com o mundo do trabalho e ficam mais bem preparados para o futuro. Ao mesmo tempo, as empresas beneficiam com novas ideias e energia jovem.

 

Hub de inovação e cowork para jovens empreendedores – Queremos apoiar aqueles que não procuram apenas emprego, mas sonham em criar o seu próprio projeto. O nosso hub será um espaço de cowork, incubação e apoio técnico, onde jovens empreendedores terão acesso a mentoria, consultoria e até a programas de financiamento.

 

Com estas três medidas – mérito, estágios e empreendedorismo – vamos criar um ciclo virtuoso: valorizar o estudo, ligar a escola à economia local e apoiar a criatividade dos jovens. Porque uma Cerveira mais forte começa na educação e no futuro da nossa juventude.

 

 

RVM – Qual o melhor destino para o Castelo de Cerveira?

 

FG – O Castelo de Vila Nova de Cerveira é património classificado desde 1974 e tem um valor histórico e simbólico enorme para a nossa terra. Em 2019, foi integrado no programa REVIVE para reabilitação e exploração turística, com previsão de início de atividade até 19 de março de 2026.

 

Entretanto surgiram conflitos entre a Câmara e o concessionário: a autarquia fala em incumprimentos, o promotor aponta obstáculos ao licenciamento, e até houve notícia de queixa-crime sobre o estado do imóvel. Temos, portanto, um impasse que precisa de ser resolvido com equilíbrio e transparência.

 

O que proponho é simples. Primeiro, ouvir e esclarecer: criar uma mesa de mediação técnica com Turismo de Portugal, Direção-Geral do Património Cultural, Câmara e concessionário para apurar factos, prazos e responsabilidades, tudo suportado em documentação oficial. Depois, decidir pelo interesse público.

 

Se a reabilitação hoteleira for viável, deve avançar com calendário vinculativo, cláusulas de penalidade, acesso público qualificado e benefícios locais claros como emprego, visitas guiadas e programação cultural.

 

Se se revelar inviável, defendo a reversão negociada da concessão e a devolução do castelo à comunidade, para uso cultural e educativo — por exemplo, como centro interpretativo do Minho raiano ou espaço de eventos da Bienal — com ressarcimento justo ao investidor, evitando anos de litígio.

 

Acima de tudo, transparência total: publicação de cronogramas, deliberações e relatórios técnicos para que a população saiba quem fez o quê e quando. A regra de ouro é não prejudicar Cerveira.

 

Ou avançamos com hotelaria com contrapartidas públicas concretas, ou devolvemos o castelo aos cerveirenses com um modelo cultural sustentável — sempre com serenidade, factos e foco no interesse do concelho.

 

 

RVM – Que mensagem deixa ao eleitorado?

 

FG – A grande vantagem desta candidatura está naquilo que alguns poderiam ver como uma fraqueza: eu não sou político profissional. Não venho do aparelho, não vivo da política, não faço parte de redes de associativismo que tantas vezes acabam ligadas ao poder instalado.

 

Venho da sociedade civil, do trabalho diário, da vida real onde as dificuldades não se resolvem com discursos, mas com esforço, coragem e resultados.

 

Ao contrário dos que se habituaram a viver da política, eu sei o que é ter de conquistar tudo pelo mérito, sei o que é pagar contas ao fim do mês, sei o que é lutar para que a família tenha melhores condições.

 

Essa experiência dá-me algo que falta a muitos: independência e liberdade para decidir pelo bem comum, sem pressões externas, sem favores escondidos.

 

Por isso, deixo-vos esta mensagem: não me candidato por mim, mas por todos nós. Quero devolver dignidade, transparência e esperança a Cerveira. Sei que será uma caminhada exigente, mas também sei que juntos podemos virar a página.

 

No dia das eleições, pensem nisto: querem mais do mesmo, ou querem alguém que não vem da política, mas vem para servir? Eu estou aqui por vocês e para vocês. Cerveira merece mais, e comigo vai ter mais.

 

[N.R – A Rádio Vale do Minho enviou, via email, 10 questões a todos os candidatos à presidência da Câmara Municipal deste concelho nas eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro. São publicadas as respostas daqueles que aceitaram o nosso repto]

 

 

[crédito fotografias capa: Chega | Rádio Vale do Minho]