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Viana do Castelo

Atores João Grosso e Fernando Gomes “trocam” grandes centros por Viana do Castelo

8 Março, 2012 - 16:50

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O ator e encenador João Grosso, do Teatro Nacional, “mudou-se” por algumas semanas para Viana do Castelo onde levará à cena a peça “As Criadas”, de Jean Genet, uma das mais representadas do mundo.

O ator e encenador João Grosso, do Teatro Nacional, “mudou-se” por algumas semanas para Viana do Castelo onde levará à cena a peça “As Criadas”, de Jean Genet, uma das mais representadas do mundo.

“É uma peça complicada, com uma carga grande. Fala de muitas coisas e faz com que as pessoas imaginem aspetos da sua vida e da organização do mundo”, explica João Grosso por entre os ensaios que já decorrem no Teatro Municipal Sá de Miranda.

A peça, que encena pela segunda vez, tem estreia marcada para 13 de abril e estará em cena até 05 de maio, no âmbito das comemorações dos 20 anos do Centro Dramático de Viana (CDV), a convite do seu diretor artístico, Manuel Coelho, com a participação de três atores da companhia.

“Encenei a peça há muitos anos e fiquei sempre com vontade de voltar a pegar nela, num outro ponto de vista, porque esta obra é inesgotável. De cada vez que a lemos, achamos que podemos construí-la de uma maneira completamente diferente”, acrescenta, admitindo ainda a diferença entre preparar a peça para uma cidade de menor dimensão.

“Para mim, é sempre um novo começo e sempre um risco, um repensar de tudo, de pôr em causa, de ver se ainda me faz sentido. Sendo um espetáculo em Viana do Castelo, para um público de uma cidade pequena, menos movimentada e menos sujeita às condicionantes da capital, também me fez pensar na forma de o abordar”, assume.

Aos 53 anos, com trinta de carreira, João Grosso não esconde “muita apreensão”, com o estado do Teatro em Portugal e pelo “desprezo” pela Cultura e pela Educação nas políticas públicas.

“Infelizmente, é o aspeto económico o que mais interessa, mas não se pode viver sem Cultura e Educação. Mas tenho um olhar positivo e, por mais preocupado que esteja, não posso esmorecer”, desabafa, enquanto reconhece que, apesar da crise, nunca lhe faltou trabalho.

“Quando eu era pequenino, a minha mãe costumava dizer que, quando não tivesse trabalho, podia sempre vender cascas de alho. Isto para dizer que temos de inventar, não podemos ficar amarrados à crise”, atira.

Também com passagem marcada pela companhia de teatro profissional de Viana do Castelo está Fernando Gomes que, desde 1974, soma 138 espetáculos, em vários palcos nacionais, e que já prepara o trabalho “Do Céu Caiu um Anjinho”.

A peça será apresentada apenas a 19 de outubro, também no Teatro Municipal Sá de Miranda, no âmbito da colaboração anual que o ator e encenador mantém com o CDV.

“Fugir à rotina é sempre aliciante e um novo desafio. Subir ao palco é sempre um prazer, seja em Lisboa, no Porto, em Setúbal ou Viana do Castelo”, conta, assumindo o “gosto” em “contar histórias”.

“Tenho uma linguagem simples, sentido de humor, salpico os espetáculos com música e canções. Penso que tudo isto são ingredientes que agradam a quem pretende passar uma noite saudavelmente divertida”, diz.

A peça que vai apresentar no Alto Minho, praticamente no fecho das comemorações dos 20 anos do CDV, fala “de amor e solidão, nos anos 50” e terá Viana do Castelo como cenário, com destaque para Santa Luzia.

Só em 2011, Fernando Gomes participou em seis espetáculos diferentes mas, no pequeno ecrã, o cenário não foi igual: “Andei desaparecido, isso sim, da televisão”, brinca, admitindo que foi “por opção e também por falta de tempo”.

“No panorama atual, ser ator por vezes é fácil, ou pode parecer fácil. Fazer carreira já é mais difícil e muitas vezes impossível”, rematou.

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