“Cadernos de” é um espetáculo que, tal como os cadernos que lhe deram origem, procura a hibridez na sua forma. Os 41 cadernos variam constantemente de registo: vão do diário adolescente com folhas roxas aromatizadas, ao poema experimental; passam dos poemas da adolescência para transcrições incompreensíveis de conversas.
Os cadernos contam histórias de viagens, de conferências a que assistiu, incluem recortes de jornais, cartões de pêsames, papéis de bombons e um envelope que diz PARA A MINHA PRIMEIRA NAMORADA, A CREMILDA, COM MUITO AMOR E MEDO.
Para construir este espetáculo, deixámo-nos mergulhar nestes cadernos e viajar de uns para os outros, sem ceder à tentação da nostalgia ou do teatro documental. Procuramos, assim, um espaço de cena que permitisse a colagem, o recorte, que se deixasse escrever como uma página em branco. Quisemos partilhar com o público desde o início esta ideia: o que estão a ver é ficção. Escrever pode ser uma forma de encontrar um fio condutor no meio do caos de tudo o que acontece.
Cadernos de nunca revela a identidade da autora dos diários: antes, confunde-a. Quem fala com o público é uma voz misturada: a , a Maria Jorge, intérprete do espetáculo, e eu. Diluímos as fronteiras entre verdade e mentira, na procura de um espaço iminentemente teatral, em que o público é convocado a colocar-se constantemente no lugar do interlocutor.
O tu é uma cadeira onde muita gente se senta.
“Cadernos de” estreou no Teatro Nacional D. Maria II em Novembro de 2022.
A autoria e a realização do espetáculo é da monçanense Raquel Sousa.
O preço do ingresso é de 5 euros.
1
0