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Monção

Adega de Monção mostra músculo para enfrentar decisões de Trump

16 Abril, 2025 - 07:17

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Economia.

A Adega de Monção, que é atualmente a terceira maior do país, prepara-se para enfrentar aquela que poderá ser uma das fases mais difíceis em 67 anos de vida: as tarifas impostas pelos Estados Unidos da América (EUA), liderados por Donald Trump.

 

Está confirmado que os EUA pararam as encomendas de vinhos portugueses e de vinhos da Europa.

 

A Rádio Vale do Minho esteve na Adega de Monção e o efeito Trump já se faz sentir na totalidade.

 

“As encomendas pararam. Mesmo aquelas que estavam em produção pediram-nos para colocar em stand by, disse à Rádio Vale do Minho o Presidente da Adega de Monção, Armando Fontainhas.

 

“Alguns distribuidores estão até pedir-nos a nós, fornecedores, que suportemos total ou parcialmente as tarifas. Isto seria altamente penalizador para nós”.

 

 

Armando Fontainhas, presidente da Adega de Monção

[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

Ninguém sabe de nada

Donald Trump suspendeu a aplicação das tarifas por 90 dias. Só que, tanto na Adega de Monção como em todo o lado, ninguém percebeu ainda o que vai acontecer e qual será afinal a tarifa que vai ser aplicada ao Alvarinho.

 

Até agora, a este vinho já era aplicada uma tarifa de 10%. Ainda não ficou claro se, com a nova tarifa de 20%, o valor passará para 20% ou para 30%.

 

“Não sabemos de quanto será a tarifa, quando começa”, disse Armando Fontainhas. Entretanto o tempo vai passando. Perdem-se vendas. Perdem-se clientes.

 

 

 

[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

Exportações vão diminuir

Embora o período seja de incerteza, para Armando Fontainhas é praticamente certo que “irá haver uma diminuição das exportações. Nota-se que há muita apreensão sobre o efeito que as tarifas irão ter não só na economia americana como na europeia”.

 

O aumento do preço do Alvarinho e de todos os vinhos portugueses do lado de lá do Atlântico vai ser inevitável.

 

“Em New Jersey, por exemplo, o Muralhas de Monção tem vindo a ser vendido a 12 dólares. Com a aplicação das tarifas, poderá passar para 14 dólares”, gizou o Presidente.

 

“Vai ser difícil competir com os vinhos de lá. As tarifas são sempre medidas protecionistas. A Califórnia tem vinhos brancos fantásticos”, reforçou.

 

 

 

[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

Como combater esta situação?

Para Armando Fontainhas “a principal arma da Adega de Monção é a nossa boa relação com os nossos clientes nos Estados Unidos. Vermos formas do preço aumentar o mínimo possível por forma a que o decréscimo de vendas não seja muito significativo”.

 

Porém, para o responsável, a principal preocupação é que “estas tarifas poderão afetar a economia mundial”.

 

 

“Exportamos mais em relação ao período antes do Brexit”

Com uma faturação anual superior a 17 milhões de euros, a Adega de Monção arregaça mangas e mostra-se de boa saúde para enfrentar um novo ciclo que se avizinha.

 

Com os EUA de fora, os vinhos de Monção vão continuar a seguir para mais de 30 países em todo o mundo. Entre eles França, Austrália, Rússia, Brasil, Finlândia, Taiwan… e o Reino Unido. Este último tornou-se até um caso surpreendente.

 

“Neste momento até exportamos mais para o Reino Unido do que antes do Brexit, da saída deles da União Europeia. O Alvarinho ficou mais caro, mas estamos a exportar mais”, assegurou Armando Fontainhas.

 

 

 

[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

Uma adega de excelência

Os vinhos da Adega de Monção têm somado dezenas de prémios ao longo dos últimos anos. Recentemente, conforme noticiou a Rádio Vale do Minho, esta adega colocou quatro vinhos entre os melhores do mundo.

 

“Temos uvas excelentes. A nossa receção de uvas é, de longe, a melhor do país. Os tempos de espera são quase nulos. Há um processo produtivo otimizado”, explicou Armando Fontainhas.

 

Os resultados surgem de forma natural e estão à vista. “Há uma aposta constante na qualidade e um controlo total sobre o processo produtivo. Muita dedicação”, sublinhou.

 

 

 

[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

Pensar o futuro

Armando Fontainhas está há 12 anos à frente da Adega de Monção. Olha sempre em todas as direções: para o passado, para o presente e para o futuro.

 

Foi precisamente a pensar no futuro que a adega, atualmente com 30 trabalhadores, adquiriu um terreno próximo. Tem 6.000 metros quadrados.

 

“Aquele terreno será para o futuro da adega. Neste momento, a adega está rodeada por casas. O único terreno disponível para venda aqui perto era aquele. Em Assembleia Geral foi decidido adquirir aquele terreno para podermos expandir-nos”, referiu Armando Fontainhas.

 

“Hoje não nos faz falta, mas vai ser inevitável. Deslocalizar todo este investimento custaria muitos milhões de euros”, apontou.

 

Terreno adquirido pela Adega de Monção

[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

Questionado sobre a Denominação de Origem para o vinho Alvarinho, Armando Fontainhas foi pragmático.

 

“A Sub-Região Monção&Melgaço tem uma identidade única. A nossa integração na Região dos Vinhos Verdes é Fundamental. Tornarmo-nos uma coisinha pequenina aqui no norte de Portugal seria um grande tiro no pé”, atirou.

 

De cabeça erguida, a Adega de Monção ruma ao futuro. Preocupada, é certo. Mas de boa saúde financeira e no sentimento de que é capaz de enfrentar a nova realidade imposta por Donald Trump.

 

“Espero que o bom senso prevaleça. Às vezes demora tempo, mas acho que o bom senso prevalece sempre. Somos uma adega resiliente. Temos contas fantásticas”, disse Armando Fontainhas.

 

“Tudo tem uma solução pela positiva”, concluiu.

 

 

 

[crédito fotografias capa: DR | Rádio Vale do Minho]

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