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António Dias, líder da Comissão Política Concelhia do PS Valença, demitiu-se do cargo esta quarta-feira e anunciou mesmo a desfiliação do partido. Na origem da decisão, anunciou nas redes sociais, está o facto de ter sido escolhido um outro nome que não o seu para encabeçar a lista dos socialistas na corrida à Câmara de Valença nas próximas eleições autárquicas.
“Eleito Presidente da Comissão Política Concelhia nas pretéritas eleições fui – e a lista que apresentei – sufragado por maioria clara e inequívoca. (…) Setenta por cento dos militantes, por escrito, expressaram a confiança no projeto e programa que apresentei e na minha pessoa para ser candidato à autarquia de Valença”, escreveu António Dias.
No entanto, ocorreram alterações. “O Secretariado, em consonância, por esmagadora maioria, propôs à Comissão Política essa candidatura. Consensualizados todos os pontos da Ordem de Trabalhos, por unanimidade, após a respetiva Convocatória e do início da correspondente reunião, em completo destempo, pois, a minoria que é maioria nesse órgão – apenas por via das inerências –, pretendeu alterar os pontos da ordem de trabalhos e entronizar um outro putativo candidato à Camara Municipal, acrescentar outro para encabeçar a lista à Assembleia Municipal”, referiu.
Quem é o “outro putativo candidato”?
Embora ainda sem confirmação oficial, o nome de José Manuel Carpinteira é o mais sussurrado nos corredores do PS Alto Minho para estar à frente dos socialistas na candidatura à Câmara de Valença.
Atualmente deputado pelo PS na Assembleia da República eleito por Viana do Castelo, José Manuel Carpinteira já esteve ao leme da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira durante mais de duas décadas.
Com 61 anos de idade e com formação em Engenharia Química, Carpinteira foi também Presidente da Federação Distrital do PS de Viana do Castelo.
Propostas de cima
Em tom visivelmente indignado, António Dias conta que se seguiram sugestões vindas de cima. Havendo outro nome para liderar a lista do PS à Câmara de Valença, recebeu a proposta de inclusão “em terceiro lugar e, em caso de vitória, ser-me atribuída a vice-presidência da Câmara Municipal”. Mas António Dias não aceitou.
Os planos do PS para Valença estavam já de tal forma traçados que não tardou até que António Dias começasse a receber mensagens claras.
“Foi-me comunicado, entre outros altos quadros do Partido Socialista, pelo Sr. Presidente da Federação Distrital de Viana do Castelo [Miguel Alves] que a minha candidatura à Presidência da Câmara Municipal de Valença estava «completamente afastada e que não haveria lugar a eleições, a propósito – e, se necessário, existiria avocação»”, conta António Dias no mesmo texto.
“Será que há algo de mais democrático do que dar a oportunidade aos militantes, em eleições diretas e através do voto, de poderem expressar-se e escolher o seu candidato à Câmara Municipal de Valença? Para que existe o sobredito Regulamento Eleitoral? Que voz têm os militantes socialistas valencianos? Chamo-me António. António Dias. Fosse António, António Costa, e, por certo, haveria eleições diretas”, ironizou.
A fechar, António Dias garante que continua a rever-se nos valores e princípios do PS. “Não me revejo no novel entendimento desses valores e desses princípios, traduzido em “dois pesos e duas medidas. Todos iguais mas, afinal, desiguais (diferentes)! Assim, irei desfiliar-me/demitir-me”, concluiu.
Também presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Torre, António Dias deverá assim exercer o resto do mandato como autarca independente.
Comunicado de António Dias foi divulgado na página de facebook do PS Valença
[Créditos: PS Valença]
[Fotografia: António Dias / DR]
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