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Valença

Valença: Hidroavião fez pouso de emergência no rio Minho (pilotava-o uma lenda!) – Foi há 89 anos

12 Novembro, 2022 - 00:07

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Efeméride.

Corria o dia 12 de novembro de 1933. Um dia certamente pacato, como tantos outros na freguesia de Friestas, em Valença.

 

Subitamente, um monstro de ferro amarou no rio Minho. Voava… mas também flutuava. A população acorreu em peso para o local. Talvez houvesse feridos. Ou mortos. Mas felizmente não.

 

Do interior do hidroavião saiu um homem que terá deixado boquiaberto quem o reconheceu de imediato: era Lindbergh! O próprio Charles Lindbergh em pessoa que acabava de aterrar ali… no rio Minho, com o seu Lockeed, agora imobilizado numa enseada situada junto à Ínsua do Crasto.

 

 

Lindbergh, com a esposa, em pleno rio Minho na freguesia de Friestas, em Valença

[Fotografia: DR]

 

 

A internet ainda vinha longe, mas a notícia voouAo local acorreram diversas personalidades dos dois lados da fronteira para ver com os próprios olhos um piloto que, seis anos antes, tinha realizado a proeza de ter feito uma travessia solitária do Atlântico Norte.

 

Mas desta vez Lindbergh não vinha sozinho. Fazia acompanhar-se pela esposa, Anne Morrow.

 

 

Mas porque é que o piloto lendário amarou ali?

De acordo com o livro Memórias – Diário de um inconformista (1938 a 1945), de Luís Lupi, aquele aviador realizava uma viagem de 47 mil quilómetros pelo Atlântico Norte. No entanto, a falta de combustível obrigou o hidroavião a descer e a ficar imobilizado .

 

A amaragem forçada de Lindbergh no Alto Minho foi notícia no mundo inteiro. Luís Lupi era na altura jornalista correspondente das agências noticiosas Reuters e Associated Press.

 

Fomos os primeiros a chegar ao sítio. Na margem portuguesa  do Minho acampámos, ansiosos, à vista do barco voador, que ali estava pousado a poucos metros de nós, como uma ave de arribação! Uma neblina fresca envolvia todo o cenário, como uma paisagem imaginada por Hitchcock, junto a um lago misterioso da Escócia. […] Foi então que tivemos a nossa entrevista, que eu transmiti para o estrangeiro e o Norberto transformou numa página de reportagem literária no Diário de Lisboa, uma reportagem digna de antologia jornalística!”, conta Lupi nas suas memórias.

 

Lindbergh e a esposa ficaram três dias Valença. Foram recebidos na Câmara Municipal. Nas ruas eram saudados pela população. Diz-se que, dos valencianos, o aviador recebeu uma garrafa de vinho do Porto e a esposa um ramo de flores.

 

Saíram de Valença no dia 15 de novembro, rumo a Lisboa onde foram recebidos com cerimónia de grandes honras.

 

 

Lindbergh atravessou sozinho o Atlântico Norte no afamado Spirit of St. Louis

[Fotografia: DR]

 

 

Na década de 1990 foi inaugurado em Friestas um monumento a Lindbergh da autoria de Alípio Nunes Vaz de Sousa. Consiste numa pirâmide de granito de 23 toneladas e numa estrutura em ferro, com 800 kg.

 

É bem visível da Estrada Nacional 101. Ainda serão relativamente poucos os que sabem o significado dessa pirâmide.

 

 

Monumento a Lindbergh erguido em Friestas, na década de 90 do século passado
[Fotografia: DR]

 

 

[Fotografias capa: DR]

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