“Eu, D. Sancho, aqui com minha mui amada esposa D. Dulce de Aragão, outorgo todos os meus herdeiros para que se faça cumprir esta carta a todos os que ouvem, a todos os que lêem para que se faça cumprir Contrasta como vila“.
As palavras foram lidas em voz alta ao final da tarde desta sexta-feira, nas varandas dos Paços do Concelho de Valença. O povo, cá em baixo, aplaudiu. Dezenas de pessoas sorriam perante a simpática recriação histórica… mas não só.
A interpretar D. Sancho e D. Dulce de Aragão estavam o Presidente e a Vice Presidente da Câmara, José Manuel Carpinteira e Ana Paula Xavier, respetivamente.
Foi o arranque do inédito Mercado Medieval de Valença que vai prolongar-se até ao próximo domingo.
Antes deste momento mais solene, os figurantes desfilaram pelas ruas do centro histórico. Miúdos e graúdos paravam para ver o Rei e a Rainha. O sorriso abria-se ainda mais quando notavam que eram os próprios Presidente e Vice-Presidente da Câmara.
“Viva o Rei! Viva! Viva Portugal!”, gritava-se.
Após a leitura e entrega do Foral de Contrasta, naquele ano de 1200, o cortejo regressou ao ponto de partida – a liça, localizada mesmo em frente ao Paiol de Marte. Uma autêntica arena que servirá certamente para muitas atividades ao longo deste fim-de-semana.
Os monarcas ocuparam o trono ali colocado. Dezenas de locais e turistas ao redor já com as atenções centradas nos figurantes. Houve música e alguns momentos de malabarismo. Todos aplaudiram.
No final, o Rei (ou melhor, o Presidente da Câmara), José Manuel Carpinteira, mostrou-se visivelmente satisfeito perante a afluência de povo àquele momento.
“Percebeu-se que as pessoas estão a gostar e nós também! Esperamos que até domingo as pessoas se divirtam e possam conhecer também um pouco mais da história de Valença”, disse o autarca à Rádio Vale do Minho com um sorriso salientando que decidiu interpretar o Rei D. Sancho no sentido de dar também “exemplo de disponibilidade, de participação e de vivência desta festa”.
Veja a galeria de fotos [Rádio Vale do Minho]
O rei D. Sancho I, recorde-se, teve como uma das principais prioridades povoar o reino. Pessoas… muitas pessoas para dar continuidade a um país ainda novo chamado de Portugal. Ficou conhecido como O Povoador.
A história e as origens mais evidentes do desenvolvimento de Valença encontram-se estreitamente ligadas à presença do rei D. Sancho I. Este monarca português decide dar inicio a uma série de tentativas de ocupação das localidades de Tui e Pontevedra.
É no quadro destes conflitos entre Portugal e Espanha que Valença, à época conhecida por Contrasta ganha, por volta de 1200, um protagonismo inédito. A posição estratégica, entre o rio Minho e a velha estrada romana, Contrasta constituía o local ideal para vigiar os ataques galegos e para planear as investidas sobre Pontevedra e Tui.
A importância que a antiga via romana ganha enquanto local de peregrinação rumo ao túmulo de Santiago, para a qual confluíam peregrinos e viajantes de toda a Península Ibérica.
Esta conjugação de fatores levou o rei D. Sancho I a outorgar a sua primeira carta de foral e a aqui decidir erguer uma construção defensiva de carácter permanente – afirmando uma linha de fronteira natural que o rio já estabelecia.
Confira a programação do Mercado Medieval:
[Fonte: Município Valença]
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