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Ponte de Lima

“Vacas das Cordas” deve passar para os sábados a partir de 2013 devido à suspensão dos feriados

6 Junho, 2012 - 08:31

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Um touro vai andar à solta, esta quarta-feira, pelas ruas de Ponte de Lima, numa tradição que todos os anos se repete em vésperas do dia do Corpo de Deus, mas que em 2013 terá de ser “reajustada”.

Um touro vai andar à solta, esta quarta-feira, pelas ruas de Ponte de Lima, numa tradição que todos os anos se repete em vésperas do dia do Corpo de Deus, mas que em 2013 terá de ser “reajustada”.

“Ainda não está totalmente definido, mas estamos a estudar passar a ‘Vaca das Cordas’ para o sábado seguinte, dado que o feriado religioso passar-se-á a comemorar no domingo”, explicou à Agência Lusa o vereador da Cultura na Câmara de Ponte de Lima, Franklim Sousa.

Como manda a tradição, o animal – que afinal é um touro com mais de 450 quilos -, sai para a rua pelas 18:00 da véspera do dia do Corpo de Deus, conduzido por cerca de dezena e meia de pessoas e preso por duas cordas.

É levado até à Igreja Matriz e preso à janela de ferro da Torre dos Sinos, sendo-lhe dado um banho de vinho tinto da região, “lombo abaixo, para retemperar forças”.

Depois, dá três voltas à igreja, sempre com percalços e muitos trambolhões à mistura dos populares que ousam enfrentá-lo, após o que é levado para o extenso areal da vila, dando lugar a peripécias, com corridas, sustos, bravatas, nódoas negras e trambolhões e até as amadoras pegas de caras.

Em 2012, a festa faz-se pela última vez nestes moldes.
“O mundo pula e avança. Nós também temos de estar atentos a tudo o que existe à nossa volta e adaptarmo-nos. Mas a essência da festa não vai mudar, continuará a ser representativa desta identidade e isso é que interessa”, apontou Franklim Sousa.

A partir de 2013, ficam suspensos durante cinco anos os feriados do Corpo de Deus, que se celebra a uma quinta-feira, 60 dias depois da Páscoa, cuja solenidade é transferida para o domingo seguinte, e o Dia de Todos os Santos, celebrado em 01 de novembro, conforme acordo entre a República Portuguesa e a Santa Sé.

Em Ponte de Lima, manda a traição que o animal – proveniente este ano da ganadaria António Janeiro, de Montemor-o-Velho -, seja recolhido já ao anoitecer, sendo posteriormente abatido num matadouro para a carne ser comercializada num talho da vila.

A mais antiga referência que se conhece desta tradição remonta a 1646, quando um código de posturas obrigava os moleiros do concelho (ministros de função) a conduzir, presa por cordas, uma vaca brava, sob condenação de 200 reis pagos na cadeia.

Mais tarde, segundo o Código de Posturas de 1720, a pena agravava-se para 480 réis.

Diz a lenda que a Igreja Matriz, da primitiva vila, era um tempo pagão dedicado a uma deusa, simbolizada por uma vaca.

Posteriormente, este templo foi transformado em igreja pelos cristãos que retiraram do seu nicho a imagem da “deusa vaca” e com ela deram três voltas à igreja, após o que a arrastaram pelas ruas da vila, para alegria de todos os habitantes.

Daí virá o costume da “Vaca das Cordas”, um ritual que foi interrompido em 1881 pela vereação, tendo reaparecido por volta de 1922, para não mais deixar de se realizar.

A “Vaca das Cordas” passou entretanto a ser organizada pela Associação Concelhia das Feiras Novas de Ponte de Lima.

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