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Viana do Castelo

Trabalhadores justificam prejuízos nos estaleiros com paragem “premeditada”

31 Maio, 2013 - 13:01

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A comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) acusou hoje a administração de ter mantido a empresa “parada” em 2012 de forma “premeditada”, reagindo desta forma ao agravamento das contas.

A comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) acusou hoje a administração de ter mantido a empresa “parada” em 2012 de forma “premeditada”, reagindo desta forma ao agravamento das contas.

“Quiseram manter esta empresa parada, sem trabalho. Foi uma estratégia premeditada de deixar as pessoas paradas, sem trabalhar, devido ao processo de reprivatização, e sem apostar sequer na dinâmica das reparações navais”, disse à Lusa o coordenador da comissão de trabalhadores dos ENVC.

António Costa reagia às números do relatório e contas de 2012 da empresa, consultado hoje pela agência Lusa, que aponta para um agravamento do passivo total dos ENVC para mais de 281,4 e resultados operacionais negativos, naquele exercício, de 8,7 milhões de euros.

“Não é por vontade dos trabalhadores que a empresa apresenta estes números. Se tivessem pelo menos apostado nas reparações navais, poderíamos estar a falar de resultados bem melhores”, sublinhou o porta-voz da comissão de trabalhadores.

Em 2012 a empresa faturou apenas 2,9 milhões de euros na reparação de 21 navios, valor que no ano anterior tinha ultrapassado os 8,4 milhões de euros (32 navios).

Em 2010 foram reparados nos estaleiros de Viana 41 navios.

Na construção naval a empresa faturou apenas 1,5 milhões de euros, uma quebra de quase cinco milhões de euros face a igual período de 2011.

As contas da empresa apontam também que a mão-de-obra utilizada no ano passado representou apenas 25% da capacidade efetiva dos estaleiros.

Neste relatório e contas, o conselho de administração dos ENVC reconhece que o ano de 2012 “ficou marcado pelo significativo decréscimo da atividade” da empresa, uma “tendência já verificada em exercícios anteriores”.

Durante o último ano foi lançado o processo de reprivatização dos ENVC, abandonado pelo governo já em 2013 face à investigação de Bruxelas aos apoios públicos concedidos à empresa. Em alternativa será lançado um concurso para a subconcessão dos terrenos e infraestruturas, em paralelo com o encerramento dos ENVC.

Entretanto, a empresa retomou esta semana a construção naval, com a chegada do aço para os dois navios asfalteiros encomendados em 2010 pela empresa de petróleos da Venezuela por 128 milhões de euros.

O relatório e contas da empresa indica que os ENVC gastaram em 2012, com remunerações aos quatro administradores executivos, mais de 239 mil euros.

No caso de um administrador espanhol, o documento identifica ainda uma rubrica no valor de 16.200 euros como “subsídio de deslocação”, no caso viagens para Espanha, a terra natal. Somam-se mais cerca de 10.000 euros para outros apoios, como despesas inerentes ao alojamento em Viana do Castelo, pagas a este administrador.

A 31 de dezembro de 2012 os estaleiros contavam com 627 trabalhadores, número que compara com os 750 de 2010, ano em que os custos com pessoal atingiram os 21,2 milhões de euros.

Os custos totais com pessoal cifraram-se em 2012 em 14,5 milhões de euros.

A média etária dos trabalhadores dos ENVC ronda os 48 anos, mas dois terços destes têm idade igual ou superior a 50 anos, lê-se ainda no documento.

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